(10.12.2008) COM PÉ E CABEÇA - ANO IV - Nº138
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Opinião – I
DIRIGENTES INDIRIGÍVEIS
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Fala-se muito em formação de atletas, como uma espécie de panacéia redentora do futebol cearense. Ledo engano. Mas esta é uma outra discussão. O debate que deve nos interessar mais de perto é o que respeita à formação de dirigentes, sem o quê nosso futebol persistirá sem rumo.
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Tudo começa com o dirigente, mormente com aqueles que se situam na linha de frente das nossas agremiações. São eles que traçam ou deveriam traçar as linhas-mestras do plano de trabalho, definindo desde a filosofia que inspirará suas gestões, passando pela decisão de quais modalidades serão contempladas com recursos, e finalmente elegendo o ‘modus operandi’ de suas administrações.
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Mas isso não tem mudado a realidade dos nossos clubes, pois que acabam tendo a categoria futebol profissional masculino como dominante, senão exclusiva.
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O curioso é que a exclusividade tende a construir uma base de especialização, o que deveria representar ao menos a sedimentação do conhecimento empírico. Na prática, contudo, o que temos assistido é a repetição dos mesmos erros por parte dos cartolas responsáveis pelas nossas entidades de prática desportiva. Essa condição errática nos conduz ao raciocínio de que o capital emocional tem funcionado como elemento subtrativo do capital intelectual, situação que precisa ser corrigida.
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O futebol adquiriu tal complexidade em seu gerenciamento, que um departamento de futebol profissional – e simplesmente ele – necessita de recursos humanos, além do financeiro, para que possa atender com eficácia às demandas oriundas de suas exigências. Como exemplos disto, podemos mencionar as figuras de um diretor com conhecimento da área, de um profissional com conhecimento do mercado de atletas, de outro profissional com experiência na lida e confecção de contratos, de pessoa que trabalhe a interface da relação entre comissão técnica/atletas/clube, isto para ficarmos apenas no essencial.
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Nosso anacronismo salta aos olhos de quantos exercitam a crítica. Nossa crônica tem alguns espasmos de vida inteligente, mas não é esta a regra. Até os estatutos dos nossos clubes dão testemunho desse anacronismo, ao fixarem extemporaneidades inteiramente prejudiciais às suas administrações, do ponto de vista da celeridade reclamada para a tomada de algumas medidas, como por exemplo, a adequação de suas eleições.
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Diante do que temos visto, concluo que é impensável admitirmos o modelo idealizado de autogestão, quando na verdade nem gestão é o que temos em nossas entidades de prática desportiva. Resta-nos, pois, convivermos com um embrionário e incipiente modelo de gerenciamento, tentando compensá-lo com o improviso da agilidade decisória, e pela adoção de medidas compensatórias copiadas de clubes que adotam modelos vitoriosos, mas sem perdermos de vista nossas peculiaridades e nossa realidade.
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Vale lembrar aos dirigentes do nosso futebol, que profissionalismo sem dirigentes profissionais é obra de ficção. Portanto, que invistamos na formação da classe dirigente do futebol cearense, a fim de que finalmente tenhamos dirigentes profissionais, alguns dos quais regiamente remunerados.
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Parafraseando um famoso Rui – que assinava Ruy Barbosa -, o mais são desvarios provindos de uma condição de alienação de nossa realidade circundante.
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Opinião - II
DESCONCENTRAÇÃO DE PODER EM PORANGABUÇU
A história se repete, e outra vez um projeto político-partidário aporta no Ceará, e o Presidente do Alvinegro já começa a mudar sua postura
Lula Pereira precisaria ter sensibilidade política para perceber o que está acontecendo em Porangabuçu. É notório que o apoio a ele foi negado porque Evandro Leitão comprometeu-se com o grupo que tem a frente André Figueiredo. Só não entendo porque o nome forte que foi tentado, para assumir o comando técnico do Alvinegro, foi o de Givanildo Oliveira.
Se Lula representa algum tipo de impedimento para as pretensões dos que lá estão, o nível de independência de Givanildo é ainda maior. Ademais, o experiente e vitorioso treinador não aceita a política ‘experimentalista’ adotada pelo departamento de futebol alvinegro durante este ano. Com ‘Giva’, o ‘custo-Ceará’ seguramente dará um salto, o que não deixa de ser preocupante.
A análise da situação que se apresenta no Ceará, comporta pelo menos dois tipos de leitura. Um deles é o de que se instala no clube uma situação vivida há bem pouco, quando da gestão de Eugênio Rabelo. E isso não deixa de ser um retrocesso. A outra interpretação, esta já mais otimista, leva-nos a fazermos uma projeção de que teremos iniciativas mais ousadas na formação da equipe para a próxima temporada.
Mas a verdade que não pode ser omitida, é que neste primeiro momento o Ceará já perde. Perde por estar temporariamente engessado, desprezando a vantagem de partir na frente em termos de planejamento e execução, além de contrapor a falta de ação ao discurso, que antes era inspirado na pró-atividade, e agora nem sequer é reativo. Atitude contemplativa é o que temos assistido.
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BREVES E SEMIBREVES ®
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Apcdec-1
Dois nomes e uma dupla despontam na disputa pela direção da entidade. Edílson Alves para presidente e Alano Maia para vice partem na frente. Irapuan Monteiro se apresenta como um desses nomes, e Luís Carlos Amaral diz ter um projeto para lançar-se candidato.
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Apcdec-2
O que esperamos da nossa entidade de classe, é que ela não só nos dê apoio, mas que fiscalize o que vem sendo feito no rádio e através dele, tanto do ponto de vista ético quanto do prisma da qualidade.
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Apcdec-3
É importante também que haja transparência por parte de quem administra a entidade, a fim de que não se dê margem a comentários maldosos e à especulação.
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Apcdec-4
Uma uniformização de tratamento a seus membros também é um desafio que deve ser encarado, evitando-se alguns dos privilégios que sabemos existir, embora não pretendamos polemizar.
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A volta
O radialista Ivá Monteiro reassume sua titularidade no programa que leva seu nome. Podemos até aceitar a polêmica em torno do discursante, mas jamais em torno do discurso. Ele voltou afiado como sempre, na matéria que domina como poucos - poucos mesmo: a (*) OPA dos nossos clubes. (*) OPA: Organização Política e Administrativa.
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Momento difícil
O futebol cearense em seu momento de entressafra, onde escasseiam as informações, revela mais ainda o despreparo de alguns repórteres e comentaristas. Em contrapartida, o comentarista de estúdio que é competente se sobrepõe aos que só comentam o campo. Prestem atenção.
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Em cima do muro
Para quem precisa ficar em cima do muro, a entressafra também representa ainda mais dificuldade. Como assumir posição diante de tão indefinido quadro, sem correr o risco de desagradar esse ou aquele?
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Benê Lima
benecomentarista@gmail.com
http://blogdobenelima.blogspot.com
(85) 8898-5106
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Opinião – I
DIRIGENTES INDIRIGÍVEIS
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Fala-se muito em formação de atletas, como uma espécie de panacéia redentora do futebol cearense. Ledo engano. Mas esta é uma outra discussão. O debate que deve nos interessar mais de perto é o que respeita à formação de dirigentes, sem o quê nosso futebol persistirá sem rumo.
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Tudo começa com o dirigente, mormente com aqueles que se situam na linha de frente das nossas agremiações. São eles que traçam ou deveriam traçar as linhas-mestras do plano de trabalho, definindo desde a filosofia que inspirará suas gestões, passando pela decisão de quais modalidades serão contempladas com recursos, e finalmente elegendo o ‘modus operandi’ de suas administrações.
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Mas isso não tem mudado a realidade dos nossos clubes, pois que acabam tendo a categoria futebol profissional masculino como dominante, senão exclusiva.
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O curioso é que a exclusividade tende a construir uma base de especialização, o que deveria representar ao menos a sedimentação do conhecimento empírico. Na prática, contudo, o que temos assistido é a repetição dos mesmos erros por parte dos cartolas responsáveis pelas nossas entidades de prática desportiva. Essa condição errática nos conduz ao raciocínio de que o capital emocional tem funcionado como elemento subtrativo do capital intelectual, situação que precisa ser corrigida.
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O futebol adquiriu tal complexidade em seu gerenciamento, que um departamento de futebol profissional – e simplesmente ele – necessita de recursos humanos, além do financeiro, para que possa atender com eficácia às demandas oriundas de suas exigências. Como exemplos disto, podemos mencionar as figuras de um diretor com conhecimento da área, de um profissional com conhecimento do mercado de atletas, de outro profissional com experiência na lida e confecção de contratos, de pessoa que trabalhe a interface da relação entre comissão técnica/atletas/clube, isto para ficarmos apenas no essencial.
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Nosso anacronismo salta aos olhos de quantos exercitam a crítica. Nossa crônica tem alguns espasmos de vida inteligente, mas não é esta a regra. Até os estatutos dos nossos clubes dão testemunho desse anacronismo, ao fixarem extemporaneidades inteiramente prejudiciais às suas administrações, do ponto de vista da celeridade reclamada para a tomada de algumas medidas, como por exemplo, a adequação de suas eleições.
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Diante do que temos visto, concluo que é impensável admitirmos o modelo idealizado de autogestão, quando na verdade nem gestão é o que temos em nossas entidades de prática desportiva. Resta-nos, pois, convivermos com um embrionário e incipiente modelo de gerenciamento, tentando compensá-lo com o improviso da agilidade decisória, e pela adoção de medidas compensatórias copiadas de clubes que adotam modelos vitoriosos, mas sem perdermos de vista nossas peculiaridades e nossa realidade.
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Vale lembrar aos dirigentes do nosso futebol, que profissionalismo sem dirigentes profissionais é obra de ficção. Portanto, que invistamos na formação da classe dirigente do futebol cearense, a fim de que finalmente tenhamos dirigentes profissionais, alguns dos quais regiamente remunerados.
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Parafraseando um famoso Rui – que assinava Ruy Barbosa -, o mais são desvarios provindos de uma condição de alienação de nossa realidade circundante.
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Opinião - II
DESCONCENTRAÇÃO DE PODER EM PORANGABUÇU
A história se repete, e outra vez um projeto político-partidário aporta no Ceará, e o Presidente do Alvinegro já começa a mudar sua postura
Lula Pereira precisaria ter sensibilidade política para perceber o que está acontecendo em Porangabuçu. É notório que o apoio a ele foi negado porque Evandro Leitão comprometeu-se com o grupo que tem a frente André Figueiredo. Só não entendo porque o nome forte que foi tentado, para assumir o comando técnico do Alvinegro, foi o de Givanildo Oliveira.
Se Lula representa algum tipo de impedimento para as pretensões dos que lá estão, o nível de independência de Givanildo é ainda maior. Ademais, o experiente e vitorioso treinador não aceita a política ‘experimentalista’ adotada pelo departamento de futebol alvinegro durante este ano. Com ‘Giva’, o ‘custo-Ceará’ seguramente dará um salto, o que não deixa de ser preocupante.
A análise da situação que se apresenta no Ceará, comporta pelo menos dois tipos de leitura. Um deles é o de que se instala no clube uma situação vivida há bem pouco, quando da gestão de Eugênio Rabelo. E isso não deixa de ser um retrocesso. A outra interpretação, esta já mais otimista, leva-nos a fazermos uma projeção de que teremos iniciativas mais ousadas na formação da equipe para a próxima temporada.
Mas a verdade que não pode ser omitida, é que neste primeiro momento o Ceará já perde. Perde por estar temporariamente engessado, desprezando a vantagem de partir na frente em termos de planejamento e execução, além de contrapor a falta de ação ao discurso, que antes era inspirado na pró-atividade, e agora nem sequer é reativo. Atitude contemplativa é o que temos assistido.
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BREVES E SEMIBREVES ®
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Apcdec-1
Dois nomes e uma dupla despontam na disputa pela direção da entidade. Edílson Alves para presidente e Alano Maia para vice partem na frente. Irapuan Monteiro se apresenta como um desses nomes, e Luís Carlos Amaral diz ter um projeto para lançar-se candidato.
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Apcdec-2
O que esperamos da nossa entidade de classe, é que ela não só nos dê apoio, mas que fiscalize o que vem sendo feito no rádio e através dele, tanto do ponto de vista ético quanto do prisma da qualidade.
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Apcdec-3
É importante também que haja transparência por parte de quem administra a entidade, a fim de que não se dê margem a comentários maldosos e à especulação.
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Apcdec-4
Uma uniformização de tratamento a seus membros também é um desafio que deve ser encarado, evitando-se alguns dos privilégios que sabemos existir, embora não pretendamos polemizar.
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A volta
O radialista Ivá Monteiro reassume sua titularidade no programa que leva seu nome. Podemos até aceitar a polêmica em torno do discursante, mas jamais em torno do discurso. Ele voltou afiado como sempre, na matéria que domina como poucos - poucos mesmo: a (*) OPA dos nossos clubes. (*) OPA: Organização Política e Administrativa.
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Momento difícil
O futebol cearense em seu momento de entressafra, onde escasseiam as informações, revela mais ainda o despreparo de alguns repórteres e comentaristas. Em contrapartida, o comentarista de estúdio que é competente se sobrepõe aos que só comentam o campo. Prestem atenção.
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Em cima do muro
Para quem precisa ficar em cima do muro, a entressafra também representa ainda mais dificuldade. Como assumir posição diante de tão indefinido quadro, sem correr o risco de desagradar esse ou aquele?
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Benê Lima
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(85) 8898-5106
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