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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, agosto 08, 2013

Após cronistas, Corinthians quer fechar cerco a rádios

Ideia é fazer com que as emissoras passem a pagar pelos direitos de transmissão dos jogos da equipe

Erich Beting*

Desde o ano passado uma queda de braço é travada entre os departamentos de comunicação e marketing do Corinthians com a Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo (Aceesp). Há algum tempo, o clube paulista tomou para si a gestão de quem é relacionado para cobrir os jogos do Corinthians quando é o mandante.

A medida acabou com uma prática absolutamente comum e histórica no meio esportivo, que é a entrada de jornalista com a apresentação da credencial que lhe dá direito de entrar em campo. Boa de princípio, assim como a meia-entrada para estudante, a carteira de jornalista perdeu, com o tempo, sua função primordial. Mesmo em “folga”, o jornalista vai ao jogo, usando logicamente o pretexto de acompanhar a partida. Mas, na prática, raramente vai a partidas além da do time de coração.

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Até pouco tempo, isso não era um grande problema, uma vez que não eram muitos veículos nem muitos jornalistas credenciados. Mas, com a proliferação de novos veículos com o advento de internet e, sequencialmente, os blogs, o número de profissionais credenciados pela Aceesp tornou-se gigantesco. E isso, especialmente em jogos de alta demanda, tem se tornado um problema para clubes, associação e profissionais que trabalham nas partidas.

Com o argumento de que o jornalista que torce para o Corinthians decide ir ao jogo com a carteirinha e, assim, não remunera o clube, o alvinegro passou a gerir o controle de profissionais da mídia às partidas. Agora, o clube exige um pré-credenciamento dos profissionais, algo que é comum em outros estados e, principalmente, em eventos de alta demanda.

A medida, que teve respaldo jurídico, agora deve invadir outra seara. A diretoria de marketing do Corinthians confirmou que tem interesse de ampliar a discussão sobre a atuação das emissoras de rádio na cobertura de jogos do clube. A ideia é fazer com que as rádios passem a pagar pelos direitos de transmissão dos jogos.

Se realmente comprar essa briga, o Corinthians pode finalmente conseguir fazer algo que, no Paraná, já algum tempo o Atlético Paranaense de certa forma conseguiu solucionar tendo espaço na grade das emissoras de rádio para programas próprios e/ou publicidade.

Com o tamanho e a influência na mídia que possui, o Corinthians poderá recuperar um erro histórico da gestão esportiva no Brasil. Muito da gratuidade das rádios na transmissão do esporte está vinculada à relação de Paulo Machado de Carvalho com o futebol. Dono da Record e fundador da Jovem Pan, Carvalho deu um “jeitinho” lá nos anos 40 e 50 para que o futebol fosse transmitido de graça.

Na época, o rádio era o principal meio de comunicação do país, e o futebol ainda não era a unanimidade de hoje. Para os dois, era uma relação interessante. Depois, com o advento da TV, a receita que o rádio poderia dar ao futebol tornou-se secundária e, por isso mesmo, ignorada pela maioria dos clubes.

Agora, com uma gestão mais profissional, a tendência é que as instituições passem a olhar toda fonte de receita como valiosa. Cobrar a transmissão das rádios é algo absolutamente natural e compreensível dentro desse novo cenário. Ainda mais porque essa prática é regra quando se refere à transmissão de grandes eventos, como Fórmula 1, Liga dos Campeões da Europa, Copa do Mundo, torneios de tênis ou Jogos Olímpicos, para citar alguns exemplos.

Após fechar o cerco à farra de cronistas, o Corinthians quer diminuir a farra das rádios. E isso pode ser uma ótima notícia para o mercado como um todo. Por mais que a mídia vá espernear.
 

*Erich Beting passou pela Folha de S.Paulo, foi repórter especial do diário Lance!, criou em 2005 a Máquina do Esporte, veículo pioneiro na cobertura dos negócios do esporte no Brasil e atua como comentarista do canal BandSports. Além disso,  é consultor editorial da Universidade do Futebol. A coluna foi originalmente publicada no blog do autor, no portal UOL.

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Benê Lima