por Agência Estado
A Fifa começará
a liberar recursos ao futebol brasileiro, cumprindo uma promessa feita ainda em
2014 durante a Copa do Mundo. Ao Estado, a secretária-geral da
entidade, Fatma Samoura, confirmou que o dinheiro que alimentará projetos em
Estados que não receberam jogos do Mundial passará a ser enviado já no ano que
vem. Além disso, os pagamentos de prêmios e outras transferências que estavam
pendentes também começarão a ser liberadas a partir de 10 de dezembro.
"Já em 2018 começaremos a
destinar os recursos aos primeiros projetos", disse. Segundo ela, o que
falta definir é a estrutura dessa nova empresa que ficaria com a gestão do
dinheiro. "Temos de ver se ela será composta por CBF, Conmebol e Fifa ou
apenas entre os brasileiros e a Fifa", explicou. "Mas esses detalhes
estão caminhando para uma definição", garantiu.
Prometido em 2014, um fundo de
US$ 100 milhões ao Brasil fazia parte do legado da Copa do Mundo e seria
investido nos estados que não receberam jogos do Mundial, como forma de
compensação por não terem sido escolhidos. Ainda assim, o valor era apenas 2%
da renda que a Fifa obteve com o evento no País.
Mas a história mudou depois do
indiciamento de Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, diante da
Justiça norte-americana. Advogados da entidade alertaram que seria um risco
fazer uma transferência para uma entidade cujo comando estava sendo
questionado.
Para chegar a novo entendimento,
a Fifa exigiu novos controles sobre o destino dos recursos, fiscalização e um
programa de "compliance" por parte da entidade brasileira.
Do lado da CBF, fontes na
entidade insistem que Marco Polo Del Nero não faz questão de ter "poder de
assinatura" na nova estrutura, algo que poderia ficar com algum dos
vice-presidentes. Para os advogados da Fifa, transferir dinheiro para a CBF sob
o comando de alguém investigado poderia minar a sua defesa nas cortes de Nova
York.
Em setembro, um entendimento
inicial foi obtido, com o compromisso de que uma "nova estrutura"
seria criada até o final do ano. Nela, Fifa e CBF seriam sócias na gestão dos
recursos a ser aplicado no Brasil. Agora, Fatma Samoura confirma que o processo
irá adiante. Na semana passada, técnicos da CBF estiveram em Zurique, na Suíça,
enquanto que os primeiros programas começam a ser definidos.
CONTROLES - A Fifa também aceitou
criar mecanismos extras de controle para começar a liberar o dinheiro que a CBF
tem direito a receber como membro da entidade máxima do futebol.
Esses recursos e até prêmios
estavam congelados. Em 2016, a CBF deveria ter recebido US$ 1,25 milhão, mesmo
valor de 2017. Mas isso não foi pago, exatamente por conta da situação de Marco
Polo Del Nero. Nem mesmo o prêmio pelo Mundial de Futebol de Praia havia sido
liberado. Aos membros da CBF, Fatma Samoura indicou que esses pagamentos
começariam a ser feitos já em dezembro.
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Benê Lima