Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quarta-feira, julho 17, 2019

Sem romantismo

Uma Copa do Mundo de futebol masculino na América do Sul para celebrar o centenário da primeira edição seria excelente. Seria

Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai lançaram candidatura conjunta para receberem o mundial de futebol masculino em 2030, ano em que se completarão 100 da primeira edição, no Uruguai, em 1930. Excelente poder contar com um evento como este na América do Sul. Oxalá corra tudo bem e que, de fato, sejam os países escolhidos. No entanto, é um desafio muito grande.
Megaeventos como estes levam inúmeros fatores em consideração, falar mais uma vez sobre eles é “chover no molhado”. Logística, deslocamento, oferta e demanda, disponibilidade de serviços, tudo isso é importante. Não é difícil perceber que existem muitas outras regiões do planeta que possuem estes temas resolvidos de uma melhor maneira.
Os exemplos dos países-sede das últimas edições nos leva a perceber que não é preciso ser um grande centro da modalidade para receber uma Copa do Mundo. Não que seja preciso, afinal o futebol é de todos, para todos, em todas as partes. Um parênteses, muito se questionou sobre a escolha do Qatar como país-sede. A questão foi em como o país do Golfo Pérsico foi escolhido para receber a Copa.
Ademais vale lembrar que, quando o Brasil foi o eleito para a Copa de 2014, havia um rodízio de continentes na escolha, e os brasileiros beneficiaram-se disso. Coincidência ou não, por motivos políticos ou mercadológicos este processo de escolha foi abolido não muito tempo depois.
Também vale pensar que a candidatura sul-americana seja apenas um blefe, uma especulação para animar o mercado da bola local, atrair investidores e mais patrocinadores e, com isso, aquecer a – incipiente – indústria do futebol por estas bandas, ainda abalada pela investigação do FBI e prisões de dirigentes locais.
Exibição da candidatura da Inglaterra para receber as Copas do Mundo de 2018 ou 2022. (Foto: Divulgação)

Com tudo isso, antes de candidatar-se, pensar em uma candidatura exitosa passa por trabalhar a modalidade em serviço da população. Sem romantismos, tradição e história não convencem mais. Se fosse por isso a Inglaterra teria sido eleita sede em 2018. Ao mesmo tempo é preciso operar e saber atuar em ambiente competitivo e aberto, de ampla concorrência, o que a América do Sul – ainda – não sabe fazer.
Os resultados não mais podem dar origem aos projetos, e sim o contrário. 
——-
Em tempo mais uma citação que se relaciona com o tema da coluna:
O futebol é como o mundo deveria ser: simples, com garantias de liberdade, igualdade e espaço para o talento individual.
Mario Vargas Llosa, escritor peruano

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima