Leo Burlá
No momento, o projeto do ministro não passa de uma ideia, mas ele sabe de onde vem a inspiração para uma ocupação ampla e democrática dos estádios brasileiros.
– Temos de tomar como exemplo aqueles lugares que obtiveram sucesso. No meu entender, o modelo alemão de ocupação dos estádios é um caminho que pode ser seguido – disse Aldo Rebelo, ao LANCE!Net.
Na Alemanha, a reserva de ingressos populares nos estádios foi uma contrapartida exigida pelo governo para financiar obras em estádios que sediaram a Copa do Mundo-2006. Atualmente, o Campeonato Alemão é o que tem a maior média de público entre as principais ligas do mundo.
Em recente estudo publicado pela Pluri Consultoria, os bilhetes no Brasil foram classificados como os mais caros do planeta se considerados o valor médio do tíquete e a renda per capita anual dos países analisados pela pesquisa (leia lista abaixo).
O assunto também é alvo de atenção por parte do secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, Antônio Nascimento. Para Nascimento, o futebol não pode ter empecilhos para que siga o curso de esporte popular:
– Não faz sentido o gestor do Maracanã (João Borba, em entrevista ao 'O Globo') comparar o estádio com Wimbledon. O grupo social do futebol é muito maior que o do tênis. As premissas do futebol passam por ingressos mais baratos.
ACADEMIA LANCE!
Fernando Ferreira, diretor da Pluri Consultoria
'O governo entrou atrasado na discussão'
A iniciativa parece boa, mas a questão é saber se é uma medida para jogar para a torcida ou para atacar a raiz do problema. Eu acho que o governo entrou na discussão tarde demais.
A proposta seria instituir cotas ou criar uma nova contrapartida? Temos de levar em consideração que vários estádios são administrados por grupos privados, o que impossibilita que haja uma interferência oficial no tabelamento de preços.
Tenho medo de como o governo poderia se meter neste assunto. Acho que a governança, a gestão e as finanças dos clubes são assuntos mais importantes.
Sobre o preço dos ingressos nos estádios, acho que há preços absurdos, mas também creio que o mercado irá regular a questão.
Pode ter havido um erro de cálculo, mas eles seguirão a lógica do mercado. Ao contrário dos clubes, uma Odebrecht, uma AEG e uma IMX não estão nisso para rasgar dinheiro. Acredito que isso irá conduzir a uma política mais realista no que diz respeito aos ingressos mais baratos desses novos estádios.
Comparativo dos preços dos ingressos
País Preço médio (R$) Ingressos per capita*
Brasil 38 645
Espanha 71 804
Itália 74 865
Reino Unido 84,21 911
França 48,69 1.661
Alemanha 43,79 1.868
* Ingresso per capita é a divisão da renda per capita do país pelo preço médio dos bilhetes
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Benê Lima