Esporte Fino / Postado por Fabio Chiorino
A reportagem do Esporte Espetacular, da Rede Globo, começou falando das amígdalas de Neymar. O médico explicou rapidamente os procedimentos da cirurgia. Enveredou para a expectativa que o maior jogador brasileiro da atualidade provoca entre os torcedores do Barcelona. Tudo natural, até então. Quando voltou para o estúdio, ressurgiu Glenda Kozlowski, sorridente, desejando toda a sorte do mundo e encerrando o programa com um abraço ao… “NEY”.
Sim, “Ney”, você não leu errado. É para corar diante de tamanho constrangimento. Glenda não é a única. É como o repórter que agradeceu (?) ao Alexandre Pato por voltar a jogar no Brasil. Ou o outro que vai até a casa dos jogadores para acordá-los com uma corneta. Uma série de jornalistas, apresentadores e afins busca constantemente, nessa era da espetacularização sobre o nada, exibir uma intimidade forçada, uma proximidade diante do protagonista que não existe. E mesmo que exista, não é papel do jornalista mostrar ao público o quão amigo é do entrevistado. Trata-se de um exibicionismo tolo, gratuito, irritante.
A impressão atual é que há uma subserviência ao tratarmos dos grandes nomes esportivos brasileiros e, por isso, o melhor caminho é trocar o jornalismo pela bajulação. E a nova geração de jogadores de futebol está cada vez mais acostumada a isso. Neilton, que alguns já se apressam a alçá-lo como o “novo Neymar”, teve suas redes sociais fuçadas para uma reportagem sobre a sua namorada. Isso tudo na véspera do jogo do Santos contra o Barcelona. Eis o jornalismo “parça”, que enaltece as conquistas amorosas de um boleiro com a mesma força que narra seus belos gols dentro de campo.
Não sou contra a informalidade, o humor e quadros de entretenimento quando o assunto principal é o esporte. Mas é necessário haver um equilíbrio para não cair no ridículo. Principalmente quando o veículo de comunicação é a TV, em que a luta pela audiência muitas vezes se transforma em um circo de bizarrices. As linhas editorias mudam constantemente, mas a identidade jornalística precisa ser preservada.
Não é “Ney”, é Neymar. Jornalista tratá-lo como um “parça” é a mesma coisa que repórter tentar ser amigo de uma fonte. Não costuma acabar bem. Depois, não há motivos para nos surpreendermos quando o jornalista é demitido e os animadores de auditório são mantidos para fechar as contas. Se o caminho definitivo a ser seguido é tratar o leitor, o ouvinte e o telespectador como idiotas, nunca estivemos tão próximos de atingir o destino.
Sinopse
"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."
CALOUROS DO AR FC
domingo, agosto 04, 2013
Jornalismo “Parça”
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É que o pessoal está misturando o profissional, em menor destaque, com o pessoal. As reportagens mais parecem matérias da Sônia Abraão e Nelson Rubens, que dos noticiários esportivos. TRISTE !!!
ResponderExcluirBoa essa, Toni. rsrs
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