Um clube pequeno deve aspirar ser grande, e não aspirar ser sustentado pelos grandesLuis Filipe Chateaubriand* (Direto do autor)No artigo imediatamente anterior a este, escrevi que o Campeonato Carioca de Futebol deveria ser, na verdade, o Campeonato da Liga Carioca de Futebol, composta de seis clubes fixos: América, Bangu, Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama.Escrevi, também, que o Campeonato da Liga Carioca de Clubes deveria ser disputado somente por esses seis clubes, os grandes do Estado do Rio de Janeiro.Escrevi, ainda, que a disputa deveria ser confinada a 13 datas, ou rodadas, ao invés das 21 atuais.Para que não haja ruído na interpretação do que proponho, gostaria de esclarecer que concebo duas soluções possíveis para os Campeonatos Estaduais em geral, a saber:a) Os clubes grandes (os que jogam o Campeonato Brasileiro, em alguma de suas três divisões principais) não o disputam. Assim, os Campeonatos Estaduais ficam destinados ao clubes pequenos, correndo paralelamente ao Brasileirão.b) Os grandes clubes o disputam, mas consumindo menos datas que atualmente. Assim, reduz-se de 23 para 13 as datas, ou rodadas, para sua disputa, com enxugamento do número de clubes.Simpatizo mais com a primeira solução, mas proponho a segunda, por considerá-la mais viável de implementação.Então, para muitos, sou considerado elitista, preconceituoso, interessado em prejudicar os pequenos clubes. Na visão simplista de alguns, ao propor o “Cariocão” com seis clubes, “viro as costas aos clubes pequenos”.Gostaria de responder: não sou contra os clubes pequenos, apenas acho que os clubes pequenos devem sobreviver através de seus próprios méritos, e não sendo sustentados pelos clubes grandes. Fora raras exceções, grandes devem jogar contra grandes, e pequenos, contra pequenos, visando tornarem-se grandes pelas “próprias pernas”, e não obrigando os grandes a jogarem deficitários torneios, para subvencioná-los.O que um clube pequeno de futebol precisa? De três proposições:• Um calendário que os mantenha em atividade durante toda uma temporada anual, ao invés de jogarem apenas cerca de três meses por ano, como acontece atualmente.• Mecanismos para, de acordo com méritos próprios, poderem ascender de divisão no Brasileirão.• Uma competição que permita que tenham a chance de, conforme méritos obtidos, disputar uma vaga na Libertadores, chamada Copa do Brasil.A terceira dessas proposições já existe. As outras duas, são perfeitamente factíveis de serem obtidas, conforme demonstro em meu livro “Futebol Brasileiro: Um Novo Projeto de Calendário”.Agora, o que não é possível é submeter os grandes clubes – devedores de milhões, com despesas altíssimas e necessidades de investimentos e, por isso mesmo, carecidos de receitas – a disputarem deficitárias competições, comprometendo ainda mais a sua já combalida saúde financeira.Um clube pequeno deve aspirar ser grande, e não aspirar ser sustentado pelos grandes.* Luis Filipe Chateaubriand é autor do livro “Futebol Brasileiro: Um Novo Projeto de Calendário”.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima