Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quarta-feira, julho 17, 2019

Ex-técnico da seleção feminina assume cargo no governo e quer massificação

Demétrio Vecchioli / UOL

Kleiton Lima (Monique Damasio/ Ministério da Cidadania)

Técnico da seleção brasileira feminina de futebol entre 2008 e 2012, Kleiton Lima agora tem um novo desafio: massificar a modalidade. Velho conhecido dos dois principais nomes da pasta que cuida do futebol no governo federal (Dagoberto Fernando dos Santos e Ronaldo Lima dos Santos), ele foi nomeado assessor especial, tendo como principal função olhar para as mulheres. 

"O futebol feminino precisa de uma massificação maior. Isso abrange você ter futebol feminino nas escolas, nas escolinhas, nos clubes de futebol e também nos clubes sociais. Que a gente possa ver menina jogando na praia, na escola, na rua, de uma forma natural. A menina que joga bola sofre preconceito. Essa barreira caiu, ou, se não caiu, agora está caindo. Tem mais respeito pela menina que joga futebol. O povo brasileiro passou a admirar o futebol feminino", avalia Kleiton.

Ele trabalhou durante 15 anos no Santos, 10 especificamente com o futebol feminino. É o idealizador do projeto Sereias da Vila, mais bem sucedido do futebol feminino no país. Foi nessa época que ele conheceu o agora chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Futebol, Dagoberto Fernando dos Santos, que era CEO do clube santista. Já o secretário de Futebol, Ronaldo Lima dos Santos, superior aos dois, era gerente da base do Santos na última passagem de Kleiton pela Vila, como técnico do sub-23, e foi supervisor de futebol feminino da CBF quando Kleiton era o técnico da seleção. 

Como assessor, o ex-treinador não terá a caneta para tomar decisões. Mas é naturalmente dele a responsabilidade de apontar caminhos para o futebol feminino no Brasil. "Essa é uma bandeira que eu sempre levantei. Estou em busca de poder deixar uma pisadura bem forte para que o futebol feminino possa evoluir cada vez mais no país", diz ele, que também tem outras atribuições ligadas ao futebol profissional como um todo.

Há menos de duas semanas em Brasília, Kleiton quer primeiro ouvir todas as partes envolvidas. "Estou tomando ciência do que foi feito nas gestões anteriores para ver qual caminho seguir. Vamos ver o que é pertinente, por que foi desfeito o que foi desfeito, para que a gente possa ter uma direção mais cabível. Estamos buscando alguns debates, ouvir principalmente as atletas, mas também as federações, de uma forma mais dinâmica, não daquele jeito sorrateiro. Queremos saber o que eles pensam, ter a CBF junto nesse processo também."

Com experiência também no futebol dos Estados Unidos, o treinador ressalta que não tem uma "fórmula mágica" para explicar que não adianta tentar copiar o modelo norte-americano de massificação na base e desenvolvimento universitário.

"A gente tem uma cultura própria. Aqui o futebol é patrimônio cultural. Temos que ver o que fazem os Estados Unidos, mas também temos que ver o está sendo feito na Espanha, na Holanda, que estão em desenvolvimento franco, mesmo a França, e trazer o que eles têm. Mas não pegar uma fórmula específica e adotar no nosso país, que tem cultura própria."

Desde 2011, o governo federal tem papel preponderante no desenvolvimento do futebol feminino no Brasil, em trabalho coordenado pela ex-jogadora da seleção brasileira Michael Jackson, que deixou o cargo em outubro de 2016. Entre 2011 e 2016, o Ministério do Esporte bancou a realização de três edições da Copa Libertadores, criou um grupo de trabalho para discutir soluções e buscar melhorias para o futebol feminino e organizou campeonatos escolares sub-17 e uma Copa Brasil Universitária, que demandaram mais de R$ 2 milhões por ano.   

Mas a ação mais marcante foi convencer a Caixa Econômica Federal a patrocinar, com R$ 10 milhões ao ano, o Campeonato Brasileiro, criado e 2013 graças a esse apoio. O patrocínio, porém, não foi renovado no ano passado.  

"O governo federal não é o único que pode assumir situação de profissionalização da modalidade. São parcerias. A gente vai buscar alternativas acessíveis. Tem que ter uma parceria com confederação, federações, clubes, parceiros privadas. Tudo isso em busca de um único resultado. Isso requer muita conversa, muito conhecimento. A gente está e busca dessa fórmula", ressalta Kleiton. "A gente vai criar alternativas. Primeiro precisa ter um projeto, ouvir quais são as dificuldades, o que pode ser feito."

O ex-treinador da seleção brasileira acredita que contará com o apoio do presidente Jair Bolsonaro nessa iniciativa. "Tudo que for pertinente para um crescimento do esporte em geral, independente da modalidade, passa na cabeça dele em avalizar. Isso eu não tenho dúvidas. Tudo que for pertinente do ponto de vista social, esportivo, cultural, vai ter um empenho considerável dessa gestão, independente da modalidade. Isso tudo engrandece e enriquece a cultura desse país."   

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Benê Lima