De tempos em tempos a imprensa questiona o futebol de hoje, onde os interesses financeiros prevalecem. Enaltecem os jogadores do passado dizendo que antigamente tinham amor à camisa, diferentemente dos craques da atualidade, mais preocupados em fazer o pé-de-meia do que criar vínculos afetivos com o clube e com a torcida.
Creio até que este é um fato que não dá para contestar (salvo as honrosas exceções). Não quero criticar os atletas atuais, até porque eles estão seguindo a regra do jogo, em que o dinheiro fala mais alto. Jogadores como Idário, a quem citei em uma das minhas colunas, de fato não existem mais.
Mas, se o futebol virou um grande negócio, em que milhões de dólares, euros, ienes ou reais giram entre empresas, emissoras de televisão, agências de publicidade, patrocinadores em vários outros segmentos comerciais, não é justo que os artistas do espetáculo recebam o seu quinhão?
Lembro que nem todos os atletas que participam dos campeonatos espalhados pelos quatro cantos do planeta recebem fortunas, mas apenas uma pequena parcela que é quem verdadeiramente faz do futebol um espetáculo capaz de atrair público e companhias que desejam associar sua marca aos momentos de emoções que apenas a música e o esporte são capazes de oferecer.
O que me deixa mais, digamos, chateado (para usar um termo condizente com o nível deste site) são as revoltas hipócritas contra aqueles que conseguiram enriquecer jogando futebol. Tenho muitas dúvidas se essas pessoas também não tirariam uma casquinha do dinheiro que gira no esporte mais popular do planeta, se tivessem oportunidade. Aliás, deixa pra lá...
A imprensa esportiva, por sua vez, tenta tratar o esporte como jornalismo, mas se analisarmos cuidadosamente os programas de TV e rádio encontraremos de tudo um pouco (e de informação isenta, imparcial, menos ainda). Algumas das famosas mesas-redondas chegam a provocar risos. Compreendo que a preocupação com a audiência não pode ser totalmente ignorada, mas creio que deveria haver um limite, pois existem profissionais que um dia já foram muito respeitados e hoje se prestam a fazer papéis caricatos, o que é lamentável.
Com os recursos tecnológicos que estão aí para quem quiser, o futebol poderia ser melhor explorado, tanto no que diz respeito à sua organização (clubes, federações), quanto pela mídia especializada. As entidades esportivas, por exemplo, poderiam ter um InfoCenter, que não seria apenas um mero colhedor de dados para estatísticas, mas para contribuir bastante com o trabalho dos técnicos (que também teriam de se preparar para estudar as informações disponíveis).
A mídia poderia fornecer informações mais técnicas ao seu público, além da tradicional estatística. Poderiam comparar as diversas informações de cada jogo do Campeonato Brasileiro e, ainda, fazer uma análise com as competições européias. Tenho certeza que descobriríamos muitas coisas das demais escolas de futebol de diversos países.
Creio que desta forma, seríamos brindados com informações mais úteis e interessantes, para sairmos um pouco da surrada crítica dor-de-cotovelo de que "Fulano ganha muito e produz pouco".
Autor: Antonio Afif
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima