Por: Benê Lima
A rigor, a produção do time do Fortaleza emperrou
O Fortaleza, do ponto de vista de seu comando técnico, vivencia as idas e vindas de um processo danoso de reconstrução de seu padrão tático. Mas o que mais nos impressiona são as visões díspares entre seu técnico atual, Luís Carlos Martins, o LCM, e o anterior, Hélio dos Anjos.
Enquanto Hélio via Lazaroni mais como lateral, Luís o vê como meia; Dos Anjos sonhava com Jackson Caucaia como segundo volante, já Martins o vê somente como meia de armação; Hélio enxergava Esley como grande 'carregador de piano', Luís o percebe como meia-atacante, sentindo-se incomodado em utilizá-lo como primeiro ou mesmo segundo volante.
Hélio tratava a plataforma tática 3-5-2 como meramente emergencial e circunstancial, adotando-a como busca de maior garantia de solidez de seu sistema defensivo, e o fazia por não haver encontrado o equilíbrio da transição defensiva da equipe. Mas, mesmo jogando fora de casa, costumava modificar a plataforma tática e suas dinâmicas, variando preferencialmente para o 4-4-2 em losango ou diamante. Em situações pontuais de desvantagem no placar, também usava a ‘inicial’ 4-3-3.
☛Não é de agora que temos mostrado os problemas de transição da equipe do Fortaleza. Nesta foto , vê-se uma investida ofensiva do Fortaleza contra o Treze, em que um atacante (Assisinho) aparece na imagem, enquanto os outros dois são os zagueiros Charles e Fabrício. Este é um exemplo típico de transição deficiente: sete defensores do Treze contra três jogadores com função de ataque do Fortaleza. ✔
O que vemos hoje, sinceramente, consideramos, pelo menos até aqui e pelo que nos é dado observar para além do resultado (placar, escore), é uma situação de retrocesso tático da equipe, haja vista ter-se transferido parte da criação para laterais que pouco rendem e para zagueiros de ofício, como é o caso do Charles. Atente-se para o fato de equipes da baixa envergadura de um Rio Branco não mais haver nenhuma no grupo do Fortaleza, o que nos faz supor que tal solução não tenha a funcionalidade de ontem.
Defendo a tese de que o balanço intersetores da equipe tricolor se dará a partir do meio-campo, que tanto proverá a consistência defensiva da equipe, quanto proporcionará uma maior profundidade ofensiva. Portanto, trabalhar as transições (defensiva e ofensiva) e alguns dos subprincípios do jogo e promover a análise retrospectiva dos jogos, no sentido de suas decomposições, são tarefas inadiáveis, e que devem ser feitas com dados palpáveis, feedbacks consistentes e baixa margem de erro.
Ademais, Luís Carlos Martins precisa dar-se conta de que não está trabalhando na A2 ou A3 paulista, dirigindo equipes com perfil de cobrança bem diferente e com visão gerencial dos dirigentes em que o aspecto emocional pouco representa.
Preocupa-nos o que possam estar pensando os que pretendem fazer aporte no Tricolor de Aço. Afinal, o atual técnico saberá como utilizar os reforços que possivelmente lhes serão colocados à disposição? Terá, LCM, o perfil do técnico requerido para fazer essa transição do Fortaleza, da Série C para a B?
Na verdade, a expectativa do sim é nutrida. Mas só o tempo dirá se ele terá a capacidade de se reinventar como técnico e como liderança, para levar o Tricolor ao ‘porto’ da subdivisão de elite do futebol brasileiro – a Série B.
Mas, para tanto, ele precisa romper com sua postura franciscana e corporativista, tendo a coragem de enfrentar os desafios de uma firme liderança, além de assumir alguns arroubos de um saudável visionarismo.
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Benê Lima