Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, novembro 20, 2008

A Coluna do Benê Lima

(20.11.2008) COM PÉ E CABEÇA - ANO IV - Nº135

Opinião

FUTEBOL SEM EIRA NEM BEIRA

Exageros a parte, o futebol cearense sobrevive sob o primado do pior tipo de amadorismo


Que me perdoem os amadores, que muitas vezes se organizam um pouco melhor que a maioria de nossos pretensos profissionais. Que me entendam os que integram nosso futebol profissional, sem o fazê-lo profissionalmente.

Saibam todos que, o objetivo destas palavras não é o de desprestigiar o esforço, a abnegação nem o trabalho dos atores ou da produção do futebol. O que queremos é ajudar a construir o espírito crítico nas pessoas, apontando equívocos, omissões e a falta de profissionalismo. Não sem entremearmos às críticas, sugestões que representem sinalizadores para a busca de saídas para as constantes crises do nosso futebol.

Se tomarmos a atual crise do Fortaleza para análise, com extrema facilidade inferiremos que ela tem origem no mau gerenciamento do clube. E qual o porquê deste ‘antigerenciamento’? A razão está na falta de cultura gerencial dos nossos dirigentes, que não possuem, quer de forma inata quer adquirida, a devida formação em gestão do futebol.

Muito se fala na necessidade da formação de atletas como a salvação para nossos clubes, mas pouquíssimo se tem falado e nada se tem feito no sentido de formarmos dirigentes para eles. E essa omissão tem gerado um altíssimo custo para os dois maiores entre eles - Ceará e Fortaleza.

Outro fator determinante de suas constantes crises gerenciais, é a falta de projetos de longo prazo e de um planejamento de autogestão, que possibilite a estabilidade mínima desejável entre os diferentes gestores (ou gestões). Um exemplo típico disto, verificou-se entre a tríade Ribamar-Desidério-Bomfim, isso para ficarmos apenas no exemplo mais recente.

Ribamar teve bom desempenho em títulos, razoável performance administrativa, e pouca eficiência na administração do futebol, isto podendo ser aferido pelos valores da relação custo x benefício. Mas vale registrar que Ribamar teve e mantém um bônus adicional: a criação do IFEC, que gerencia o projeto do centro de formação e treinamento de atletas.

Surge Desidério com um perfil inteiramente diferente do de Ribamar. Sem o mesmo nível de independência, e tendo sido forjado à sombra de Ribamar e eleito sob a falsa égide da Santana Textiles, Desidério lançou a si e ao clube numa aventura sem precedentes, conseguindo desfazer em meses o que houvera sido construído em mais de meia década. De um clube saneado e acreditado, que servia de referência para o norte e o nordeste brasileiro, o Fortaleza mergulha na sua maior crise após a virada do século, e o que é pior: com a ajuda de muitos tricolores torcedores de dirigentes.

Vem Bomfim que já havia pulado para fora do barco à deriva, e volta como timoneiro ‘salvador-da-pátria’, mas sua performance segura se mostra lenta e ineficaz para manter o controle das coisas. Eis que o barco tricolor continua à deriva, muito mais dependente de uma favorável conjunção casual dos eventos, para escapar da tragédia do rebaixamento para a terceira divisão.
Diante de tão cruel e lastimável realidade, cuja extensão é maior do que pensam muitos, resta dizer que nossa indignação como cronista esportivo, só não é maior que nossa compaixão pela situação do nonagenário Fortaleza Esporte Clube.

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EFEMÉRIDES

Críticas sem qualificação
Muito do que temos escutado em termos de críticas ao treinador Heriberto da Cunha, é mais fruto da falta de cultura futebolística dos críticos, que em sua maioria não buscam atualização de seus parcos conhecimentos. Recentemente, Heriberto concedeu uma esclarecedora entrevista, onde comenta sobre muitos dos questionamentos que vem sofrendo. A mim Heriberto não precisaria convencer, pois jamais tive dúvida quanto a quem sabe mais: se Heriberto ou se seus críticos. Não por uma questão de sectarismo de minha parte, mas sim pelo esforço que tenho feito ao longo dos anos, para ampliar minha compreensão sobre os diferentes aspectos que envolvem o futebol.

Loteria ou jogo de sorte e azar
Escalar o time do Fortaleza tem representado uma verdadeira loteria. Isso porque todos os atletas já foram testados, e a resposta confunde o mais arguto dentre os observadores. Se o critério for técnico e pragmático, não há quem resista como titular; se for físico, muitos não tem dado resposta satisfatória; se for tático-técnico, apenas alguns respondem satisfatoriamente. Tem razão prevalecente o técnico Heriberto, por mais que sua retórica seja imprecisa.


BREVES E SEMIBREVES ®

FCF- Eleição e renovação
No pleito federacionista que se avizinha, embora com período previsto mas com data incerta, há prenúncio de que tenhamos, além da disputa, o compromisso prévio de uma gestão arejada e embasada em propostas preanunciadas. Isso é o que deixou transparecer Mauro Carmélio, em quem depositamos nossas esperanças de menos anacronismo.

FCF - Incapacidade
O que mais lamentamos na condução da nossa entidade de administração do desporto (FCF), é a ausência do espírito de empreendedorismo entre os que a dirigem. E com Carmélio, parece-me lícito esperar que esse ciclo de não-prática seja interrompido.

FCF – Renovação
Não pretendemos a mudança pela mudança. Não queremos a mudança de uma série de comportamentos contraproducentes, por outros provindos de novas pessoas com idéias igualmente velhas e contraproducentes. A mudança deve ser de mentalidade. Portanto, cabe até a reciclagem, desde que seja sob novo e renovado comando.

FCF – Desqualificação
É perceptível a campanha que tem sido disparada na tentativa de desqualificar a candidatura do atual Vice, Mauro Carmélio, ao identificá-lo, maldosamente, como torcedor e não como dirigente. Mesmo que Mauro não abra mão de uma mera simpatia clubística, ainda assim não se deve acreditar que ele seja um homem de tão estreito feixe de valores, sem ambições pessoais lícitas e desprovido do desejo de crescimento pessoal e profissional.

FCF – Situação atual
Vê-se que muitas das tarefas que em um QDT (Quatro de Distribuição de Trabalho) caberiam ao Presidente Degésio, já vem sendo acumuladas pelo atual Vice. Disto podemos denotar o espírito cooperativo e a lealdade franciscana de Carmélio, que tem colocado os interesses da entidade que representa, e os interesses de seus afiliados, acima de quaisquer outros interesses.

FCF – Amarras
Vislumbro na candidatura de Mauro Carmélio, além das precondições às quais já me reportei, duas outras que são: a experiência do cargo, e a declarada vontade política de apresentar-se como instrumento das mudanças que a nossa entidade de administração do desporto está a reclamar. Mauro certamente projeta o sonho da soltura das amarras. (...)

FCF – Planos e projetos
Indagado sobre o futuro que se avizinha, Mauro mostrou-se seguro ao sustentar que tem projetos, aspirações, idéias de crescimento e uma plataforma de gestão. Entre os itens dessa plataforma, destaca a interiorização do futebol. Quanto às parcerias, demonstrando que pensa o futebol como um todo, acena com a disposição de dar apoio às iniciativas da Liga Cearense de Futebol Feminino (LCFF).

No reino do Pici
Tomei conhecimento que há situações putrefeitas no Pici que têm causado grande insatisfação ao comando da patrocinadora-master do Leão. Isso pode provocar até seu afastamento do clube. Caso se confirme, tal decisão agravará ainda mais a já estonteante crise do Tricolor.

De mau a pior
Os nomes que começam a surgir como candidatos à presidência do Fortaleza, não são nada animadores. Se os associados do clube não cuidarem, um ciclo de maior retrocesso se instalará pelas bandas do Pici.

Tiro no pé - 1
Os únicos culpados pela monumental crise tricolor não são outros senão os tricolores. A prática da blindagem provocou a perda do senso crítico, embotando a visão de muitos torcedores leoninos. Será que agora, independente da divisão em que a equipe se enquadre, houverá algum aprendizado?

Tiro no pé - 2
De programas oficiais a oficiosos do Fortaleza, ficou a garantia de que eles em nada contribuem de maneira efetiva e menos ainda eficaz, para o crescimento do clube. A falta de qualidade dos cartolas, e a baixíssima presença de público nos estádios nos jogos do time que o digam.

Desrespeito
Nas ondas da Metropolitana AM930, tenho assistido com certo embaraço, o que tem sido feito contra o legendário cronista Morais Filho. Numa atitude de flagrante desconsideração, sobre a fala de Morais têm sido jogadas vinhetas inoportunas e ridículas. Lamenta-se. Isto é que é falta de ética.

Confraternização
A APCDEC promove sua festa anual de natal e ano novo no próximo dia 5, nas dependências do Clube dos Diários. Quem avisa é o multimídia Alano Maia, ele que deu novo fôlego àquela entidade classista.

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“A visão pessimista do nosso futebol não deve fundar-se (...) nos prêmios monetários dos jogos, mas sim na carência de ciência e consciência, em todo o sistema onde o futebol se desenrola. Uma luta egoísta, sem vida sindical constante e lúcida, indiferente ao sofrimento dos antigos ou atuais colegas de profissão, que jazem na miséria, nunca sai vitoriosa, porque é uma forma de autopreservação da injustiça e do erro”... (Manuel Sergio, professor e filósofo do fenômeno esportivo)


Benê Limabenecomentarista@gmail.com
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Benê Lima