Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Entrevista de Evandro Leitão ao O Povo


Ceará: "perdi o grupo...É difícil"

Em entrevista exclusiva, o presidente do Ceará fala pela primeira vez sobre os bastidores do rebaixamento e de jogadores que fizeram o grupo se perder no Brasileirão
Pela primeira vez, desde a descida do Ceará, Evandro Leitão conta sobre os bastidores do rebaixamento do time para a 2ª divisão do Campeonato Brasileiro. Em entrevista exclusiva ao O POVO, realizada na última quarta-feira na Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social, o presidente alvinegro admite o erro em contratações de jogadores, revela casos de indisciplina envolvendo atletas e faz uma avaliação do impacto do descenso nas finanças do clube. “Foi uma queda brutal”, disse. 
Apesar do tropeço, Evandro reafirma que seu projeto para o Ceará é torná-lo o maior do Nordeste em infra-estrutura, até 2014. Ele diz, apostando nos números de uma gestão considerada exitosa pelos críticos. Em 2009, quando assumiu o time, havia uma dívida de R$ 12 milhões, entre causas trabalhistas, tributos federais e outras obrigações. Hoje, o time de Porangabuçu praticamente se livrou das pendências com a Justiça do Trabalho e equacionou o restante do passivo.
Evandro Leitão afirma também que não vai concorrer à Câmara Municipal este ano, mas adianta que é candidato a deputado em 2014. E não se sente constrangido nem acha oportunismo, falar de pretensões eleitorais e ocupar a presidência de um clube de massa e votos. Confira. (Colaborou Ana Mary C. Cavalcante)
 
O POVO - Com os prejuízos decorrentes da queda do Ceará para a 2ª divisão do Brasileiro, o que muda na gestão pra este ano? 
Evandro Leitão - Planejamos ter uma instituição saneada, antes de mais nada, porque você tem que partir do princípio que precisa ter crédito no mercado para que, só assim, você consiga avançar. Sem crédito, você não faz nada. Você pode até não ter dinheiro no bolso, mas tendo crédito, consegue.
OP - Como era a situação?
Evandro - Eu me recordo que, em 2008, quando eu assumi o clube (em março), em abril, fui fazer uma viagem pra Curitiba e São Paulo. E, chegando lá, eu até tive vergonha de dizer que era do Ceará (Sporting Club), que fazia parte do clube. Porque as pessoas debochavam, “não, não paga nada, tá devendo a fulano, a sicrano, a beltrano”. Na época, fui atrás de jogador, de empresas de material esportivo, de patrocinador. E todas as portas fechadas. Daí, a gente começou a se organizar internamente. A gente ia atrás de um documento, não tinha. Aí, eu disse: “Já que a gente não consegue ir pra trás, daqui por diante, a gente tem que ter tudo organizado”. 
OP - Quanto o Ceará devia?  
Evandro - R$ 12 milhões. 
OP - E hoje?
Evandro - Deve algo em torno de R$ 3 milhões. E ainda tem a questão dos tributos federais, que estão em dia, porque equacionamos. Quando você faz o parcelamento, aí, você põe em dia, eles consideram. Aí, você fica pagando: INSS, tributos federais, FGTS. Então, estamos em dia, hoje. Tem uma dívida pra trás que temos que pagar. Renegociamos. O passivo trabalhista era algo em torno de R$ 8 milhões, R$ 9 milhões. Hoje, o passivo trabalhista é R$ 1 milhão. Até dezembro agora, nós pagávamos R$ 300 mil por mês. E estamos pagando R$ 50 mil, a partir de janeiro.
OP - Gestão profissionalizada? 
Evandro - Não considero profissionalizar, considero organizada. Só vou considerar a instituição profissionalizada quando todos estiverem trabalhando profissionalmente, recebendo.
OP - O senhor tem salário?
Evandro - Não. Hoje, temos ainda 30% das pessoas trabalhando m de forma voluntária. Nós avançamos, caminhamos, demos uma boa passada, nos organizamos internamente, tornamos um clube viável, acreditado, onde todos confiam. Ainda não acho que se chegou no patamar. Porque eu vejo que clube, isso é normal, mas o clube ainda é vinculado a uma pessoa. Não é querendo me promover. Mas instituição nenhuma pode ficar vinculada a uma imagem. Quando a instituição depende de uma pessoa, no meu modo de ver, o alicerce, a base ainda não está solidificada. Ainda é vinculado a minha pessoa. 
OP - O que tem sido feito para uma gestão menos personalista? 
Evandro - Tenho procurado descentralizar a gestão, dando espaço pra que outras pessoas possam aparecer, possam mostrar a sua condição. Isso é o que tenho procurado fazer.
OP - Há formação de substitutos?
Evandro - Não tenho isso, na minha cabeça. Acho que liderança é uma natural, inerente ao ser humano e que vai, paulatinamente, se projetando. O que eu posso fazer é não tolher. Quando vejo que alguém tem potencial, dou espaço. É um processo natural. As pessoas vão passando. Você não pode se eternizar. E não é bom pra nenhuma instituição ter uma pessoa que será eternizada. A pessoa pode até estar sempre sendo lembrada, mas jamais ficar uma relação de dependência. Eu procuro fazer, mas não é fácil no futebol. Principalmente quando você pega uma instituição que é e foi carente de ídolos. De pessoas que tratassem com respeito a instituição. E quando aparece um, e aí é que eu, com toda humildade... As pessoas talvez me tenham um crédito além do que eu mereça porque o clube estava, realmente, passando por uma situação muito complicada e, quando chegou uma pessoa e deu um novo formato, aí, aquela pessoa vira um ícone, um ídolo. O clube tem que ser maior do que todos nós. 
OP - E os projetos que quebraram por causa da queda? 
Evandro - Tínhamos projeto de crescimento., um centro de treinamento. Um projeto de um estádio. Aí, você diz: “Por que não existe mais?”. O projeto existe, mas você tem dar um passo pra trás.
OP - Qual foi o prejuízo?
Evandro - Digamos que quando você tem uma receita, comparando com 2011, que eu recebi, não é comparando com 2012, que eu ia receber, não: de R$ 10 milhões pra 2011. 
OP - Em 2011, o faturamento do Ceará foi de R$ 10 milhões... 
Evandro - Foi mais. Talvez R$ 12 milhões, aproximadamente.
OP -E a projeção para 2012?
Evandro - É na faixa de R$ 2 milhões. Uma quebra brutal. Então, não são valores onde você tem que ter jogo de cintura, habilidade, paciência. E o torcedor não quer saber disso, não. Quer um time forte, bom, que ganhe, contratação de impacto, bombástica. A mídia esportiva dissimula: “Como é que pode, vai trazer fulano de tal...” Tem que ter paciência. 
OP - Como é recomeçar? 
Evandro - Na realidade, começamos a replanejar o clube quando caímos. Eu me afastei dos holofotes, da imprensa – passei quase 60 dias sem contato. Mas eu tava com o Robinson de Castro, que assumiu o clube, e nós replanejamos. A partir do momento em que você tira 20 atletas de um grupo de 33, inclusive, alguns ídolos! Replanejar o plantel, tirar vários funcionários. Uma estrutura que tínhamos – que, naquela época, permitia que tivéssemos – de Série A e que o profissional merece, tivemos que repensar.
OP - Como é a relação, hoje, com a imprensa esportiva e com o Gomes Farias em particular?
Evandro - Com a imprensa esportiva, de maneira geral, tenho uma relação respeitosa, não tenho problema. Nesse período que eu estou no futebol, tive problemas pontuais, com alguns seguimentos. Divirjo de alguns pontos de vista, isso é normal. Com Gomes Farias (radialista e ex-deputado estadual que disputava votos entre torcedores do Ceará) posso dizer que tenho uma relação... Respeito ele, mas de uma maneira, digamos assim, divirjo, drasticamente, da maneira como ele faz futebol. Num determinado momento, acho que ele foi infeliz comigo porque talvez ele, dentro do futebol e, em especial, dentro do Ceará, exercesse uma influência muito forte. E quando assumimos, eu me vi numa situação onde ele fez algumas colocações que eu não concordei. Mas após esse episódio, posso dizer que não tive problema mais sério com ele. Tiveram algumas situações, por exemplo, o time perde um campeonato, aí, existe um segmento que se aproveita dessa situação para crescer em cima de mim. Se você pegar, em 2009 e 2010, quando nós perdemos (o campeonato para o Fortaleza), logo depois do jogo, veja as entrevistas! Principalmente por parte dele, você verá o que eu estou dizendo. Ou seja, quando você está por baixo, aí, a pessoa quer crescer em cima de você.
OP - A divergência com ele foi por território, de angariar influência, de trocar isso por votos? 
Evandro – Bem, o que eu vejo são duas situações. A primeira é a vaidade, que é muito forte, exacerbada no futebol. E segundo, a influência por dominar o território.
OP - Quantos eleitores tem o Ceará?
Evandro - Não sei. Quantos torcedores, não sei. Mas existe, realmente, isso. Isso não é só no Ceará, não. É no futebol, de maneira geral. Eu acho o seguinte: você pode ter os seus interesses, no que você faz, mas você tem que ter as suas prioridades. A minha prioridade, dentro do Ceará, é a gestão do clube. Não me interessa se vou contrariar A, B ou C. Procuro gerir de uma forma onde a paixão venha em segundo plano. Os interesses diversos vêm em terceiro e a gestão em primeiro. 
OP - O senhor teve dificuldade na relação com torcida organizada? 
Evandro - Nunca tive. Internamente, tive problemas com vaidades na diretoria, entre conselheiros...
OP - Há racha? 
Evandro - Não. Porque não brigo. Meu interesse é o interesse do clube, da instituição. Não é meu interesse pessoal. 
OP - Os times deveriam ter dono?
Evandro - O ideal, se o camarada vai botar o dinheiro, vai ser um mecenas, é que acontecesse isso. Mas aqui, no Brasil, acho pouco provável isso acontecer. Primeiro, porque a cultura da gente não nos permite. A cultura da gente é o seguinte: o que contribui com R$ 100 quer ter o mesmo poder de quem contribui com R$ 1 milhão.Não estou aqui fazendo nenhum tipo de crítica. Agora, o ideal é quem banca é quem manda. Aqui, no Brasil, acho que são poucos os clubes que aconteçam isso, que tenham um mecenas pra pagar. Os clubes que dependeram de grandes empresas e que não conseguiram criar uma estrutura de independência, estão em uma situação horrível. O Palmeiras, com Parmalat, e o Fluminense com a Unimed são exemplos. 
OP- O futebol brasileiro está sendo elitizado? E, no caso específico do Ceará, o clube vive isso? 
Evandro - Acho que, hoje, o futebol está sendo elitizado. A estrutura do futebol termina fazendo com que você elitize. Só não concordo com uma coisa: que o futebol é caro. Acho que o preço de um ingresso, de R$ 20, R$ 30, não é caro. O público-alvo é que tem um poder aquisitivo baixo. Todo final de semana tem um show em Fortaleza e, praticamente, o público é o mesmo: a juventude. E quanto é o preço de uma entrada? Agora, esse público-alvo já tem um poder aquisitivo mais alto. Já o público-alvo do futebol tem o poder aquisitivo baixo. E por ter o poder aquisitivo baixo, o ingresso termina se tornando alto. Agora, por que a gente está elitizando? Porque, na hora em que eu dou ênfase em programas de torcedores oficiais, de uma certa forma, eu elitizo. E por quê? Porque eu preciso para ter uma renda fixa, para eu poder fazer um planejamento, uma organização. Por que, se não, como é que eu vou viver – eu, instituição, clube – sem saber de quanto é a minha receita? Então, tenho que fazer algo para criar receita fixa e, quando eu crio esse mecanismo, esse sócio-torcedor não é de agora, não, isso tem 30 anos... Agora, no Ceará, de três anos pra cá, é que nós conseguimos dar um formato de organização e de credibilidade. Por que os projetos, dentro do futebol e, em especial, dentro do clube, o Ceará, nunca avançaram? Porque você iniciava, não se tinha medo e nem se tinha fim. Então, o sócio-torcedor, nós demos um formato e demos sequência. Na hora que você dá sequência, ênfase ao programa, pra ter a sua receita garantida, vai estar contrariando uma boa parcela de torcedores que não têm condições de pagar.
OP - O noticiário da torcida organizada, hoje, tem sido mais policial. Casos de assassinatos, tráfico de drogas... Qual sua opinião sobre esse formato de torcida?
Evandro - A torcida organizada hoje é fruto da nossa sociedade violenta e com desigualdades sociais. A torcida organizada, no início, eu fui chefe de torcida organizada, na década de 80, o Carrossel Alvinegro, onde eu tinha 100, 150 pessoas amigas de colégio. Amigos dos amigos e a gente. Hoje a torcida organizada tomou uma proporção onde pessoas de todo tipo da sociedade se infiltram, muitas vezes, utilizando aquilo como escudo para práticas ilícitas a serem cometidas. Não vejo que o ideal seria acabar. O ideal é controle maior. Não tenho um relacionamento promíscuo com a Cearamor. Meu relacionamento é respeitoso. 
OP - O que degringolou na gestão para dar num rebaixamento? 
Evandro - Um dos fatores, primordialmente, foram essas contratações que nós fizemos – em especial, que eu fiz – não terem correspondido.
OP - Quem especificamente? 
Evandro - Não vou citar jogadores porque não vou tornar público isso. Não acho que vale a pena. Mas fizemos algumas contratações de atletas que não tiveram o devido compromisso. Isso termina desencadeando dentro do grupo de jogadores. Desestabiliza, começa a criar problemas. Jogadores que vão pra noite, pra uma viagem e, depois do jogo, independente do placar, saem do hotel. E você termina perdendo o grupo. E aquele que está comprometido vê um que não está comprometido. Muitas vezes, a gente não pode, devido ao momento, tomar uma atitude mais drástica de tirar ou afastar. É difícil. O outro que está comprometido começa a se desestimular e, aí, os jogadores que vinham numa crescente começam a cair e as pessoas não entendem a razão. A queda foi consequência de eu não ter contratado jogadores profissionais. Foi incapacidade minha de não contratar gente comprometida. E deu no que deu. 
OP - Quais os comprometidos?
Evandro - Seria mais fácil eu dizer quem não estava. Porque não foi a maioria; a maioria estava comprometida. Vou pegar três que não estão mais aqui fazendo parte do Ceará: o Fabrício, Michel e o Washington. Os três atletas tinham um compromisso com o clube. Eram atletas que vestiam a camisa e, principalmente, com a sua profissão. Porque antes de o jogador ser comprometido com o clube, ele tem que estar comprometido com a profissão. E isso eles faziam. Agora, infelizmente, tem duas, três quatro peças, laranjas podres dentro do clube, que fazem com uma dimensão maior do que os demais. 
OP - Você pode narrar episódios anteriores à queda? 
Evandro - Vou citar um. Tive um jogo contra o Atlético Paranaense, em Curitiba, onde perdemos o jogo por 1 a 0 e foi ali que nós fomos para a zona de rebaixamento. Depois do jogo, três atletas foram pra noite. Nosso treinador, na época, o Estévan Soares liberou os jogadores até 10 horas da noite e eles se apresentaram no outro dia para embarcar para o retorno a Fortaleza. 
OP - Como foi a conversa depois?
Evandro - Quem teve a conversa fui eu, quando cheguei aqui. Tomei algumas posições sobre esses atletas. Uma conversa pontual, e depois com todo o grupo. Mas fica difícil. Você está em uma situação onde eu tinha atletas que tinham contratos longos. Por ter contrato longo, na hora em que eu vou demitir, tenho que pagar uma multa assustadora e por ter essa multa, eu não podia afastar. Enfim, a gente ficava numa sinuca de bico.
OP - Como foi o dia da queda? 
Evandro - Qualquer decisão mexe muito comigo, com o meu emocional. Apesar de a gente já estar um pouco calejado. Quando a gente trabalha, se dedica, pensa num ideal, numa meta de conseguir um objetivo... E quando, no domingo, no jogo contra o Bahia... Aquele final de semana, eu estava um tanto quanto tranquilo – aparentemente, mas, internamente, eu sei como estava agitado, como aquilo mexia. Eu não consigo dormir... Se o jogo é no domingo, de sábado pra domingo, eu não consigo dormir direito. Mas isso já faz parte.
OP - E a conversa com a esposa?
Evandro - Estou no futebol, hoje, por causa da minha esposa (Cristiane Sales). Assumi o clube em 2008 e, quando foi em 2009, nós perdemos o campeonato. Que foi o tri do Fortaleza. E ali, eu disse que ia entregar. Eu estava ainda no início da minha trajetória no futebol e talvez por imaturidade eu achava que, por ter um time melhor, a gente ia ganhar. E terminou, e ali eu ia entregar porque aquilo me abalou. E ela não me deixou entregar porque ela disse que eu não iria sair como perdedor. Numa reunião que teve na minha casa, após o jogo, onde parte da diretoria do clube e alguns conselheiros foram. Ela não deixou, na frente de todo mundo e terminou ocasionando que, no final do ano de 2009, nós subimos para a primeira divisão.
OP - Com o rebaixamento ano passado, qual foi o papel dela?
Evandro - No início, ela não aceitou, pensando da mesma forma, que eu não poderia sair por baixo. Só que a minha questão era de saúde. E eu sabia que não ia entregar. Tanto que conversando com ela, ela compreendeu. Eu estava num grau de estresse elevadíssimo, teve alguns jogos que não passei bem. pressão alta, falta de ar, dores de cabeça intensas. E aquilo me fez, no dia do jogo contra o Flamengo, aqui, onde eu não me senti bem, onde passei por uma situação constrangedora com torcedores... Teve o princípio de xingamento por parte de poucos. E eu disse: “No final desse campeonato, vou sair. Não sei se entrego, se peço licença, mas tenho que dar um tempo pra mim”. Umas dez ou 15 rodadas antes de acabar o campeonato. E quando foi no jogo contra o Grêmio, onde ganhamos e saímos da zona de rebaixamento, cheguei para o Robinson: “Olha, eu vou tirar uma licença”.
OP - Que projeção o senhor faz para o Ceará? 
Evandro - Em 2010, traçamos uma projeção do Ceará ser, até o final de 2014, o maior clube do Nordeste. Em estrutura, em termos centro de treinamento. Nós queremos nos fortalecer regionalmente, acho que a gente já deu um salto. Hoje, o clube, no Nordeste, posso dizer que a gente está entre os melhores. É a questão de ser respeitado. Hoje, qualquer fórum, o clube é chamado porque sabe que somos uma força e temos um grau de influência. 
OP - Por que a prestação de contas do Ceará não está na Internet? 
Evandro - Tenho planos para que a partir deste mês seja publicizada. A de 2010 já foi aprovada pelo conselho deliberativo. E a de 2011 tenho até março, se me engano, para apresentar. 
OP – O senhor fez auditoria quando recebeu o Ceará? 
Evandro – (pausa ) Nós fizemos um levantamento de dívidas. 
OP – Tinha gente que desviava dinheiro do Ceará? 
Evandro – Claro. (Não diz nomes).
OP – Como?
Evandro – (pausa) De jogador que terminava o contrato e a pessoa dizia: “Bota na Justiça, que corre à revelia”. De jogador que chegava pra ganhar “x” e parte desse “x” era pra fulano. Contratações que se dizia que ia pagar no jogador pra o atestado liberatório “x” quando, na verdade, não tinha nada...
OP – O senhor é candidato a vereador este ano?
Evandro – Não.Mas sou a deputado estadual em 2014.
OP – Não é oportunismo ser presidente do Ceará e sair candidato a deputado? Evandro – Isso é muito relativo, depende de cabeça pra cabeça. Não vejo dessa forma... Da minha parte seria muito simples, depois que eu fui designado pra Secretaria, ter me afastado do futebol. Em outubro, setembro, eu fui candidato novamente...
OP – Criou ciumeira, como no caso de Gomes Farias que disputava votos no Ceará?
Evandro – Termina criando de alguma forma. Você termina ocupando um espaço que, outrora, só tinha um. 


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Benê Lima