Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, novembro 24, 2008

A Coluna do Benê Lima

(24.11.2008) COM PÉ E CABEÇA - ANO IV - Nº136

"O que me assusta no rádio, não é tipo físico dos briguentos, e sim algumas atitudes típicas de calhorda de certas figuras." - (Benê Lima)


Opinião
DÁ-LHES HERIBERTO!!!

Manda teus críticos contumazes aprenderem sobre futebol para com moral debaterem

Defender a Heriberto da Cunha e Lula Pereira é a mais nova ‘acusação’ que pesa sobre minha conduta. Mas não é exatamente a defesa de ambos que tenho feito. Antes, tenho tentado fazer com que as pessoas aprimorem suas análises, tornando-as menos superficiais, menos pontuais, deixando de operar com os extremos, e passando à busca de uma mais ampla compreensão das reais causas da baixa performance dos nossos clubes.

Lula e Heriberto são possuidores de invejáveis currículos, embora isso não os coloque entre os profissionais de ponta, e menos ainda como o supra-sumo do conhecimento futebolístico. Todavia, possuem conhecimento compatível para o bom desempenho de suas atividades, e não deveriam ser contestados por quem não possui embasamento quer empírico, quer técnico, quer científico.

Esperar que numa partida decisiva o técnico leonino enfrentasse o seu adversário de forma aberta, exposta e descomposta, não seria nenhum pouco lógico. Não para um técnico profissional com mediano conhecimento. Não pela fragilidade defensiva do time tricolor.

Heriberto não tinha como não tem opções em seu elenco para promover pura e simplesmente o remanejamento dos jogadores. O time ou times que o técnico tricolor vem formando se equivalem, comparativamente, a uma colcha de retalhos com emendas de frágeis tecidos, por isso sempre sujeitos ao rompimento.

Quando exigidas pelos adversários, as diferentes formações defensivas tentadas por Heriberto, com raríssimas exceções, não inspiravam confiança e não respondiam a contento. Das três vitórias do Fortaleza conseguidas fora de casa, todas elas tiveram o cuidado e o equilíbrio do balanço defensivo como premissas. Vamos aos fatos.

Contra o CRB, em Alagoas, o técnico-tampão Jorge Veras utilizou a seguinte formação, tendo como referência a plataforma 3x5x2: Tiago Cardoso; Vítor, Erandir e Juninho; Gilberto, Dude, Rogério (Leandro), Raul (Mazinho Lima) e Eusébio; Paulo Isidoro e Fábio Oliveira (Osvaldo).

Contra o ABC, em Natal, sob o comando do técnico Heriberto da Cunha, um 4x4x2 com três volantes e um meia com poder de marcação, forneceram o balanço defensivo necessário à equipe, com uma dinâmica de mais consistência defensiva e de uma transição ofensiva rápida. Assim, tivemos a seguinte formação: Tiago Cardoso; Michel, Gaúcho, Preto (Bruno Costa) e Chiquinho (Eusébio); Erandir, Thiago Almeida, Josimar e Simão; Bambam (Osvaldo) e Adailton.

Finalmente veio o jogo contra o Bragantino, e não poderia ser outra a postura do treinador tricolor, senão redobrar em cuidados. Afinal, a partida era ‘eliminatória’, e o Fortaleza não podia perder, sob pena de lançar-se numa aventura terrível, e numa crise de proporções e desdobramentos imprevisíveis.

Diante de tal situação, o arriscar-se seria, como foi, ‘homeopático’. O cuidado era uma constante; o cálculo, meticuloso e preciso; o grande e o médio risco eram para ser evitados; a coragem era para ser movida a rogos; o desespero era para dar lugar, como deu, a uma estratégia de incansável busca do erro do adversário. E nesse diapasão, o Bragantino em suas tentativas de pressionar o Leão, acabou dando os espaços de que Osvaldo precisava, para em contragolpe fulminante dar vida a um Leão semimorto.

Assim venceu o Fortaleza; assim triunfou Heriberto.

Quem sabe, não obstante todos os erros cometidos pelas duas diretorias tricolores desta temporada - notadamente a do primeiro semestre – não teremos, mais uma vez, o gerenciador de crises chamado Heriberto da Cunha, ajudando a salvar mais um time cearense da escabrosa terceira divisão... Quem sabe!

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EFEMÉRIDES

Aos frangalhos

Ceará e Fortaleza chegam agonizando ao final do Brasileirão da B. O Alvinegro de Porangabuçu, mesmo com uma vitória minguada, consegue produzir menos que um mais que cambaleante Gama.

Impressionante a queda de produção de atletas como Dedé, Chicão e Claisson; ridícula as performances de Lúcio e Sérgio Alves; chama-nos a atenção a frouxidão da marcação de Dezinho; entre outros senões.

Diante disto, qualquer crítica dirigida a Lula Pereira deve antes considerar todas estas questões. Essa história de fazer omelete sem ovos não passa de mera figura de retórica, falsa retórica.

É demonstração de uma mente primitiva imaginar que treinador é milagreiro. Tão humano quanto nós, o que os treinadores medianos têm a seu favor é saber sobre futebol mais que nós. Mas é importante que rememoremos que treinador vive é do trabalho, e que depende fundamentalmente de seus comandados para assimilação do que aplica didaticamente.

É natural que o próprio Lula também cometa seus pequenos equívocos, é aceitável que as ‘verdades’ do Lula nem sempre coincidam com as nossas. Mas isto não tira de Lula os ‘álibis’ de que dispõe. A verdade é que o elenco do Ceará mostrou-se limitado, e mais limitado ainda na fase crucial da competição. E isto precisa ser levado na devida conta.

Alguns exemplos destas limitações. O time do Ceará não possui a característica da jogada aérea, porém a lateral-esquerda é repleta de jogadas aéreas. O centro-atacante alvinegro não possui as características nem do segundo atacante nem do primeiro. Enfim, é a referência da não-referência. Lúcio não tem conseguido ser nem meia-de-armação nem meia-atacante. É meio-jogador. As limitações criativo-ofensivas evidenciam-se, quando vemos um antigo volante tornar-se o melhor meia alvinegro da atual temporada. Falo de Cleisson, cujo futebol tem murchado, em razão da queda de seu rendimento físico.

Creio que mais não preciso ser dito.


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BREVES E SEMIBREVES ®

Arrogância ou o quê?
O que me assusta no rádio, não é tipo físico dos briguentos, e sim algumas atitudes típicas de calhorda de certas figuras. Tentar impedir que um chefe de equipe vá para o ar é uma atitude no mínimo de canalha. E isto aconteceu em nosso rádio. E mais não direi se não for provocado. Que não se confunda a pessoa de bem com o otário.

Atitude mafiosa 1
A nossa (minha) liberdade, que tal qual a de todos é apenas relativa como tem de ser, só não está em risco porque não aceito intimidações. Tenho sido questionado por manter uma opinião solitária em desfavor dos dirigentes, e não em favor dos técnicos Heriberto e Lula. Estes são beneficiados pelo meu senso de justiça e pela hierarquia existente entre os erráticos.

Atitude mafiosa 2
Recebo ligação em tom de dissimulada cortesia, acusando-me de haver dito o que não pronunciei. Engraçado é que as pessoas esquecem que o que é dito no rádio é gravado, e elas agem como se assim não o fosse.


Benê Lima
benecomentarista@gmail.com
(85) 8898-5106

2 comentários:

  1. Caro Benê Lima, costumo ler seu blog e, claro, suas opiniões aqui presentes. Admiro suas análises por serem imparciais, profundas e com importante espírito crítico. Parabéns!

    Sobre os atuais treinadores de Ceará e Fortaleza, vejo que tiveram mais erros que acertos.

    Heriberto da Cunha está com todo o atual elenco há 2 meses, já que a inscrição de jogadores encerrou em setembro. Muitos jogadores estão no Fortaleza desde o começo do ano. E Heriberto foi incapaz de encontrar a melhor formação e dar-lhe um padrão de jogo. Tanto no meio campo quanto no ataque, muda-se a escalação praticamente a cada jogo. Mesmo havendo problemas de contusões e suspensões, ainda assim Heriberto “dificultou” a evolução da equipe. Por exemplo, Josimar foi injustamente sacado do time; Heriberto insistiu “cegamente” com Raul, Mazinho, por um tempo.

    Com relação à formação tática no jogo fora de casa contra o Bragantino, com certeza Heriberto não podia priorizar a ofensividade, expondo o time. Porém, era necessário pelo menos um equilíbrio. Tanto atacar quanto defender. Na prática, o Fortaleza foi feliz em fazer o gol, mas o Bragantino foi bem melhor e pressionou muito. Méritos para os jogadores do Tricolor, que seguraram o placar.

    A ofensividade "homeopática" é mais sujeita ao fracasso que qualquer outra postura. O Fortaleza só fez o gol graças ao Osvaldo, que vem fazendo a diferença há um bom tempo. Não havia nenhuma outra chance de sair um gol tricolor no jogo. Daí, coube ao time segurar o placar, com destaque para o goleiro Tiago Cardoso - único jogador que mantém a regularidade desde o começo do campeonato - Erandir e Juninho, que resolveram jogar "sério" há alguns jogos.

    Heriberto também pecou na escalação da equipe mais uma vez. O atacante Nei Paraíba é esforçado, mas ficou evidente que lhe falta a técnica. Eusébio e Rogério são muito limitados, até mesmo na marcação. O lado esquerdo da defesa do Fortaleza foi bastante frágil contra o Bragantino. E Heriberto deverá repetir a escalação para o último jogo, mesmo com evidentes deficiências técnicas e táticas.

    Quanto ao técnico Lula Pereira, do Ceará, seu grande erro foi levar mais de 60 jogadores para o clube, dos quais nem meia dúzia aprovou. Os destaques do time foram Adilson, Dedé, Fabrício, Michel, Cleison, Ciel e Luis Carlos. Desses, só Dedé, Fabrício e Ciel foram trazidos por Lula, na gestão do Evandro. Os outros eram remanescentes da época do Rabelo. O goleiro reserva Marcelo Bonan, trazido por Lula, também agradou.

    Outro problema do Lula foi que o Ceará não venceu um único jogo fora de casa. Até CRB e Gama, já rebaixados, venceram fora de casa. Da mesma forma que não existe essa história de treinador fazer omelete sem ovos, também não se pode dizer que o Ceará não venceu fora por azar. Faltou competência à Lula e seus jogadores para ganhar pelo menos um jogo fora.

    Acredito que Lula e Heriberto são treinadores medianos no futebol brasileiro. Têm condições de comandar um clube de série B, fazendo trabalho a longo prazo. Porém, para quem almeja um acesso à Primeira Divisão, até mesmo com formações táticas mais ousadas, há melhores opções de treinadores no mercado.

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  2. Belo comentário. Parabenizo o autor pela contribuição que deu ao debate, e pela clareza do estilo e zelo pelo idioma. Benê Lima.

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Benê Lima