Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, setembro 20, 2013

A visão do brasileiro sobre a Copa do Mundo – I

Emerson Gonçalves

Um instituto de pesquisa – o NetQuest, no mercado de propaganda e marketing desde 2001 e especializado em trabalhos on line – e uma empresa de consultoria também na área de pesquisas – a MC 15 – estão desenvolvendo um estudo sobre o envolvimento e o sentimento do brasileiro das cidades-sede em relação à Copa do Mundo 2014. Três questões básicas são levantadas nesse trabalho:

 

- O brasileiro das cidades-sede já está envolvido com a Copa do Mundo?

 

- Acredita que o Brasil está preparado para a sua realização?

 

- Tem expectativa que a realização da Copa será benéfica para o país?

 

Para buscar respostas a essas colocações, o MC 15 e a NetQuest estão pesquisando o que pensa a populações dessas doze cidades, via internet, on line. A amostra é constituída por 500 pessoas de 15 a 69 anos de idade, de ambos os sexos, distribuídas entre as sedes, pertencentes às classes A, B, C e D. Esse estudo será composto por cinco diferentes ondas de levantamento. A primeira foi realizada em maio desse ano e a segunda em agosto, e veremos agora os seus resultados. As demais ocorrerão em novembro desse ano, fevereiro e maio de 2014.

 

Essa distribuição temporal permitirá um acompanhamento do sentimento dos brasileiros das cidades-sede e suas variações de percepção e expectativas em relação ao evento.

 

As doze cidades – Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo – foram distribuídas em quatro grandes regiões para efeito de análise: Norte/Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A amostra teve 240 pessoas na região Sudeste, 140 na Norte/Nordeste, 60 no Sul e outras 60 no Centro-Oeste.

 

Hoje, 100% dos entrevistados sabem que o Brasil sediará a Copa do Mundo. Isso parece óbvio – lembre-se, leitor e leitora, se você está lendo essas mal digitadas é porque seu interesse pelo esporte é maior que o da média da população – mas se olharmos as respostas sobre o grau de conhecimento de que a própria cidade terá jogos da Copa, ou seja, será uma das sedes, vamos descobrir que…

 

Em metade das sedes mais da metade das pessoas ignora que sua pólis receberá jogos da Copa do Mundo. Como vemos no gráfico acima, as populações de Brasília e Salvador aumentaram bastante (percentualmente) o conhecimento que serão cidades-sede. Em Cuiabá, entretanto, menos de um quarto da população sabe que a cidade será tomada por jogos, jogadores e turistas em busca da bola, prioritariamente, e não dos jacarés, peixes, aves e paisagens do Pantanal rio abaixo.

Espantoso?

 

Certamente para nós, mais envolvidos com o esporte, talvez não para o conjunto da população, onde 52% sabem que a abertura será em São Paulo, o que implica 48% não saberem disso. Por outro lado, pouco mais de três quartos – 77% – da população sabem que o encerramento será no Rio de Janeiro, fato ainda ignorado por 23% das pessoas.

 

O próximo gráfico é interessante e “fecha” com a maioria das pesquisas mais amplas sobre torcidas, ao apontar, na segunda onda, cerca de 22% de brasileiros que não gostam e nem desgostam do futebol, e mais 8% de conterrâneos que desgostam ou desgostam muito do nobre esporte bretão que consagrou Vitinho tão precoce e rapidamente.

Os próximos gráficos e tabelas trazem textos explicativos para cada um. Muitos deles trazem uma grande quantidade de informações, o que demandará um pouco mais de tempo e atenção para uma clara compreensão. Os pontos principais, porém, são destacados nos textos e imagens.

Antes de passar para as informações levantadas, precisamos ter claro que uma pesquisa é um instantâneo, é uma fotografia de um determinado momento da realidade. Essa, porém, não é estática, muito pelo contrário. O sentimento em relação à Copa do Mundo em agosto foi diferente de maio. A próxima onda, em novembro, certamente trará números diferentes, talvez mais positivos, talvez mais negativos.

A onda de agosto certamente teve seu resultado influenciado pelas manifestações de rua que tomaram conta do país todo. Mudanças na economia, ainda que de pouca monta, e um momento mais tranquilo, sem grandes manifestações, podem e mudarão o comportamento e, principalmente, os sentimentos e expectativas das pessoas em relação ao futuro e a eventos, como, por exemplo, a Copa, a eleição geral que virá logo a seguir, os jogos olímpicos, etc.

Por fim, essa pesquisa traz uma informação que merece ser pensada e debatida nos centros de decisão: o que o brasileiro pensa a respeito de como deveria ser usado o “dinheiro da Copa” (rever o sétimo gráfico, mais acima).

Há, nesse caso, uma percepção um pouco distorcida dos gastos, motivada pela visualização fácil e impactante dos estádios construídos ou reformados para abrigar os jogos. Eles, porém, e felizmente, representam pequena parte dos gastos. A maior parte deles será usada em obras e serviços que, em maior ou menor escala, trarão benefícios para as cidades e para o país. Mais que isso: a maior parte dessas despesas, para não dizer a totalidade, teria que ser executada em algum momento futuro, sem dizer que a maioria já deveria existir. O intuito dessa colocação não é defender ou atacar a realização da Copa, mas, simplesmente, dizer que devemos olhar sempre o quadro mais amplo antes de tomarmos posições tidas como definitivas.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima