Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Com Pé e Cabeça - 107

"O futebol cearense existe, e precisa ser reinventado." (Benê Lima)


Opinião
SINAIS DE AUSÊNCIA DE INTERPOLAÇÃO

Historicamente, não há registro de uma estréia tão humilhante, como a que foi submetida à equipe de Porangabuçu

O título acima significa a total falta de ajustamento do Ceará Sporting Club às necessidades de qualquer competição, mesmo que seja ela o - para muitos - desprestigiado Campeonato Cearense de Futebol Profissional.

O não reconhecimento de que a história dos nossos clubes foi construída no âmbito da competição estadual é uma atitude no mínimo asnática. Sem contar que a disputa local constitui componente de ‘rankiamento’ para os nossos arremedos de clubes.

Certo grau de ignorância cabe a todos os humanos, no que pese sermos considerados entre os terráqueos os animais superiores. Quanto ao grau de ingenuidade, incluo-me entre os assim não tão incautos. Daí termos idéia dos porquês que levaram os dirigentes alvinegros a curvarem-se ante uma fórmula de disputa que, diante mão, já anunciava um início de competição malpropícia para a hoste alvinegra. Dinheiro, dinheiro, dinheiro foi a razão! E o resultado disto é perda de receita. Um contra-senso, não é mesmo?

A fuga de receita provirá exatamente pela avidez desmedida em conquistá-la. Resultado disto: menores público e renda no próximo jogo do Alvinegro; possibilidade de perda de mando de campo, partindo-se do princípio de que a nossa Justiça Desportiva é séria (entenda-se TJD-CE), em face dos fatos manifestos ocorridos no Clenilsão, em Horizonte, fatos estes protagonizados por parte da torcida alvinegra, que insiste em práticas contraproducentes e contrárias ao primado do esporte. Ou seja: disputa saudável; vazão do aspecto lúdico que nos é imanente; indução da feição de sociabilidade que o esporte promove; retroalimentação do componente cultural intrinsecamente ligado ao esporte.

A possibilidade de derrota já fora por mim anunciada em meados da semana passada, com direito a comprovação. Só não antecipamos um desastre daquela dimensão. E, neste quesito, de fato fomos pegos de surpresa. E pensar que o Dr. Eulino Oliveira deslocou-se até Horizonte abastecido de expectativas otimistas, isto nos causa até um ‘tantinho’ de constrangimento, porque nos fere um pouquinho a alma, assistir ao que tem sido feito com o Ceará, após o êxodo dos ‘Alvinegros Históricos’.

E não me venham, por maledicência, dizer que torço por time A ou B, pois esse direito, por legitimidade, só cabe a mim. E o que tenho a dizer sobre esses questionamentos imbecis, é que trato o meu trabalho com tamanho profissionalismo, que fiz da minha condição de torcedor comum, mera excrescência. Portanto, a minha fala e a minha escrita constituem instrumentos a serviço de um futebol que, com raríssimas exceções, é carente de capital intelectual específico (para ele voltado), é desprovido de profissionalismo na verdadeira acepção do termo, é chinfrim em suas iniciativas, mas, paradoxalmente, é extraordinariamente arrogante na postura da maioria de seus dirigentes, além de manter um provincianismo ora chistoso, ora ridículo.

O historicamente grande Alvinegro tem andado em círculos, por responsabilidade dos que o dirigem, e por culpa da incompetência e da desídia de alguns daqueles que o tem representado. Ou não é verdade que os maiores inimigos do Clube são ‘uma dúzia’ dos que se dizem alvinegros?!

Aos torcedores fica a mensagem honesta e positiva de que pior do que está não pode ficar. Logo, dias melhores virão. Aguardem, e contribuam!

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EFEMÉRIDES

Horizonte pesado para o Vozão
Assistimos algo raro: a um jogo de um time só. Se for para falar do Ceará, muito há por fazê-lo. Porém, se é para falar sobre o Ceará, pouco ou quase nada a dizer. Resta-nos reconhecer que no Alvinegro existe algo mais que aquela caricatura de time e o arremedo de administração que aí está. Nada contra quem quer seja. Tudo a favor do Ceará e do futebol cearense. E aí há que ser incluídos o Fortaleza, o Ferroviário, etc. e etc. (...) Com o que não podemos concordar é que a história do Alvinegro seja exposta da maneira como o foi. Nem na época dos Torneios-início recordamos algo semelhante. O time de Porangabuçu sofreu vexame diante de uma equipe organizada, mas que é o time base da 2ª Divisão cearense. O Horizonte demonstrou que, com um mínimo de estrutura e planejamento, o ‘pequeno’ supera o ‘grande’. E de mão espalmada, cumprimentou – figurativamente falando – a meta alvinegra. E ‘São Imponente Adilson’ não pode fazer nada. Sabe por que, Adilson? Porque o futebol não resiste aos sofismas (fingimentos). Que tal vestir o uniforme de treinamento do clube, senhor Adilson? Que tal jogar para o clube, para o time e não só para a galera? Nem sois um ‘enfant gaté’ nem um ‘enfant terrible... Talvez, tão-somente, um bocadinho ególatra.

Cuidado, Horizonte
Os 5 a 1 sobre o Ceará não mostram a realidade nem de um nem do outro time. O Horizonte dificilmente vai ter as facilidades que teve. O Ceará dificilmente vai continuar tão mal quanto esteve. Fazendo uma projeção, colocaria o Horizonte numa faixa intermediária, o que já representa um avanço extraordinário para uma equipe novíssima e emergente. Acompanho – se bem que a certa distância – o trabalho que vem sendo realizado pelo caçula e debutante de nossa Divisão de Elite. Há seriedade e uma tentativa de profissionalismo. No entanto, fica um conselho a Falcão, integrante da comissão técnica que conosco falou no Domingo Esportivo da Verdinha. Comuniquem-se melhor, tanto com seu público interno quanto com seu público externo. Evidentemente que neste contexto está a relação do clube com a Crônica Esportiva. O testemunho é nosso (meu), por isso carimbo e assino.

Ferrão se nivela com Itapipoca
Dizer que não foi frustrante o empate na estréia, não admitir isto ainda mais no Estádio Elzir Cabral, alçapão Coral, é faltar com a verdade. Ferroviário e Itapipoca precisam otimizar os seus rendimentos em campo. Por enquanto, o Campeonato Cearense está ligeiramente nivelado por baixo em relação ao de 2007. Quem ganha com isso é o Fortaleza, que não tem nada a ver com isso. Afinal, em “terra de cego quem tem um olho é rei”. Contudo, muita bola há que rolar. E o futebol – todos sabem – é muitíssimo dinâmico.

Fortaleza ganha com Time-B
Tivemos de tudo na partida entre Uniclinic e Fortaleza: erros de montão; acertos significativos; alternativas em profusão; uma presença marcante do treinador Silas Pereira, do Tricolor do Pici. O ponto de partida do planejamento tático tricolor foi o 4-4-2. Com a vantagem construída, Silas manteve o esquema básico, interagindo apenas com o posicionamento de alguns atletas e com a amplitude ofensiva. Diante do gol sofrido, Silas teve duas atitudes da maior coerência: manteve Rômulo para prestigiá-lo e fez a equipe que naturalmente tendia para a configuração 4-3-3 e 4-2-4 voltar ao 4-4-2. E este foi o ‘pulo do gato’. A equipe se reorganizou com a entrada de Válter e a saída de Osvaldo, havendo claramente um maior equilíbrio de suas três linhas: defesa, meio-campo e ataque. Desse modo, a atuação dos laterais – notadamente Michel -, aliada ao posicionamento mais aberto dos meias, acabou forçando as aproximações, dando ao time um repertório maior de jogadas, além do voluma de jogo necessário para exercer pressão constante sobre a Águia da Precabura. O Tricolor do Pici jogou o suficiente para ganhar com méritos do freguês Uniclinic.

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BREVES E SEMIBREVES ®

Palomares. Bom de papo, receptivo e acessível o Coordenador Técnico do Fortaleza. Que a ciumeira dos ‘aspones’ não o rife, assim como foi feito com Sérgio Papellim.

Sem suor. O veterano Maurílio nem precisou suar a camisa para contribuir com o “Zontão”. Atuação discretíssima. Dele se esperava um pouco mais. Ficou devendo.

Impressão. O zagueiro tricolor Lucas, terá que mostrar muito mais futebol para disputar a posição com Preto. Por enquanto, este é titularíssimo.

Impressão 2. Ricardinho, meia do Leão, mostrou-se distante tanto do ex, Cristian quanto do ex, Rogerinho.

Ah, Claiton! De quantas oportunidades precisará o atacante Claiton para provar que não resolve o problema de carência em sua posição? Língua é feita para falar; mas que, simbolicamente, queime-se a minha.

Ô Lelê ô. Baixinho por baixinho, sou mais Vaninho, do Uniclinic. Acompanhei Lelê no Caucaia Esporte Clube, onde o maior destaque foi o veterano Zezinho. Que por sinal não poupou Lelê: “Um atleta que não se cuida e ainda quer jogar Ceará”, disparou o sósia do Romário.

Haja desafio. O técnico Heriberto enfrentou talvez o seu maior desafio: ter de montar o time mais improvisado de sua vida. Lateral-direito de volante; lateral-esquerdo de zagueiro. Como se não bastasse, um meia e que não funcionou e dois atacantes fora de forma. Se duvidar, ainda vai aparecer gente ‘criativa’ para culpar o treinador.

Arbitragem. Luzimar Siqueira foi bem em Horizonte. Moita foi pusilânime no PV. Com todo respeito, jamais gostei do 'Estilo Vila Nova" do Manoel Moita. E a verdade é que a essa altura da carreira, Moita dificilmente adotará outro estilo. Lamenta-se!

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Benê Lima
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