Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quarta-feira, novembro 21, 2012

Dez anos, tempo para muita coisa

Futebol brasileiro sofre de soberba da autossuficiência. Se não soubermos aprender, não saberemos ensinar
Rodrigo Barp / Universidade do Futebol

 

O Partido Comunista, na China, escolheu e empossou seus novos líderes do país para os próximos 10 anos.

Isso mesmo. Na próxima década, o Grande Dragão terá os mesmos comandantes como responsáveis pelos rumos estratégicos nacionais.

São sete pessoas que compõem o Comitê Central, mas o grande protagonista é o chamado Secretário-Geral.

Em 10 anos, acontece muita coisa. Boa e ruim.

Em 10 anos, a estabilidade dentro de uma instituição pode servir para acomodar e escamotear práticas desastradas de gestão. Ou elevá-la a um patamar de crescimento e evolução.

Podemos mencionar alguns dos exemplos.

O SC Internacional dos últimos 10 anos.

Escapou do rebaixamento, num dramático jogo contra o Paysandu, na última rodada do Campeonato Brasileiro.

No meio desse período, foi bicampeão da Libertadores, campeão mundial e duas vezes vice-campeão nacional. Construiu um ciclo virtuoso.

O Palmeiras foi rebaixado em 2002. Perambulou pelo meio das tabelas das competições que disputou e, agora, está matematicamente rebaixado novamente. Não conseguiu se organizar como poderia e deveria.

Um caso interessante é o futsal. Não no Brasil, mas na Espanha.

Quando fui lá jogar, em 1995, no Deportivo La Coruña, com breve período no Egasa Coruña Futsal, o futsal já dava mostras de grande organização interna, contando também com jogadores brasileiros nas principais equipes profissionais.

Porém, ainda não havia grande protagonismo internacional e quase nenhum brasileiro naturalizado, bem como nenhuma conquista importante dos clubes.

Por outro lado, percebi, nitidamente, que a sede de aprender com o Brasil, berço do futsal mundial, era cada vez maior.

Abriram-se a portas, nos anos seguintes, ao intercâmbio técnico com nosso país.

Os resultados começaram a ser medidos de forma bastante objetiva.

Antes de ser derrotada pelo Brasil, neste domingo, na Copa do Mundo de Futsal, a seleção espanhola – que conta com dois brasileiros naturalizados – não perdia havia sete anos.

Ou, em 120 jogos, 107 vitórias e 12 empates...

E, dos 24 técnicos deste Mundial, cinco eram oriundos da Academia de Formação de Treinadores da Espanha.

O futsal espanhol foi pra escola em 10 anos. E, há 10 anos, vem fazendo escola.

Em 15 anos, foi cinco vezes campeão da Uefa. Bicampeão mundial e três vezes vice-campeão.

Deng Xiaoping, famoso líder chinês do século XX, profetizava: “Quando os nossos milhares de estudantes no estrangeiro voltarem para casa, vocês verão como a China irá se transformar”.

Hoje em dia, são 1,6 milhão de chineses estudando fora do país. Aprendendo com novas técnicas, culturas, processos, instituições.

Provavelmente, para depois ensinar bastante.

O futebol brasileiro sofre também de uma grave crise: a soberba da autossuficiência.

Se não soubermos aprender e promover intercâmbio de conhecimento, não saberemos ensinar.

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Benê Lima