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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, maio 19, 2014

Após 12 anos, Atlético deixa a 2ª divisão, se reconstrói e ganha 'La Decima' antes do Real

Por Igor Resende, do ESPN.com.br
Getty
Torcida do Atlético faz festa em Madri e pinta a cidade de vermelho, azul e branco
Torcida do Atlético faz festa em Madri e pinta a cidade de vermelho, azul e branco
A cidade de Madri era toda branca em 15 de maio de 2002. Não por menos. A mais de 1.700 quilômetros dali, em Glasgow (Escócia), o Real Madrid batia o Bayer Leverkusen e conquistava a Europa pela nona vez. Começava ali também uma das maiores obsessões do futebol europeu atual: a desesperada busca merengue pela La Decima - o décimo título da equipe na Uefa Champions League.
O outro clube da cidade vivia uma realidade completamente diferente. Dias antes, em 28 de abril, o Atlético finalmente acabava com seu calvário de dois anos pela segunda divisão espanhola. Via de longe os principais rivais comemorarem um título que nunca parecera tão distante da realidade colchonera e apenas tentava se reorganizar depois de um dos piores períodos da história do clube.
No próximo sábado, porém, a história é outra. Após 12 anos, o Atlético conseguiu o que parecia improvável: se reestruturou, montou um time para competir de frente com os gigantes e chegou à mesma final de Champions, curiosamente diante do grande rival. E embalado pela conquista do décimo título espanhol de sua história. Para delírio da torcida, a ‘La Decima' colchonera chegou antes da merengue. Uma espécie de homenagem mais do que justa dos ‘deuses do futebol' no ano da morte de Luis Aragonés, maior ídolo da história do clube e responsável por encerrar o calvário do Atlético pela segundo divisão espanhola.
A caminhada pelo inferno
O dia 6 de maio de 2000 sempre ficará marcado negativamente na mente de qualquer torcedor colchonero. Quatro temporadas depois de viver seu ápice, com o doblete de títulos no Espanhol e na Copa do Rei, o Atlético se via rebaixado pela segunda vez na história para a segunda divisão espanhola. E com requintes de crueldade, com um empate por 2 a 2 contra o Oviedo e duas rodadas ainda a serem disputadas naquela competição.
Em 2002, Atlético não fazia frente ao Real de ZidaneO time, abalado por um escândalo de falsificação de documentos e sonegação de impostos que levou o presidente Jesús Gil para a prisão, estava muito abalado em campo. Pouco depois, no dia 27, o Atlético ainda perderia a final da Copa do Rei para o Espanyol.
Mas nem mesmo o mais pessimista dos torcedores imaginou que a "caminhada pelo inferno", como ficou conhecido na Espanha o período do Atlético na segunda divisão, poderia durar mais de um ano. Mas, de novo com requintes de crueldade, os colchoneros não conseguiram o acesso na temporada seguinte. Por seis gols de saldo, o Tenerife ‘roubou' a vaga na elite do futebol espanhol.
Era a vez de um salvador resgatar a equipe. E ninguém poderia ser mais perfeito para a missão do que Luis Aragonés. Dono de cinco troféus pelo clube como jogador e mais cinco como treinador, ele negou convites de times da primeira divisão para assumir o time do coração. Com o então menino Fernando Torres no elenco, com Mono Burgos (hoje assistente de Simeone) debaixo das traves e com o surpreendente artilheiro Diego Alonso, o calvário acabou no dia 28 de abril de 2002 em um empate sem gols com o Xerex.
A previsão
Luis Aragonés conhecia o Atlético como ninguém. E por isso, deixou claro logo após a campanha do acesso: "O clube vai precisar de seis a oito anos para voltar a competir no mais alto nível". E assim foi. Depois de cinco temporadas frequentando sempre o meio da tabela na Espanha e se reestruturando aos poucos, os colchoneros terminaram com o quarto lugar na temporada 2007-08, seis anos após o acesso, e voltariam a disputar o primeiro escalão das competições europeias com a vaga na Uefa Champions League. Paralelamente, ainda levantaram o título da Copa Intertoto.
Aragonés soube prever o futuro do amado Atlético
Aragonés soube prever o futuro do amado Atlético
Para seguir a previsão de Aragonés, o primeiro título mais importante veio oito anos depois do acesso, com a Europa League de 2010. O Atlético estava pronto para ser grande mais uma vez e mostrava isso não só dentro de campo como fora dele. Neste período, o clube perdeu peças importantes, como Fernando Torres, mas sempre soube achar um substituto a altura. E sem fazer loucuras e comprometer o orçamento sempre muito mais apertado que o dos gigantes Real e Barcelona.
A chegada de Simeone e de sua filosofia vencedora em 2011 completou o renascimento colchonero e fechou as contas de um período que custou nada menos de 696 milhões de euros aos cofres do clube, que contou com 17 treinadores e 261 jogadores entre a glória de 1996 e o décimo título do Campeonato Espanhol conquistado no último final de semana.
La Decima do Atlético veio antes, mas Real pode conquistar a sua no sábado
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Benê Lima