Opinião
A ENTREVISTA DO VICE-GOVERNADOR
O Professor Francisco Pinheiro, governador em exercício, passa-nos uma imagem de sobriedade e integridade. Mas isto não faz dele um ser súpero. E parece que futebol não é a sua ‘praia’.
Somos o país do servilismo. Até os que de esquerda se dizem e algumas vezes assumem publicamente posições ‘xiitas’, transviam-se ante o poder. Aí perdemos as oportunidades das boas entrevistas, assim foi com o Vice-Governador, Senhor Professor Pinheiro, na nossa pioneira Ceará Rádio Clube.
A falta de organização mental do entrevistador – aqui falando de maneira genérica – aliada à sua falta de cultura e de senso crítico, acaba por transformar uma entrevista potencialmente boa em uma ‘entrefala’ insuportável.
O jornalismo – mesmo o esportivo – tem a obrigatoriedade de dois componentes: a imparcialidade e o distanciamento dos fatos. O jornalismo esportivo é uma editoria que deve ser tratada com muito cuidado, já que lida com a paixão do público. Ademais, não é difícil nos depararmos com torcedores que sabem mais sobre a história e a situação atual de seus times do que alguns repórteres.
Outro fator do qual decorre algumas críticas à Crônica Esportiva, em especial aos radialistas, é pelo envolvimento de alguns deles com jogadores e dirigentes. E como dizem por aí, “essa leniência com a cartolagem corrupta e a convivência acrítica com federações viciadas destroem a reputação daqueles a quem caberia uma função fiscalizadora. A falta de ética pode aniquilar qualquer carreira promissora.
”Mas o que de fato aqui nos inspira neste instante, é pugnar pelo torcedor, lembrando ao governo municipal e em particular ao estadual, que dar dinheiro aos clubes pela via direta é o maior dos equívocos, a ponto de representar um total desprestígio para com a razão de ser do espetáculo futebol: o torcedor.
Se a Prefeita de Fortaleza e o Vice-Governador conhecessem sobre gestão do futebol, jamais se empenhariam em promoções em que os clubes fossem os gestores das iniciativas governamentais. Pois, qualquer medida incentivadora sempre deverá visar o combate à sonegação fiscal, mas deverá levar em conta a promoção da presença de público nos estádios.
O incentivo ao torcedor do presente e o estímulo ao torcedor do futuro devem constituir o cerne de quaisquer campanhas. Logo, o ‘vale-futebol’ deve ser subsídio direto para o torcedor, e não subvenção para os cartolas. Afinal, o que se quer é a presença do torcedor nas praças esportivas – repito. E, se o benefício for dado aos clubes para repasse, o torcedor jamais será o beneficiário de tais campanhas.
A troca de notas fiscais e de cupons fiscais por ingressos é o meio eficaz de afastar os agenciadores inescrupulosos, garantindo assim a lisura do processo. E que incautos e espertalhões fiquem atentos... Uns, para se protegerem; outros, para se acautelarem.
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EFEMÉRIDES
Boa Viagem deixa Leão acuado
O time leonino fez o suficiente para nos dar a falsa impressão de que ganharia o jogo com extrema facilidade. Isto muito mais em função da omissão do time local, que pelos méritos da equipe do técnico Silas Pereira. De repente, o menos provável aconteceu: o técnico Nicácio conseguiu alterar o posicionamento do seu time, adiantando a marcação e dificultando sobremaneira a saída de bola do time do Pici. Dentro deste panorama diverso do da 1ª fase, o Boa Viagem imprimiu um padrão de jogo em que pressionava o adversário, forçando-o a cometer muitos erros de passe e não o deixando armar as jogadas ofensivas. Com as entradas de Cleiton no posto de Rômulo e de Guto em lugar de Rogerinho, o que estava ruim ficou pior. Um meio-campo inoperante e um ataque ineficaz deram o tom do Leão no 2º tempo. Disto se valeu o Boa Viagem, que ajudado pelo mau posicionamento da zaga tricolor, notadamente de Juninho e Michel, chegou ao empate através do jogo aéreo, situação em que até o goleiro Thiago Cardoso andou falhando. Quando aos 30 min da fase final Silas retirou Paulo Isidoro e colocou em seu lugar o atleta Válter, o que virara pior ficou péssimo. Para quem imaginava que a partida contra o Guara-Ju fosse a ‘descartável’, pior foi a má viagem de volta proporcionada pelo Boa Viagem.
Alvinegro escapa por um triz
Dois jogos em um. Um Ceará insinuante (sem trocadilho entre Rabelo e Insinuante), consciente, aplicado, pegador, só não brilhante. Um Ferroviário temeroso, excessivamente cauteloso e inibido no 1º tempo de partida. Ainda assim, o Alvinegro tinha um ataque pouco competente e uma defesa vulnerável pelo setor de Bruno Lourenço. Só isto já valeu ao Ferrão um contra-ataque mortal em que o zagueiro aludido tomou um drible desconcertante e acabou metendo a mão na bola. Pênalti bem marcado pelo árbitro e mal cobrado por Danilo Pitbull. Veio o 2º tempo e com ele um Tubarão agressivo e envolvente. A lida dos treinadores virou jogo de xadrez e a disputa entre os atletas um labor grandioso. As variações táticas se sucederam, com as ações pró-ativas tendo as réplicas e tréplicas reativas. Pelo Ceará, as variáveis passaram pelo 4-4-2, pelo 3-5-2 e até pelo 3-6-1. Já o Ferrão usou o 4-4-2, foi ao 4-3-3 com a entrada de Valmir e voltou ao 4-4-2 com a saída de Danilo. Resultado injusto para o Ferrão.
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BREVES E SEMIBREVES ®
Palomares. Disse-lhe das necessidades do seu Tricolor. O time precisa ser formado a partir do elenco que aí está para que façamos uma avaliação. Com esse time-b, cujo meio-campo e ataque são fraquíssimos, o Leão não vai a lugar nenhum.
Balancê. A situação do técnico Silas Pereira começa a ficar ruim. Se com Taílson, Lúcio, Erandir e Simão a equipe não render, Silas passará a ter um ‘Bonamigo’ em seu encalço. Depois dos empates insípidos frente a Guarani de Juá e a Boa Viagem, Pereira já não tem o apoio de boa parte da torcida leonina.
Justiça. Para que não cometamos injustiça, vale dizer que os problemas da defesa do Fortaleza não atende pelo nome de Lucas. Causou-me estranheza saber que o companheiro Fernando Graziani deu nota 4.0 ao Lucas e atribuiu 7.0 ao zagueiro Juninho; 6,5 ao Márcio Azevedo... Juro que não alcancei o critério!
Bola murcha. Os atletas das categorias de base do Tricolor de Aço (Guto, Cleiton e Osvaldo), além dos experimentados Dude e Juninho Cearense não se encontram no nível do que se pretende para um time vencedor. Ademais, o setor direto da defesa tricolor vem falhando no posicionamento do jogo aéreo.
Brucutus e medianos. Embora reconheçamos o quanto é dinâmico o futebol, o que esperar de um meio-campo com Dude, Rogério, Válter e Márcio Azevedo? Imaginação? Criatividade? Toque de bola refinado? Nem pensar... E de um ataque com Osvaldo e Cleiton? Velocidade? Rapidez de raciocínio? Alto ‘QI’ futebolístico? Tá longe!
Agora elogio. À TV Diário, que passou a ‘fotografar’ as imagens de modo diverso: abriu o enquadramento, assim mostrando e valorizando os patrocínios e parcerias dos nossos clubes. Apreciação de quem tem formação na área. Afinal, ajudei a reformular a cadeira de fotografia da Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, em Sampa.
Com muito cuidado! Assim devem ser tratados os anunciantes e seus textos. Tem gente lendo anúncio como se o anunciante nada valesse. Ou não é deles que sobrevivemos? Então, tornemos os seus textos inteligíveis!
Bom humor. Com seu jeitão espirituoso, Gomes Farias saiu-se com mais esta: “O Itamar (Monteiro) não pode trabalhar em televisão porque se mexe muito”, fazendo menção aos conhecidíssimos tiques do velho e bom Itamar.
Descompostura. Em atitude de flagrante desrespeito para com a categoria, o cronista Renato Abreu desacatou a orientação da Apcdec, menosprezando os seguidos apelos do servidor Basílio, adentrando-se às dependências do PV de modo irregular. Apesar de inteiramente censurável, a atitude do citado companheiro não nos causa estranheza. Seus arroubos de arrogância são conhecidos pelos mais ‘singelos’. Um pouco de humildade não faz mal algum!
Nível da arbitragem. Luzimar Siqueira vem se repetindo nas escalas. Parece-nos o mesmo processo protecionista que foi posto em prática com o Cleston Santino. Sem nenhum tom acusatório, gostaríamos de ver uma atitude mais democrática e transparente neste tocante. E digo mais: não estou inventando nada!
Nível da arbitragem 2. Percebe-se nitidamente certa proteção para com os ‘dois grandes’. Até aqui, pela ordem. Manoel Moita, Marco Antonio Sampaio, Almeida Filho e Luzimar Siqueira encabeçam o ‘ranking’ dos pusilânimes.
Nível da arbitragem 3. Ressalte-se que tecnicamente nossa arbitragem até que vai bem. O grande problema é no aspecto disciplinar. Aí, haja ‘pipocões’ e ‘amarelões’ em vez de cartões amarelos e vermelhos.
Precipitação. Nosso caro Bonifácio de Almeida apressou-se em apontar erro onde não havia. Morais Filho utilizou corretamente o termo ‘cabina’ ao invés de ‘cabine’ – ambos corretos. Boni foi açodado em seu sarcasmo.
Embate. O desfile das estratégias táticas de alguns treinadores locais, tem-nos chamado a atenção. Nicácio, pelo Boa Viagem, Oliveira Lopes, pelo Ferroviário e Heriberto da Cunha pelo Ceará, foram os destaques da semana.
Nota mil. O técnico Flávio Araújo dispensou o Uniclinic e ainda declarou que não assumiria clube algum, por dinheiro nenhum. O Barras e seu compromisso com aquele clube estão acima de qualquer coisa. É uma questão de palavra. Parabéns!
Juízo de valor. Costumo dizer que levo mais em conta o que vejo e ouço das pessoas do que o que delas me dizem. Gomes Farias e Alan Neto são pessoas que tratam a todos com cordialidade incomum. Por isso também - sem dúvida - são figuras egrégias da Crônica a qual pertenço. Mais que mera opinião, isso é um testemunho. Enfim, nossos ‘ensaios’ contemplam a boa crítica sem perderem de vista o encômio autêntico.
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*PARA CIRCUNSPECÇÃO”
"Em nossa ‘província’, de cada mil horas de futebol, outras cem são de besteirol.” (Benê Lima)
”No futebol cearense, não colecionar inimigos já é um grande feito.” (Benê Lima)
"Não há ética na mentira, na dissimulação, na bajulação, na subserviência e, menos ainda, na ignomínia." (Benê Lima)
Benê Lima
85 8898-5106, o telefone da comunicação