Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, fevereiro 20, 2012

Na espera de novos Barcelonas

Refletindo sobre a necessidade na mudança do entendimento de jogo do futebol
Mateus Cardoso Kaufmann*

O futebol moderno, apresentado aos torcedores pela maioria dos clubes do planeta, é resultado da filosofia de trabalho de treinadores, comissão técnica, dirigentes e empresários. Como necessidades básicas para ser jogador de futebol: força (“músculos grandes” de membros superiores e inferiores) e estatura (jogador precisa ser alto); uma proposta de jogo que aparenta ser priorizada na maior parte a tática (força e contato físico) em detrimento da técnica; onde a formação de jogadores versáteis e ágeis para a criação de jogadas mágicas e dribles desconcertantes, que torna o espetáculo mais atraente ao público, ficam restritas.

O que pode influenciar para o futebol mundial mudar o padrão de formação de jogadores e para um melhor entendimento de jogo? Barcelona! A gama de títulos e a compreensão de jogo demonstrada por este clube pode ser fundamental para que este esporte seja repensado.

O time catalão tem uma proposta tática aliada com a técnica. Atletas com versatilidade (conseguem desempenhar várias funções dentro de uma partida, por exemplo, atacante, volante, lateral), jogadores inteligentes que buscam movimentar-se a todo momento para estar em condições de receber um passe e também ter esta mobilidade na retomada da posse de bola.

Outro fator interessante é a estatura inferior para os padrões atuais do futebol: Valdés (goleiro; 1,84m de altura), Puyol (zagueiro; 1,78m de altura), Iniesta (meia; 1,70m de altura), Xavi (meia; 1,70m de altura), Messi (atacante; 1,69m de altura), Villa (atacante; 1,75m de altura) e Pedro (atacante; 1,69m de altura), sete jogadores que atuaram na maioria dos jogos na última temporada e que o treinador Pep Guardiloa mostra que é possível jogar um futebol envolvente e eficaz independente de altura e força.

Torna-se importante salientar que a equipe catalã teve uma série de dois empates consecutivos no mês de setembro de 2011 (início da temporada 2011/2012), um pelo Campeonato Espanhol fora de casa (2 a 2 com a Real Sociedad) e o outro pela Liga dos Campeões em casa (2 a 2 com o Milan), e já houve muitas críticas ao treinador e jogadores quanto ao desgaste e à saturação da proposta de jogo do clube. Não teve troca de treinador, crise para mudança do conceito aplicado até então. Teve uma continuidade na filosofia de futebol do clube, que não ia ser alterada em função de dois empates.

Para os amantes do futebol, assistir ao Barcelona jogar é emocionante. Por quê? Quando a posse de bola está com o adversário, seus jogadores continuam no campo ofensivo avançando as linhas de marcação, diminuindo o espaço de jogo do oponente para retomar a posse de bola o mais rápido possível.

Em todos os jogos, a equipe de Guardiola fica com a posse de bola por um tempo considerável a mais que seu adversário. Posse de bola, movimentação constante e organizada dos atletas, tanto pelas laterais, como pelo meio do campo ofensivo, passes de um lado para outro, passes diagonais (que quase sempre pega o sistema defensivo adversário desestabilizado).

Zagueiros e o primeiro volante (que atua em frente aos dois zagueiros) posicionados quase na faixa do meio-campo. Mas para isso é necessário ter jogadores qualificados com capacidade para realizar essas funções. Jogadores com boa desenvoltura para marcar, inteligentes taticamente e técnica apurada, são as qualidades principais para o sucesso espanhol nesta proposta de jogo.

Para alcançar este sucesso, teve um trabalho sendo desenvolvido em longo prazo, tendo muitas derrotas no caminho. Toda a metodologia aplicada nos treinamentos é trabalhada também nas categorias de base, que vão dar um suporte de continuidade ao clube por muitos anos.

A expectativa é que os treinadores possam aderir a esse estilo de jogo (independente de esquema tático adotado), que reverencia o futebol técnico aliado com a proposta tática, de qualidade de passe, movimentações constantes, organização para retomar a posse de bola.

Onde força e estatura não sejam prioridades na montagem das equipes, e sim, a capacidade dos jogadores de saber realizar várias funções e fundamentos essenciais para a prática de um futebol menos burocrático, agradável e bonito.


*Especialista em Atividade Física, Desempenho Motor e Saúde – Conteúdos Esportivos Midiáticos – UFSM/RS.

Contato: mateus.kaufmann@sesirs.org.br

Bibliografia

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