Lavar roupa suja é preciso
Em tempos de crise de valores, faz-se imprescindível que mantenhamos o equilíbrio em nossas análises
Se há uma personagem em nossa crônica esportiva que de nós merece um tratamento diferenciado, acima de tudo pelo que representa, chama-se Alan Neto. Além disto, o cidadão Alan, que é parte integrante de alta significância do cronista Alan Neto, de mais encômios se faz merecedor.
Ao destacar as principais facetas da personalidade de um dos nossos cronistas-símbolo, creio estar fazendo a distinção necessária entre aquilo que consideramos relevante na pessoa e no profissional, colocando em discussão tão-somente algumas das opiniões que resultam de seu trabalho, ao qual reputamos como de boa qualidade. Todavia, isso não o deixa a salvo do cometimento de alguns equívocos. Vamos a um deles.
Em sua conceituada coluna Confidencial, publicada no Jornal O Povo, no dia 20 p.p., no tópico sob o título Pés Pelas Mãos, o grande cronista nos convida a mantermos uma ‘superlativa’ desconfiança quando “um árbitro de futebol deixa o estádio, fim de jogo, debaixo de vaias e protestos dos dois times. De duas, uma. Ou é mal intencionado ou é incompetente mesmo. Ou, se for o caso, fiquem com as duas hipóteses”, disse Alan Neto.
Considero de uma infelicidade de ‘mil megatons’ as colocações do renomado cronista, principalmente quando se viu que no tópico seguinte, Palavrões Do Mundo, o mesmo Alan se coloca numa verdadeira teia de contradição e ilogismo. Senão vejamos. Fala de ‘saldo negativo’ na arbitragem do mineiro Quelhas, e aponta os acertos como se fossem erros, numa mistura inaceitável porque desarrazoada.
Como haveremos de considerar componente negativo, a marcação das duas penalidades máximas em favor do Fortaleza? Terá sido injusta a expulsão do goleiro pontepretano Aranha, arrolada no ‘saldo negativo’ do insigne cronista? Que amparo encontra, na realidade dos fatos que envolveram a partida, a afirmativa de o árbitro ‘extrapolou nos acréscimos de seis minutos?
Vale lembrar a distinção a ser feita entre a análise do trabalho do árbitro principal e a de seus assistentes. A arbitragem representa o todo; o árbitro é parte integrante desse mesmo todo, embora seja a parte de maior destaque.
Ademais, constitui uma atitude politicamente incorreta insuflar a opinião pública contra uma categoria que é tão digna quanto qualquer uma outra. Árbitro tem pai, mãe, família, tem caráter, dignidade, possui aspirações em sua carreira e fora dela, e, como dizia Nietzsche – que de louco não tinha nada – é humano, demasiado humano. Como tal, sujeito ao cometimento de equívocos, e aos ditames e liames de suas próprias interpretações, como bem mencionam algumas das regras do jogo.
Se fizermos um esforço para sermos um pouco mais generosos, descobriremos que a falta de justeza em julgarmos o trabalho da arbitragem à luz dos meios eletrônicos, é desumano, é desonesto, é impróprio, é injusto. Logo, qualquer contribuição no sentido da promoção de uma situação em que, no mínimo, revela falta de equanimidade, isso por si só já configura equívoco bem pior que os cometidos por qualquer árbitro e/ou assistente.
No caso em questão, do quê seria lícito à Ponte Preta reclamar? A Heriberto da Cunha, até caberia a reclamação acerca do gol validado por um dos assistentes, coisa que não me consta que ele o tenha feito ao final da partida. Todavia, por que não questionar seu goleiro e sua barreira? Por que não questionar ainda com seus atletas, o cometimento da falta que gerou o gol de empate do adversário?
Não é pela relatividade de muitas verdades, que não se deve buscá-las (as verdades) incessante e incansavelmente.
Busquemos, pois, desarmar os muitos endiabrados espíritos de que é permeado o ambiente do futebol. Não promovamos, mesmo que subliminarmente, a violência em um meio que, antes de tudo, pelo torcedor é para ser encarado como entretenimento.
Afinal, que tipo de profissionais somos nós?
* -*- *
Em tempos de crise de valores, faz-se imprescindível que mantenhamos o equilíbrio em nossas análises
Se há uma personagem em nossa crônica esportiva que de nós merece um tratamento diferenciado, acima de tudo pelo que representa, chama-se Alan Neto. Além disto, o cidadão Alan, que é parte integrante de alta significância do cronista Alan Neto, de mais encômios se faz merecedor.
Ao destacar as principais facetas da personalidade de um dos nossos cronistas-símbolo, creio estar fazendo a distinção necessária entre aquilo que consideramos relevante na pessoa e no profissional, colocando em discussão tão-somente algumas das opiniões que resultam de seu trabalho, ao qual reputamos como de boa qualidade. Todavia, isso não o deixa a salvo do cometimento de alguns equívocos. Vamos a um deles.
Em sua conceituada coluna Confidencial, publicada no Jornal O Povo, no dia 20 p.p., no tópico sob o título Pés Pelas Mãos, o grande cronista nos convida a mantermos uma ‘superlativa’ desconfiança quando “um árbitro de futebol deixa o estádio, fim de jogo, debaixo de vaias e protestos dos dois times. De duas, uma. Ou é mal intencionado ou é incompetente mesmo. Ou, se for o caso, fiquem com as duas hipóteses”, disse Alan Neto.
Considero de uma infelicidade de ‘mil megatons’ as colocações do renomado cronista, principalmente quando se viu que no tópico seguinte, Palavrões Do Mundo, o mesmo Alan se coloca numa verdadeira teia de contradição e ilogismo. Senão vejamos. Fala de ‘saldo negativo’ na arbitragem do mineiro Quelhas, e aponta os acertos como se fossem erros, numa mistura inaceitável porque desarrazoada.
Como haveremos de considerar componente negativo, a marcação das duas penalidades máximas em favor do Fortaleza? Terá sido injusta a expulsão do goleiro pontepretano Aranha, arrolada no ‘saldo negativo’ do insigne cronista? Que amparo encontra, na realidade dos fatos que envolveram a partida, a afirmativa de o árbitro ‘extrapolou nos acréscimos de seis minutos?
Vale lembrar a distinção a ser feita entre a análise do trabalho do árbitro principal e a de seus assistentes. A arbitragem representa o todo; o árbitro é parte integrante desse mesmo todo, embora seja a parte de maior destaque.
Ademais, constitui uma atitude politicamente incorreta insuflar a opinião pública contra uma categoria que é tão digna quanto qualquer uma outra. Árbitro tem pai, mãe, família, tem caráter, dignidade, possui aspirações em sua carreira e fora dela, e, como dizia Nietzsche – que de louco não tinha nada – é humano, demasiado humano. Como tal, sujeito ao cometimento de equívocos, e aos ditames e liames de suas próprias interpretações, como bem mencionam algumas das regras do jogo.
Se fizermos um esforço para sermos um pouco mais generosos, descobriremos que a falta de justeza em julgarmos o trabalho da arbitragem à luz dos meios eletrônicos, é desumano, é desonesto, é impróprio, é injusto. Logo, qualquer contribuição no sentido da promoção de uma situação em que, no mínimo, revela falta de equanimidade, isso por si só já configura equívoco bem pior que os cometidos por qualquer árbitro e/ou assistente.
No caso em questão, do quê seria lícito à Ponte Preta reclamar? A Heriberto da Cunha, até caberia a reclamação acerca do gol validado por um dos assistentes, coisa que não me consta que ele o tenha feito ao final da partida. Todavia, por que não questionar seu goleiro e sua barreira? Por que não questionar ainda com seus atletas, o cometimento da falta que gerou o gol de empate do adversário?
Não é pela relatividade de muitas verdades, que não se deve buscá-las (as verdades) incessante e incansavelmente.
Busquemos, pois, desarmar os muitos endiabrados espíritos de que é permeado o ambiente do futebol. Não promovamos, mesmo que subliminarmente, a violência em um meio que, antes de tudo, pelo torcedor é para ser encarado como entretenimento.
Afinal, que tipo de profissionais somos nós?
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Benê Lima