Os negócios relacionados ao futebol dependem de uma clara visão de diversificação das fontes de receitas para sua evolução. No Brasil, infelizmente por vários fatores, isso nunca foi colocado em prática. Bem diferente do mercado europeu.
Os times do Velho Continente nunca se mostram satisfeitos com o que tem, e sempre buscam uma evolução constante, considerando que sempre há espaço para melhorar.
Muitos exemplos comprovam essa tese.
Se os estádios estão lotados, criam mecanismos para que os sócios que não queiram ir aos jogos autorizem a venda de suas cadeiras. Com isso, outros torcedores vão aos estádios, oferecendo benefícios para os sócios que liberarem suas localidades.
Se as receitas de bilheteria estão estagnadas, investem em projetos promocionais para que mais torcedores consumam em bares e restaurantes no estádio, fazendo com que as receitas cresçam em outras frentes.
Se tem 10 patrocinadores, buscam outros 10, ou 20 empresas, com foco em ações comerciais, muito além da visibilidade do uniforme e placas de campo.
Caso seu mercado doméstico esteja explorado no limite, buscam e expandem seus negócios em termos globais, fazendo com que as receitas cresçam muito graças a essa expansão. Assim, novas receitas são geradas com vendas de produtos, escolinhas, partidas amistosas e patrocínios regionais.
Enfim trabalham sempre na busca de novas oportunidades de negócios para suas marcas e sempre evoluem.
Já no Brasil infelizmente nossa realidade é outra. Em geral o marketing dos clubes é gerido de forma limitada, com uma visão equivocada das reais oportunidades que poderiam ser criadas.
A justificativa em geral é que o mercado é restrito. Isso é uma estrondosa mentira!
O mercado brasileiro de mídia e entretenimento movimenta mais de R$ 190 bilhões por ano e nossos clubes faturam apenas R$ 4,2 bilhões.
Para piorar o cenário, o torcedor representa muito pouco de todo esse valor, provando que o problema está na gestão do departamento de marketing de nossos clubes e não no nosso mercado.
Os estádios em boa parte do ano estão vazios e permanecem vazios pela ausência de estratégias para lotá-los.
Os clubes têm poucos patrocinadores, e assim permanecem pois nada é feito para que marcas possam vender produtos e serviços aos milhões de torcedores brasileiros.
O foco é sempre essa visão limitada de visibilidade de marcas.
Até o sócio torcedor que cresceu muito nos últimos anos mostra a fragilidade do marketing dos clubes. Já que os times comemoraram o aumento do número de sócios, sem perceber que muito mais importante é saber rentabilizá-los.
A verdade é que essa falta de diversificação de receitas é resultado da dificuldade que o marketing dos clubes tem em evoluir para um modelo mais criativo. E esse modelo demanda muito mais trabalho e investimento.
Além é claro do desconhecimento de boa parte dos dirigentes da área de marketing em como fazer mudanças significativas nesse ambiente pouco diversificado.
Bons modelos pelo mundo estão aí para serem estudados. Basta que nossos clubes queiram evoluir. E para isso é fundamental pensar fora da caixa!
Algumas receitas poderiam dobrar de tamanho
Se os clubes brasileiros aplicassem esses conceitos de diversificação de receitas, muitas fontes poderiam ser muito maiores.
Se atualmente os clubes brasileiros produzem cerca de R$ 560 milhões em patrocínios esse valor poderia crescer muito, atraindo muito mais marcas e o valor poderia passar de R$ 1 bilhão facilmente.
O mesmo vale para o sócio torcedor e bilheteria que juntos movimentam R$ 795 milhões, mesmo com boa parte dos estádios vazios.
Sem falar no licenciamento que movimenta R$ 120 milhões por ano e é irrisório, dado o tamanho do nosso mercado consumidor.
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Benê Lima