Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sábado, julho 26, 2008

FINANÇAS E NEGÓCIOS

PPV e futebol em nova realidade

Na Europa, o grosso do dinheiro da Tv para os clubes vem dos canais por assinatura e, mais especificamente, dos canais PPV. No Brasil, a importância desses canais para o futebol ganha crescente influência a cada nova temporada.

Em post de 13 de dezembro de 2007, este Olhar Crônico Esportivo relatava que o setor atingira a marca há muito perseguida de 5 milhões de assinantes, e que atingiria o número de 5,14 milhões até o final do ano. Na verdade, o ano de 2007 terminou com o número de 5,3 milhões de assinaturas. Naquele mesmo post, baseado em informações e projeções do mercado e algum feeling, fiz a previsão de 2008 fechar com pelo menos 6 milhões de assinantes. Naturalmente, nem todo assinante de tv compra os canais pay-per-view, mas aqui no Brasil, tal como na Europa, é justamente o acesso a esses canais uma das maiores, senão a maior mola propulsora do crescimento dos mesmos.

Com base nesses números e na manutenção de uma realidade econômica sem sobressaltos, e como a receita PPV pode variar para cima em função das vendas dos pacotes, considerava factível que o valor de 90 milhões de reais pago aos clubes por esse segmento em 2007, poderia atingir 115 a 120 milhões ainda durante 2008...

O trecho a seguir foi postado em 11 de março desse ano, já com as negociações entre Globo e Clube dos 13 em andamento:
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“A se confirmarem os números de crescimento previstos para a TV por Assinatura e as previsões feitas para o aumento na venda das assinaturas do futebol, teremos em 2009 valor próximo a 160 milhões de reais a ser pago pelo PPV, talvez até mais. Sabe-se que a possibilidade de ver o futebol sem restrições é hoje o maior impulsionador para o crescimento desse segmento.”
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Quando escrevi esse trecho, lembro que cheguei a pensar que esse número era meio exagerado, otimista demais, mas pensando a respeito cheguei à conclusão que era, sim, um número possível, desde, é claro, que o país se mantivesse com crescimento econômico de razoável para bom, sem sustos, sem sobressaltos, sem “novidades” na política econômica e cambial. Hoje, revendo essas projeções, constato que elas continuam plenamente factíveis e já não devem causar grandes surpresas, como veremos a seguir.
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Novo acordo assinado
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Em reunião realizada há pouco mais de dez dias, os clubes assinaram o contrato referente aos direitos de transmissão do Brasileiro da Série A pelas emissoras de sinal fechado e, principalmente, pelo pay-per-view. O acordo fechado para o período 2009/2011, garante aos clubes os seguintes valores mínimos:
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2009
110 milhões

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2010
125 milhões

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2011
135 milhões

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Esses valores mínimos são interessantes e apresentam bom crescimento sobre os números atuais, mas já nascem defasados, pois a receita desse ano já poderá superar a meta mínima de 2009.
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Duas novidades foram discutidas e aprovadas para esse novo contrato:
- remuneração dos clubes de acordo com seu percentual de participação nas vendas dos pacotes;
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- transferência do valor que exceder ao mínimo para a cota de premiações do Campeonato, ampliada para pagar prêmios do 1º ao 16º colocado.
Pagamento proporcional
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O primeiro ponto, o pagamento de acordo com a participação de cada torcida na venda dos pacotes ppv, já era desejo antigo de muitos dos participantes e enfrentava obstáculos na própria Globosat. Basicamente, a empresa alegava, como ainda alega, dificuldades técnicas para fazer a venda dos pacotes por clubes.

Nesse ano, para contornar esse problema e fornecer os números para a divisão do bolo já em 2009, a Globosat contratará uma empresa especializada que fará uma pesquisa junto aos assinantes para estabelecer o percentual de cada uma das torcidas na base de compradores do pay-per-view. Dessa maneira, a forma de venda não será afetada e, com a pesquisa, os clubes serão atendidos no desejo de receberem de acordo com o que suas torcidas compram. Não foi informado, provavelmente porque ainda não há decisão executiva, como será calculada a participação do Corinthians, por exemplo, que certamente estará na Série A em 2009, mas atualmente disputa a Série B.

Recentemente, foram divulgadas algumas informações sobre a base de assinantes da NET, mas essa pesquisa teve caráter bastante limitado e, ao que parece, ficou restrita ao universo de assinantes da operadora NET. Portanto, suas informações não serão levadas em consideração, uma vez que a base de compradores do pay-per-view é bem maior e disseminada por todo o país, em regiões em que a presença NET é reduzida ou mesmo inexiste.
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Premiação “européia”
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Em post de 21 de março, este Olhar Crônico Esportivo mencionava que a premiação prevista para esse ano seria por volta de 11 milhões de reais, valor que, muito provavelmente, será ultrapassado, graças ao maior crescimento da venda dos pacotes de assinaturas.

Na reunião em que foi acertado o acordo para as três próximas temporadas, ficou decidido que o valor excedente ao mínimo garantido por contrato seria destinado à premiação no final do campeonato. Antevendo a possibilidade desse valor crescer muito acima do previsto, o presidente corintiano, Andrés Sanches, propôs o teto de 30 milhões de reais como valor destinado às premiações. O que excedesse esse valor deveria ser incorporado ao total distribuído proporcionalmente entre os clubes, fato que, sem dúvida, favoreceria os donos das duas maiores torcidas do país e, em condições normais, maiores compradoras dos pacotes de assinatura. Na votação dessa proposta, entretanto, Sanches foi derrotado e prevaleceu a decisão anterior: todo o excedente será usado nas premiações.

Um dos atrativos do novo modelo é que os prêmios não estarão limitados ao campeão e vice, e cobrirão do 1º ao 16º colocado. Tal como na Formula 1, o campeão terá uma diferença boa para o vice e deste para o terceiro, diminuindo a diferença gradativamente, à medida que vai avançando rumo ao fim da fila.

Diante da nova realidade de mercado criada pelo crescimento da Tv paga, comenta-se no Clube dos 13 que o BR, talvez já em 2009, estará pagando prêmio “europeu” ao seu campeão.

Ainda é um pouco cedo para pensar em números, mas o valor de 5 milhões de reais (2 milhões de euros, hoje) para o campeão já nesse ano de 2008, não é nenhum exagero. Com esse nível de premiação aumentando em 2009, começa a crescer a impressão que o BR pagará ao seu campeão o mesmo ou até mais do que ganham os campeões de algumas ligas européias de peso. Para comparar: em 2007 o Milan recebeu 7 milhões de euros pela final e pelo título da maior e mais rica competição de clubes do planeta, a UEFA Champions League, cabendo ao Liverpool 4 milhões de euros.
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Bastidores I
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Alvimar Perrela lançou sua candidatura à vice-presidência que era ocupada por Eurico Miranda. Dessa forma, serão três os candidatos à vaga: Roberto Horcades, ainda tido como favorito, Roberto Dinamite e o novo postulante.
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Dinamite, segundo informações colhidas por este blog, contaria hoje somente com os votos de Flamengo, São Paulo e Botafogo, além do seu próprio, é claro. Horcades e Perrella disputariam, portanto, os outros 16 votos.
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A princípio, dava-se como certo o apoio de Sanches a Roberto Dinamite, mas hoje é quase certeza que o presidente corintiano votará em Horcades ou Perrella. No início de sua gestão, Andrés Sanches declarou-se independente dentro do Clube dos 13 e disse que iria lutar por melhores cotas para o Corinthians. Depois desse início, passou a votar com o grupo majoritário, posição que abandonou há alguns meses, quando uniu-se aos dissidentes Flamengo, São Paulo e Botafogo, na negociação dos direitos de transmissão. Como este blog informou, Luiz Paulo Rosemberg, vice de marketing e membro da Comissão de TV, passou a representar nas mesmas a posição do São Paulo e também do Flamengo e Botafogo. Recentemente, contudo, premido pela necessidade de conseguir dinheiro grosso a curto prazo para poder fechar 2008 com o mínimo de drama, Andrés Sanches assinou o acordo com a Globo sem comunicar aos então parceiros de oposição, tal como esse blog previu alguns dias antes. É boa a possibilidade do Vasco, sob nova direção, aliar-se aos dissidentes, o que, nesse momento, entra em choque com a postura corintiana, daí a retirada do apoio que talvez nunca tenha existido.
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Bastidores II
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Na votação da proposta corintiana para que o valor que excedesse 30 milhões de reais fosse repartido entre os clubes de acordo com suas cotas de vendas de pacotes de assinatura, Marcelo Portugal Gouvêa, diretor de planejamento e ex- presidente do São Paulo, votou contra.
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Ao ouvir o voto, Andrés Sanches, em outro ponto da sala, falou um ‘monte’ contra Marcelo e o São Paulo. Entre as frases mais suaves ditas aos companheiros de mesa, estava “Ele que venha agora querer marcar reuniãozinha, almocinho, para discutir isso e aquilo...”.
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O voto são-paulino, aparentemente, foi movido pela crença de que ao clube interessa mais valores maiores na premiação, onde tem chances de ficar melhor colocado e portanto ganhar mais do que se recebesse proporcionalmente à venda dos pacotes.
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Como se diz ou dizia nas colunas sociais, não convidem Andrés e Marcelo para o mesmo almoço. Ou, pelo menos, para a mesma mesa.
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Benê Lima