Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quarta-feira, julho 17, 2019

Um Novo Calendário para o Futebol Brasileiro Entrar no Século XXI

Resultado de imagem para calendário da cbf para 2019
Divulgação / CBF

Se queremos que o futebol brasileiro evolua, este precisa ser melhor gerido. E, para haver melhor gestão, é preciso repensar o calendário.
Esse é o discurso que tem sido feito reiteradas vezes. É preciso que deixe de ser discurso, para se tornar realidade.
Um passo fundamental para isso é que se torna necessário tomar uma decisão corajosa, no futebol brasileiro: não é possível fazer futebol profissional para mais de 600 clubes, de acordo com o número de clubes que disputam Campeonatos Estaduais atualmente.
O que proponho, alternativamente, é o seguinte: tenha-se, no Brasil, 256 clubes profissionais, com os outros revertendo ao amadorismo e certames compatíveis.
Atualmente, o futebol brasileiro possui mais de 600 clubes em atividade. Já tive a ilusão que todos estes deveriam jogar a temporada inteira, como forma de prolongar vínculos profissionais ao longo de cerca de um ano de profissionais de futebol, “inundando” o mercado de empregos.
No entanto, hoje afirmo: isso não é viável.
Dos 600 e tantos clubes mencionados, muitos, a maioria deles, são modestíssimos, incapazes de gerar receitas com constância. Não existe condições para tantos clubes jogarem competições profissionais e, assim, boa parte deles devem aderir ao futebol amador.
Partindo do princípio que pouco mais de 100 clubes no Brasil tenham algum apelo comercial, mesmo que no caso de alguns deles seja um apelo relativo, elaborar um calendário em que mais de 600 clubes estão em atividade a temporada total significaria, das duas, uma:
  • Ou muitas centenas de clubes, de pequeníssimo porte, perderiam cada vez mais dinheiro a cada partida oficial.
  •  
  • Ou se precisaria de mega subsídios, um valor monetário exorbitante, para financiá-los, levando os diversos stakeholders da atividade futebolística à bancarrota (não sou contra subsídios aos clubes menores, mas estes devem ser corretamente direcionados).
Cabe ressaltar, contudo, que a antítese a esta ideia também não é salutar para o nosso futebol: ter-se uma estrutura em que de 40 a 60 clubes, apenas, jogam a temporada inteira é igualmente um erro. Seria uma verdadeira elitização do futebol brasileiro.
Elitizar o futebol é algo equivocado, que não é bom para o negócio, não condiz com nossa tradição, com nossa dimensão, com nossa vocação democrática.
Levando-se em consideração que nosso país tem 27 unidades federativas, e que cada uma delas tivesse três clubes profissionais, só aí se está contemplando 81 clubes.
Acrescente-se o seguinte: um estado como São Paulo, com tantos clubes de futebol tradicionalíssimos, pode ter menos de 30 clubes profissionais? E como um estado como o Rio de Janeiro pode ter menos de 20 clubes profissionais? E como estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul podem ter menos, cada um, de 15 clubes profissionais? E assim por diante.
Em suma: futebol profissional no Brasil com apenas dezenas de clubes não é algo condizente com o tamanho e a população do país.
Como costumam dizer que no meio é que está a virtude… nem tanto, nem tão pouco. Um calendário não para dezenas de clubes, mas para centenas. Mas não para muitas centenas, e sim para poucas centenas. Um calendário contemplando atividades para 256 clubes ao longo de toda a temporada parece uma solução que, por um lado, não é elitista e, por outro, não é populista.
Partindo-se dessa premissa, os clubes são divididos em duas categorias: os 256 profissionais, que jogam a temporada toda; as centenas de outros, que jogam certames amadores e locais.
Precisa-se, portanto, engendrar um calendário racional, pertinente, eficaz, para os 256 principais clubes do futebol brasileiro. É uma realidade que tem que ser refletida pela Confederação Brasileira de Futebol, pelas Federações, pelas Redes de Televisão, pelos Sindicatos e pelos próprios clubes.
 -------------------------------------
*Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há 40 anos e é autor da obra “O Calendário dos 256 Principais Clubes do Futebol Brasileiro”

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima