É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança. Provérbio africano.
Para entender o futebol faz-se necessário pensar fora das 4 linhas do esporte, visto que se no passado a motivação dos jovens era apenas prazerosa, hoje está diretamente impulsionada na ascensão social e financeira que o futebol pode acarretar na vida do atleta.
Esporte tem de tudo, não tem? Tudo de bom e de ruim. É só olhar que lá estão a coragem e a covardia,
o amor e a indiferença, a solidariedade e o egoísmo, a ousadia e cautela, a razão e a emoção,
a sanidade e a loucura. Os pedagogos e as demais profissões do esporte podem escolher,
quando ensinam esporte, potencializar suas virtudes ou seus vícios;
é uma questão de metodologia e de ideologia, ou seja, de escolha.
o amor e a indiferença, a solidariedade e o egoísmo, a ousadia e cautela, a razão e a emoção,
a sanidade e a loucura. Os pedagogos e as demais profissões do esporte podem escolher,
quando ensinam esporte, potencializar suas virtudes ou seus vícios;
é uma questão de metodologia e de ideologia, ou seja, de escolha.
João Batista Freire
Para muita gente o mundo é uma bola, a bola que representa um sonho que infelizmente vira realidade para poucos, isso implica trilhar caminhos que permanece obscuro em meio ao espetáculo. A exploração e o abuso sexual, o afastamento da escola e a profissionalização precoce são algumas das sombras espreitas as crianças, adolescentes e famílias que elegeram o futebol como um projeto de vida.
Segundo estatística da (CALIL, 2015), apenas 1% dos candidatos passam nas peneiras realizada pelos clubes. Como em um funil, muitos pequenos brasileiros ingressam em uma escolinha de futebol e participam de testes, mas poucos seguirão carreira. Embora pese sobre o jovem atleta a maior parte da responsabilidade pelo êxito, os fatores que definirão seu futuro quase sempre fogem ao seu controle. A possibilidade de ter um futuro é um verdadeiro gol de placa.
Outro agravante é as crianças viverem ou reproduzirem aquilo que os jogadores da atualidade mostram, segundo (BENJAMIN, 2017) 80% dos jogadores vivem em uma bolha, sobretudo os mais jovens, que querem imitar seus ídolos acreditando na necessidade de vestimentas de marcas famosas e tatuagens, já serão estrelas e respeitados. Para o autor, essa bolha clássica que vive um jogador de que chegará ao profissional e vai comprar um carrão com seu primeiro salário é muito diferente do mundo real. Visto que a grande maioria, 90%, ganha abaixo de 2 salário mínimos.
Costumam se dizer que o esporte é saúde, é educação, é cultura, que afasta as crianças das drogas etc.
Não concordo! O esporte (futebol incluído) não é bom, nem ruim, por si só.
É aquilo que fazemos dele! Não afasta as crianças das drogas, não nos deixa menos violentos, não educa
e não nos traz saúde, se não trabalharmos na perspectiva contrária, com consciência, valores, ética,
responsabilidade e aproveitando, de verdade, todo seu inegável potencial
para o bem das pessoas em sociedade.
Não concordo! O esporte (futebol incluído) não é bom, nem ruim, por si só.
É aquilo que fazemos dele! Não afasta as crianças das drogas, não nos deixa menos violentos, não educa
e não nos traz saúde, se não trabalharmos na perspectiva contrária, com consciência, valores, ética,
responsabilidade e aproveitando, de verdade, todo seu inegável potencial
para o bem das pessoas em sociedade.
João Paulo Medina
Imagem: Divulgação / Escolinha do PSG em SP |
Medina, P. J. (2018) menciona que “Escolas e clubes de futebol despreparados podem facilmente transformar o sonho das crianças em fábrica de frustrações”. Podemos imaginar que muitas crianças não tem a oportunidade de praticar o futebol sendo algo prazeroso, lúdico e divertido, mas sim como “trabalho sério”. No confronto entre escola e treino, a escola sempre fica no banco de reserva.
A cultura do resultado imediato na formação dos atletas de escolinha ou clubes continua em plena ascensão. O foco nos elementos físico, psicológico, táticos e técnicos da modalidade sobressai em relação à preocupação com o talento esportivo e no desenvolvimento humano de cada jogador.
Para (SCAGLIA, 2013) o modelo metodológico praticado na maioria das escolinhas representa a ignorância em todos os sentidos no meio futebolístico, pois, gera dependência, mantém a ordem hierárquica de poder, além de formar malabaristas com bola nos pés, consequentemente, o que se observa são que os professores repetem aquilo que eles foram vítimas, verdadeiros analfabetos funcionais. O autor questiona que as crianças se matriculam perseguindo o sonho de ser jogador de futebol, mas não tem clareza do que se feito nos treinos nem do que se é ensinado e que elas não têm dimensão daquilo que podem e do que consegue. Para ele, a dimensão conceitual, procedimental e atitudinal deve atender os objetivos relacionados ao modo que a metodologia é desenvolvida e quais conteúdos enfatizar, relacionados a estruturação do espaço, relação com a bola e comunicação na ação.
Nessa linha, (MARTINS, 2018) explica que o esporte é baseado em um empirismo incorrigível, não contribuindo para um olhar mais prático sobre o jogo que abre mão de uma reflexão teórica mais consistente. O autor aponta que é preciso pensar criticamente, pois o jogo que tem suas razões que escapam a racionalidade humana, visto que muitos treinadores e professores de futebol estão sendo submetidos aos mesmo estímulos de leituras e conteúdos metodológicos, ao invés de produzirem e buscarem leituras diferentes do mundo futebolístico.
Assim, estamos tornando cada vez mais consumidores de quaisquer informações, sem se preocupar devidamente com a seleção do que merece ser consumido: “o caminho não seja mais o do saber, talvez seja o do sabor”. É preciso afiar nosso paladar, deixa-lo mais aguçado para que, de fato, possamos sentir os devidos sabores do jogo. (MARTINS, 2018)
É preciso educar melhor, formar melhor, pois, um contexto social diferente onde a educação é realmente valorizada, os jovens estarão propensos a mudarem de atitude e perfil. Aos professores e treinadores, saberem utilizar o poder que possuem, não somente para extrair vitórias dos seus atletas, como se fosse fantoches, mas incluindo valores e senso crítico que os permitem sair da bolha onde insistem em os fechar.
Bibliografia
BENJAMIN, D. Colher antes de semear. universidade do futebol, 2017. Disponivel em: <https://universidadedofutebol.com.br/colher-antes-de-semear/>. Acesso em: 09 Dezembro 2018.
CALIL, L. Triste realidade: no Brasil, 82% dos jogadores de futebol recebem até dois salários mínimos. extra.globo, p. 12, set. 2015. Disponivel em: <https://extra.globo.com/esporte/triste-realidade-no-brasil-82-dos-jogadores-de-futebol-recebem-ate-dois-salarios-minimos-6168754.html>. Acesso em: 08 dezembro 2018.
MARTINS, H. Das literaturas sobre futebol, 21 nov. 2018.
MARTINS, H. Sobre os sabadores do futebol, 28 nov. 2018.
SCAGLIA, A. Sou tecnicista? universidade do futebol, 2013. Disponivel em: <https://universidadedofutebol.com.br/sou-tecnicista-2/>. Acesso em: 08 dezembro 2018.
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Benê Lima