Atuação do Grêmio e derrota do sub-17 do Brasil ajudam a pensar na Copa
Inglaterra eliminou o Brasil no Mundial sub-17 e conquistou o título contra a Espanha
Dizem que, se o Grêmio for campeão da Libertadores, será construída uma estátua para Renato Gaúcho. Ele adorou a ideia e, nas entrevistas, fala, com frequência, sobre isso, seriamente e/ou brincando. Difícil será Narciso achar a estátua tão bonita quanto ele. Renato Gaúcho seria o primeiro brasileiro a ganhar a Libertadores como jogador e como treinador. Fora do país, há mais sete. Um deles é Gallardo, técnico atual do River Plate, provável adversário do Grêmio na final.
Apesar do preconceito de alguns jornalistas esportivos contra ex-jogadores que se tornaram treinadores, como se eles não tivessem preparo científico para o cargo -Renato sofreu isso-, há craques que tiveram grande sucesso como técnicos, como Zidane, Zagallo, Guardiola, Cruyff, Beckenbauer e outros.
Existe também o preconceito inverso, de ex-jogadores contra os treinadores que nunca foram atletas profissionais, como se eles não fossem capazes de enxergar as sutilezas técnicas e táticas. São, geralmente, ex-jogadores que não acompanham a evolução do futebol, que defendem a volta ao estilo dos anos 1960, além de acharem que o principal problema dos times brasileiros é copiar os europeus.
Não há regra. Há ótimos e ruins técnicos que foram ou não atletas profissionais, embora ter sido atleta ajude na carreira de técnico.
O Grêmio, contra o Barcelona, voltou a ser um time compacto, que defende e ataca com muitos jogadores e que usa bastante a troca de passes e triangulações.
O técnico Roger iniciou essa maneira de jogar. Posteriormente, a equipe evoluiu, com Renato Gaúcho e graças à chegada de vários reforços, como o zagueiro Kannemann, os laterais Edilson e Cortez, o volante Arthur, o centroavante Barrios e, principalmente, a mudança de posição de Luan, que passou a jogar como um meia de ligação, após a contusão de Douglas. Antes, Luan era o atacante mais adiantado.
A espetacular defesa de Marcelo Grohe é exaltada em todo o mundo. O incrível, quase impossível, foi que, mesmo com um chute tão forte e tão de perto, o braço esticado do goleiro não foi para trás, o que faria a bola entrar. Parecia um braço de ferro. Quando eu brincar de super-herói com meu neto de dois anos, vou ser o Marcelo Grohe.
Luan é o elo, o catalisador das jogadas ofensivas do Grêmio. Atua com a cabeça em pé, sem olhar para a bola, com muita técnica e elegância. Luan merecia ser um dos reservas da Seleção.
Ao falar da seleção brasileira, lembro-me da eliminação do time sub-17, na derrota por 3 a 1 para a Inglaterra, na Copa do Mundo da categoria. Os ingleses envolveram os laterais brasileiros com troca de passes, de onde saiu a maioria das jogadas ofensivas. Imagino que, no Mundial da Rússia, os técnicos vão tentar fazer o mesmo, já que Marcelo e Daniel Alves, os dois melhores laterais do mundo, se destacam mais pelo apoio que pela marcação.
Além disso, não há, na seleção, dois meias abertos, que fazem a proteção dos laterais. Os três meio-campistas atuam mais centralizados, e os jogadores pelos lados (Neymar e Coutinho) são muito mais atacantes e voltam pouco para marcar.
Por outro lado, muito mais difícil que envolver os laterais brasileiros será marcá-los. O cobertor dos adversários é mais curto que o do Brasil. Na vida e no futebol, o cobertor é sempre curto.
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Benê Lima