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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, abril 20, 2017

O que justifica as quedas dos times alemães na Champions Feminina?

A UEFA Women’s Champions League é disputada desde a temporada 2001/02, ainda com o nome de UEFA Women’s Cup e, em 15 edições, nove delas foram vencidas por equipes alemãs – sendo que quatro com o FFC Frankfurt, maior vencedor da história da competição e as outras cinco divididas entre Wolfsburg (2), Potsdam (2) e Duisburg (1). Em apenas uma edição não tivemos equipes germânicas pelo menos nas semifinais do torneio, mais especificamente na temporada 2006/07, quando Koboltn (Noruega), Umea (Suécia), Arsenal (Inglaterra) e Brondby (Dinamarca) foram as quatro melhores equipes da competição.
Dez anos depois, a situação alemã volta a se repetir, visto que as representantes do país foram eliminados na fase de quartas de final da competição. Neste post, tentamos traçar um panorama para justificar as eliminações de Wolfsburg e Bayern München na UWCL.

Wolfsburg

Não há nenhuma dúvida que o elenco do Wolfsburg é um dos melhores da Europa. Com jogadoras campeãs olímpicas com a DFB Frauen em 2016, Goessling, principal jogadora no meio campo das Lobas foi extremamente sentida nas quartas de final da competição. Por outro lado, a norueguesa Caroline Hansen e a dinamarquesa Pernille Harder, que chegou no início do ano, mostraram um ótimo entrosamento.
A norueguesa Hansen foi a melhor jogadora do Wolfsburg nos confrontos contra o Lyon. (FOTO: zimbio.com)
Porém, o chaveamento foi cruel com o Wolfsburg, colocando logo nas quartas de final um duelo contra o time do Lyon, reeditando a última final da UWCL, vencida pela equipe francesa nas penalidades máximas. Se havia algum time a bater de frente com as atuais campeãs, este time era o Wolfsburg, que havia eliminado o Chelsea e Eskilstuna United (Suécia), rivais de ligas competitivas como a inglesa e a sueca, mas que não geraram dificuldades ao time alemão. O Lyon venceu no confronto de ida por 2:0, indo para o jogo da volta na França com ótima vantagem, que não fora revertida pelo time alemão.
Resta ao Wolfsburg lutar pelos dois títulos que ainda disputa na temporada: a Frauen Bundesliga, na qual está empatado em pontos com o Turbine Potsdam (41 para cada um em 16 rodadas, faltando seis jogos para o final da competição, com o Wolfsburg na frente pelo critério gols marcados) e a Copa da Alemanha, onde terá como rival na decisão disputada no Rhein Energie Stadion em Colônia, o SC Sand, reeditando a decisão da temporada passada vencida pelas Lobas pelo placar de 2:1.
Um doblete na última temporada de Ralf Kellermann como treinador do time (a partir da temporada que vem, será diretor esportivo do time, dando lugar a Stephan Lerch, atual assistente técnico), serviria para fechar com chave de ouro a passagem do treinador que, desde 2008 mudou a realidade do futebol feminino no Wolfsburg, colocando a equipe como a principal referência em clubes da modalidade na Alemanha.
O “fim” da era Kellermann pegou todos de surpresa. Agora ele assume outra função dentro do departamento de futebol feminino do Wolfsburg. (FOTO: fifa.com)

Bayern München

O elenco do atual bicampeão alemão não deixa a desejar em comparação com potências como Wolfsburg, PSG ou Lyon. Assim como o Wolfsburg, o time conta com campeãs olímpicas pela DFB Frauen, entre elas a artilheira da última Olimpíada, a volante Melanie Behringer. Porém, faltou experiência a algumas jogadoras em uma competição tão importante como a UWCL, algo que ficou extremamente evidente após a derrota por 4:0 diante do PSG, após ter vencido a partida de ida das quartas de final em Munique por 1:0.
Após vencer no Grünwalder, Bayern foi irreconhecível em Paris, sendo completamente dominado e goleado. (FOTO: fcbayern.com)
O chaveamento da equipe bávara foi bem menos complicado que o do rival Wolfsburg. Na primeira fase, duelo contra o Hibernians, atual vice campeão escocês e duas goleadas tanto na ida, como na volta. Nas oitavas de final, duelo contra as russas do Rossiyanka, talvez a equipe que mais oferecesse perigo ao Bayern por sua tradição na UWCL, mas que assim como o Hibernians, não ameaçou a superioridade alemã.
Um dos principais fatores que justificam a temporada irregular do Bayern são as lesões. Melanie Leupolz, Lena Lotzen e Stephanie Van der Gragt foram alguns dos nomes que ficaram mais tempo lesionadas que atuando propriamente dito. A equipe bávara já anunciou dois reforços para a próxima temporada: a zagueira da seleção alemã Kristin Demann e a atacante sérvia do SC Sand Jovana Damnjanovic.
Atualmente no Hoffenheim, a zagueira chega ao Bayern com o objetivo de solucionar os problemas defensivos dessa temporada. (FOTO: fcbayern.com)
Resta ao time da Baviera lutar pela vaga na próxima UWCL. Eliminado na Copa da Alemanha nas quartas de final pelo Wolfsburg e faltando seis rodadas para o final da Frauen Bundesliga, o time ainda tem possibilidade de título, mas pouco provável, tendo a Champions League da próxima temporada como objetivo mais imediato. O time está na terceira colocação a quatro pontos de Potsdam e Wolfsburg, os dois primeiros colocados.

Alemãs nas semifinais

Capitã da seleção da Alemanha tem sido destaque no poderoso time francês. (FOTO: zimbio.com)
A Alemanha terá duas jogadoras entre as semifinalistas. A nova capitã da Frauen Mannschaft, Dzsenifer Marozsán, e a zagueira Josephine Henning jogam no poderoso Olympique Lyonnais e terão como rival nas semifinais o surpreendente Manchester City, time que conta com a atual melhor jogadora do mundo, a norte-americana Carli Lloyd. Do outro lado da chave, o PSG encara o também surpreendente Barcelona. A grande final da competição será dia 1º de junho, em Cardiff no País de Gales.

Reflexões do “desastre”

Eliminadas nas quartas de final por dois times franceses. Isso serve de alerta para a hegemonia do futebol alemão no futebol feminino europeu, pois vale lembrar que a França venceu o torneio She Believes Cup no início do ano, que reuniu Inglaterra, EUA e Alemanha. Em ano de Eurocopa Feminina, que será na Holanda, pela primeira vez vemos o favoritismo germânico bastante ameaçado. A DFB Frauen, líder do ranking da FIFA, mesmo vencendo suas últimas partidas, tem jogado mal e a nova treinadora Steffi Jones – mesmo con apenas uma derrota no comando da equipe – parece não ter encontrado um time ideal, apesar de acompanhar e convocar jogadoras da Frauen Bundesliga e as que atuam fora da Alemanha.
Há também outras seleções crescendo no cenário europeu, como a já citada França, Inglaterra e a Espanha, principalmente por conta da valorização de suas ligas nacionais, com atletas das mais diversas nacionalidades, competitividade e bons públicos. A competitividade é ameaçadora, mas também pode servir para uma recuperação alemã, no âmbito de seleção e clubes.
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Benê Lima