COM PÉ E CABEÇA - ANO IV - Nº132
"O futebol cearense existe, e precisa ser reinventado." (Benê Lima)
Opinião
FUTEBOL CEARENSE: FALTAM PROFISSIONAIS; SOBRAM TORCEDORES
Torcer é coisa de torcedor; fazer rádio é coisa de profissional
Chego à conclusão que o rádio esportivo cearense, no que pese podermos constatar a presença de vida inteligente, caracteriza-se, fundamentalmente, como o menos qualificado dos meios de comunicação.
As televisões, os jornais e os multimeios sérios que campeiam na ‘globosfera’ virtual conseguem cumprir, senão uma elevada exigência qualitativa, mas ainda assim superam à distância o atual ‘modus operandi’ do rádio com que coabitamos.
Tal situação de penúria em que o rádio se meteu, deve-se principalmente ao modelo predominantemente mercantilista que as emissoras têm adotado, conforme podemos observar pela falta de critério tão evidente em muitos dos arrendamentos. Percebe-se, sem esforço algum, que o faturamento constitui a prioridade de muitas emissoras, sem que se mantenha um mínimo de comprometimento com a qualidade. Desse modo, não há nenhum controle efetivo de qualidade quanto à programação, o que acaba causando prejuízo também quanto ao cumprimento do aspecto ético da comunicação social. Nesse ambiente inóspito, de mentira e servidão voluntária, coexistem dos bons aos maus profissionais, com estes envergonhando àqueles.
Caberia às entidades de classe terem, nesse particular, uma atuação fiscalizadora intensiva, cumprindo os seus papéis como salvaguardas da qualidade mínima, atitude sobranceira que se prestaria não só à preservação da categoria, mas que também teria repercussões positivas junto à sociedade em geral.
O rádio esportivo cearense se tem tornado anacrônico, ultrapassado, entre outras coisas por encontrar-se em muito dissociado do aspecto conceitual que o futebol há muito incorporou. E exatamente por não enxergarem isso, muitos dentre nós estagnamos em um fazer radiofônico superficial, meramente informativo e pasteurizado, com algumas pitadas de opinião - é verdade -, mas uma opinião eivada pelo pecado original da inconsistência informativa.
Decididamente, é pouco, muito pouco nos contentarmos tão-somente com a análise dos reflexos da complexa realidade futebolística, aquela que é representada dentro das quatro linhas que constituem o retângulo do jogo jogado. É imprescindível, pois, a ampliação de tão estreito feixe de conhecimento, para assim podermos perscrutar e conhecer uma nova e açambarcadora realidade.
Na verdade, estamos, em certa medida, diante do seguinte dilema:
“Ou repensamos seriamente o rádio, ou o rádio, como tem sido feito, continuará a nos mutilar.”
* * *
EFEMÉRIDES
Estrago de parte a parte
No geral, jogo bom, entre a Ponte Preta e o Fortaleza. Embora consideremos os objetivos distintos de um e de outro time, o resultado de empate foi prejudicial para ambos. À Macaca por estar de flerte com o G4 de cima; ao Leão, por querer livrar-se da proximidade do G4 de baixo. Mas não foi por falta de empenho o resultado de igualdade. A Ponte fez por onde ganhar, pela natural pressão e conseqüente volume de jogo; já o Tricolor de Aço poderia ter ganhado e mais próximo esteve, pelo empenho de seus jogadores e pela técnica individual de um deles: Osvaldo. A julgar pelo aspecto geral, o Fortaleza foi mais injustiçado que a Ponte.
Crucificação indevida
Muitas foram as críticas ‘a priori’ proferidas contra o técnico Heriberto da Cunha, por ele lançar mão da segurança da plataforma 1-3-5-2. E, embora por caminhos ‘tortuosos’, por um triz Heriberto não dá uma resposta altissonante às desarrazoadas proposições. Questão de mero detalhe que o técnico leonino precisa consertar. Afinal, barreira é barreira e não peneira. Ouviu Tiago Cardoso?
Risco para Rinaldo
Vaticinar o ocaso de uma carreira é penoso para nós, além do risco que isso pode representar à luz da justiça. Contudo, ou Rinaldo reencontra seu melhor futebol, ou sua carreira estará fadada ao fim. Explico. Há jogadores que são dependentes de uma única característica: a da velocidade. Rinaldo é um destes. E quando a aptidão física começa a lhe faltar, a bola míngua. Por isso tem sido impressionante a bola murcha do ex-Ligeirinho. Duas vezes substituído no intervalo dos jogos, por mera generosidade de Heriberto, quando na verdade, pelo que tem deixado de apresentar, O ex-The Flash deveria ser a sexta opção de ataque do Leão. Antes, deveriam estar elencados: Osvaldo, Léo Jaime, Adailton, Bambam e Mateus. Mas, o futebol é dinâmico ao extremo. Cabe ao Rinaldo mudar a presente realidade.
Lúdico, leve e solto
Não entendo os porquês de tantas pessoas pensarem a escala dos times de maneira tão conservadora e atrasada. Uma das mais ardentes discussões é a que trata da condição de titularidade dos jogadores. Para quem não sabe, deste ponto de vista não sou nada conservador. O bom técnico Cuca, quando de sua recente passagem pelo Santos de Pelé, foi ‘acusado’ de complicar as coisas, pelas variações táticas que tentou implementar. Imaginem se Cuca por aqui estivesse! O atacante Osvaldo nunca rendeu tanto quanto agora, entrando no intervalo das partidas. A meu ver, o aproveitamento de Osvaldo representa recurso, estratégia em uma sistematização que permite uma imensa variação em sua dinâmica. Assim, Osvaldo tem desequilibrado em favor de sua equipe, fazendo partidas como a contra a Ponte Preta, em que foi o melhor entre todos.
Desmistificando
As plataformas e sistemas de jogo representam conceitos de meros pontos de partida para as engenhosas dinâmicas de jogo. Portanto, analogamente representam a moldura da fotografia a que se pretende chegar, a partir de um enquadramento planejado e de uma composição minuciosamente estudada. Por isso, o futebolista (atleta) brasileiro precisa evoluir em sua compreensão, a fim de que os bons treinadores possam exercitar suas sistematizações, com todas as suas dinâmicas e variáveis. E para que o torcedor possa se iniciar no processo de entendimento da matéria, faz-se necessário que os comentaristas também busquem uma nova compreensão da realidade técnica e tática do futebol. Do contrário, o ‘turnover’ (rotatividade de mão-de-obra) entre os treinadores permanecerá na escala absurda em que se mantém.
* * *
BREVES E SEMIBREVES ®
Pode melhorar
Costumo prestigiar o trabalho da Televisão Verdes Mares. Ao contrário de alguns, não cultuo o ‘complexo de vira-latas’. Gosto do trabalho do jovem Antero Neto, e mais ainda o do experiente Paulo César Norões, como comentarista de tv. PCN conhece a linguagem do referido veículo e a ela está adaptado. Já a turma da reportagem precisa ter mais cuidado com as informações passadas. Dizer que Paulo Isidoro se machucou em um treino do Fortaleza, numa disputa de bola com Adailton, constitui duplo erro. Mais cuidado!
Na bronca
Heriberto não tem gostado nem do futebol que não vê, nem da postura passiva e às vezes impassível que tem sido vista do atacante Rinaldo. Ao ser entrevistado por ocasião do intervalo do jogo contra a Ponte, o técnico tricolor, que já havia mandado recados de cobrança ao atleta, com ar indignado vociferou: “Vou tirar o Rinaldo”.
Reprovável...
sob todos os pontos de vista, a postura de um profissional experimentado da nossa crônica esportiva, que fez uma narração voltada para prejudicar o jogador Raul. O zagueiro se antecipou a Raul e ele descreveu que o meia tricolor perdera a bola. Quando o referido atleta acertava os passes ele não dizia que ele houvera acertado outra vez, mas ao errar o narrador dizia em tom reprovador que ele errara outra vez.
Cadeia para cartolas
Rinaldo Martorelli, presidente do Sindicato de Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (Sapesp), apontou como real causa da atual situação do futebol brasileiro como um todo, a irresponsabilidade dos dirigentes com a administração financeira das agremiações e federações. Ainda na visão dele, não há penalizações por conta de más gestões, as quais, muitas vezes, levam patrimônios construídos em dezenas de anos quase à falência.
Privatizar para sobreviver
O lendário Maracanã deverá ser privatizado por um consórcio formado pelo Flamengo, Fluminense, pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e pelo International Stadia Group (ISG). Espera-se que em 2012 as obras estejam concluídas. Diante mão, aconselhamos o Ceará e o Fortaleza que não tentem fazer o mesmo com o Castelão. Para realidades distintas, diferentes soluções.
Aos técnicos da terrinha
Com as presenças ilustres de Rubens Minelli - que fará a abertura - e Carlos Alberto Parreira, tetracampeão mundial com a seleção brasileira em 1994, será aberta no mês de novembro a 15ª edição do Curso Nacional para Treinadores de Futebol, que abordará desde metodologias de treinamento e preparação física, até aspectos de arbitragem, ética e reabilitação fisioterápica na modalidade. Telefone: (11)3392-5200 - Website: www.sitrepfesp.org.br
Benê Lima
benecomentarista@gmail.com
benelima@ymail.com
(85) 8898-5106
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"O futebol cearense existe, e precisa ser reinventado." (Benê Lima)
Opinião
FUTEBOL CEARENSE: FALTAM PROFISSIONAIS; SOBRAM TORCEDORES
Torcer é coisa de torcedor; fazer rádio é coisa de profissional
Chego à conclusão que o rádio esportivo cearense, no que pese podermos constatar a presença de vida inteligente, caracteriza-se, fundamentalmente, como o menos qualificado dos meios de comunicação.
As televisões, os jornais e os multimeios sérios que campeiam na ‘globosfera’ virtual conseguem cumprir, senão uma elevada exigência qualitativa, mas ainda assim superam à distância o atual ‘modus operandi’ do rádio com que coabitamos.
Tal situação de penúria em que o rádio se meteu, deve-se principalmente ao modelo predominantemente mercantilista que as emissoras têm adotado, conforme podemos observar pela falta de critério tão evidente em muitos dos arrendamentos. Percebe-se, sem esforço algum, que o faturamento constitui a prioridade de muitas emissoras, sem que se mantenha um mínimo de comprometimento com a qualidade. Desse modo, não há nenhum controle efetivo de qualidade quanto à programação, o que acaba causando prejuízo também quanto ao cumprimento do aspecto ético da comunicação social. Nesse ambiente inóspito, de mentira e servidão voluntária, coexistem dos bons aos maus profissionais, com estes envergonhando àqueles.
Caberia às entidades de classe terem, nesse particular, uma atuação fiscalizadora intensiva, cumprindo os seus papéis como salvaguardas da qualidade mínima, atitude sobranceira que se prestaria não só à preservação da categoria, mas que também teria repercussões positivas junto à sociedade em geral.
O rádio esportivo cearense se tem tornado anacrônico, ultrapassado, entre outras coisas por encontrar-se em muito dissociado do aspecto conceitual que o futebol há muito incorporou. E exatamente por não enxergarem isso, muitos dentre nós estagnamos em um fazer radiofônico superficial, meramente informativo e pasteurizado, com algumas pitadas de opinião - é verdade -, mas uma opinião eivada pelo pecado original da inconsistência informativa.
Decididamente, é pouco, muito pouco nos contentarmos tão-somente com a análise dos reflexos da complexa realidade futebolística, aquela que é representada dentro das quatro linhas que constituem o retângulo do jogo jogado. É imprescindível, pois, a ampliação de tão estreito feixe de conhecimento, para assim podermos perscrutar e conhecer uma nova e açambarcadora realidade.
Na verdade, estamos, em certa medida, diante do seguinte dilema:
“Ou repensamos seriamente o rádio, ou o rádio, como tem sido feito, continuará a nos mutilar.”
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EFEMÉRIDES
Estrago de parte a parte
No geral, jogo bom, entre a Ponte Preta e o Fortaleza. Embora consideremos os objetivos distintos de um e de outro time, o resultado de empate foi prejudicial para ambos. À Macaca por estar de flerte com o G4 de cima; ao Leão, por querer livrar-se da proximidade do G4 de baixo. Mas não foi por falta de empenho o resultado de igualdade. A Ponte fez por onde ganhar, pela natural pressão e conseqüente volume de jogo; já o Tricolor de Aço poderia ter ganhado e mais próximo esteve, pelo empenho de seus jogadores e pela técnica individual de um deles: Osvaldo. A julgar pelo aspecto geral, o Fortaleza foi mais injustiçado que a Ponte.
Crucificação indevida
Muitas foram as críticas ‘a priori’ proferidas contra o técnico Heriberto da Cunha, por ele lançar mão da segurança da plataforma 1-3-5-2. E, embora por caminhos ‘tortuosos’, por um triz Heriberto não dá uma resposta altissonante às desarrazoadas proposições. Questão de mero detalhe que o técnico leonino precisa consertar. Afinal, barreira é barreira e não peneira. Ouviu Tiago Cardoso?
Risco para Rinaldo
Vaticinar o ocaso de uma carreira é penoso para nós, além do risco que isso pode representar à luz da justiça. Contudo, ou Rinaldo reencontra seu melhor futebol, ou sua carreira estará fadada ao fim. Explico. Há jogadores que são dependentes de uma única característica: a da velocidade. Rinaldo é um destes. E quando a aptidão física começa a lhe faltar, a bola míngua. Por isso tem sido impressionante a bola murcha do ex-Ligeirinho. Duas vezes substituído no intervalo dos jogos, por mera generosidade de Heriberto, quando na verdade, pelo que tem deixado de apresentar, O ex-The Flash deveria ser a sexta opção de ataque do Leão. Antes, deveriam estar elencados: Osvaldo, Léo Jaime, Adailton, Bambam e Mateus. Mas, o futebol é dinâmico ao extremo. Cabe ao Rinaldo mudar a presente realidade.
Lúdico, leve e solto
Não entendo os porquês de tantas pessoas pensarem a escala dos times de maneira tão conservadora e atrasada. Uma das mais ardentes discussões é a que trata da condição de titularidade dos jogadores. Para quem não sabe, deste ponto de vista não sou nada conservador. O bom técnico Cuca, quando de sua recente passagem pelo Santos de Pelé, foi ‘acusado’ de complicar as coisas, pelas variações táticas que tentou implementar. Imaginem se Cuca por aqui estivesse! O atacante Osvaldo nunca rendeu tanto quanto agora, entrando no intervalo das partidas. A meu ver, o aproveitamento de Osvaldo representa recurso, estratégia em uma sistematização que permite uma imensa variação em sua dinâmica. Assim, Osvaldo tem desequilibrado em favor de sua equipe, fazendo partidas como a contra a Ponte Preta, em que foi o melhor entre todos.
Desmistificando
As plataformas e sistemas de jogo representam conceitos de meros pontos de partida para as engenhosas dinâmicas de jogo. Portanto, analogamente representam a moldura da fotografia a que se pretende chegar, a partir de um enquadramento planejado e de uma composição minuciosamente estudada. Por isso, o futebolista (atleta) brasileiro precisa evoluir em sua compreensão, a fim de que os bons treinadores possam exercitar suas sistematizações, com todas as suas dinâmicas e variáveis. E para que o torcedor possa se iniciar no processo de entendimento da matéria, faz-se necessário que os comentaristas também busquem uma nova compreensão da realidade técnica e tática do futebol. Do contrário, o ‘turnover’ (rotatividade de mão-de-obra) entre os treinadores permanecerá na escala absurda em que se mantém.
* * *
BREVES E SEMIBREVES ®
Pode melhorar
Costumo prestigiar o trabalho da Televisão Verdes Mares. Ao contrário de alguns, não cultuo o ‘complexo de vira-latas’. Gosto do trabalho do jovem Antero Neto, e mais ainda o do experiente Paulo César Norões, como comentarista de tv. PCN conhece a linguagem do referido veículo e a ela está adaptado. Já a turma da reportagem precisa ter mais cuidado com as informações passadas. Dizer que Paulo Isidoro se machucou em um treino do Fortaleza, numa disputa de bola com Adailton, constitui duplo erro. Mais cuidado!
Na bronca
Heriberto não tem gostado nem do futebol que não vê, nem da postura passiva e às vezes impassível que tem sido vista do atacante Rinaldo. Ao ser entrevistado por ocasião do intervalo do jogo contra a Ponte, o técnico tricolor, que já havia mandado recados de cobrança ao atleta, com ar indignado vociferou: “Vou tirar o Rinaldo”.
Reprovável...
sob todos os pontos de vista, a postura de um profissional experimentado da nossa crônica esportiva, que fez uma narração voltada para prejudicar o jogador Raul. O zagueiro se antecipou a Raul e ele descreveu que o meia tricolor perdera a bola. Quando o referido atleta acertava os passes ele não dizia que ele houvera acertado outra vez, mas ao errar o narrador dizia em tom reprovador que ele errara outra vez.
Cadeia para cartolas
Rinaldo Martorelli, presidente do Sindicato de Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (Sapesp), apontou como real causa da atual situação do futebol brasileiro como um todo, a irresponsabilidade dos dirigentes com a administração financeira das agremiações e federações. Ainda na visão dele, não há penalizações por conta de más gestões, as quais, muitas vezes, levam patrimônios construídos em dezenas de anos quase à falência.
Privatizar para sobreviver
O lendário Maracanã deverá ser privatizado por um consórcio formado pelo Flamengo, Fluminense, pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e pelo International Stadia Group (ISG). Espera-se que em 2012 as obras estejam concluídas. Diante mão, aconselhamos o Ceará e o Fortaleza que não tentem fazer o mesmo com o Castelão. Para realidades distintas, diferentes soluções.
Aos técnicos da terrinha
Com as presenças ilustres de Rubens Minelli - que fará a abertura - e Carlos Alberto Parreira, tetracampeão mundial com a seleção brasileira em 1994, será aberta no mês de novembro a 15ª edição do Curso Nacional para Treinadores de Futebol, que abordará desde metodologias de treinamento e preparação física, até aspectos de arbitragem, ética e reabilitação fisioterápica na modalidade. Telefone: (11)3392-5200 - Website: www.sitrepfesp.org.br
Benê Lima
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benelima@ymail.com
(85) 8898-5106
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Benê Lima