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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quarta-feira, setembro 20, 2017

São Paulo e Real Madrid vivem mundos opostos, diz Marketing e Economia da Bola

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Essa semana circularam duas notícias que mostram claramente a realidade do futebol brasileiro na comparação com o que ocorre na Europa.

A marca norte-americana Under Armour decidiu rescindir o contrato de patrocínio com o São Paulo.

Na mesma semana foi divulgado o novo contrato bilionário do Real Madrid com seu parceiro de material esportivo, a adidas.

O tricolor do Morumbi vai perder o apoio de uma das marcas que mais crescem no mundo do esporte. O atual patrocinador do clube que pagava cerca de R$ 16 milhões por ano em dinheiro e outros R$ 12 milhões em material esportivo está decepcionado com as vendas de camisas do time.

Ao que parece a conta não fecha.

A empresa americana fatura mais de US$ 5 bilhões globalmente e cresceu demais. Seu faturamento em 2010 era de apenas US$ 1 bilhão.

Acredito que além da baixa venda de camisas, que pode ser explicado pelo péssimo momento esportivo do time, a desorganização do clube e a falta de gestão profissional pode ter acelerado a decisão em deixar o clube.

Afinal uma empresa dessa não ia abandoar seu maior investimento assim.

É sempre bom lembrar que o SPFC é a terceira maior torcida do Brasil e tem forte participação em todas as classes sociais e faixas etárias.

Entre os torcedores mais ricos do país, o clube inclusive se aproxima do número de torcedores que Flamengo e Corinthians tem.

Parece que a decisão da empresa está muito mais associada ao baixo nível de gestão são-paulina, que qualquer outro fator.

Já em Madrid as coisas são bem diferentes. As notícias sobre o novo contrato entre Real Madrid e adidas falam de um contrato global de 1,5 bilhão de euros em 10 anos, o que garantiria para o atual bicampeão da Champions League 150 milhões de euros  anuais.

Similar ao que a Nike paga ao Barcelona.

Ao que parece os valores subiram em função do interesse da Nike e da própria Under Armour de vestirem o Real.

Enquanto o São Paulo não gera interesse, o Real fatura alto com a disputa entre as concorrentes globais de material esportivo.

Um claro sinal da fraqueza do nosso mercado.

As marcas de material esportivo ou technical sponsor, são fundamentais para o desenvolvimento de clubes em todos os mercados do planeta.

Marcas como Nike, adidas, Puma, Under Armour, New Balance, utilizam clubes europeus como plataformas globais para seus negócios. E pagam caro para explorar essa relação.

A decisão da Under Armour em rescindir com o São Paulo é um péssimo sinal para todo o mercado.

São Paulo está muito atrás de seus rivais

A comparação do São Paulo com o Real Madrid é impossível, já que o time espanhol é um gigante global que fatura mais de R$ 1 bilhão em receitas de marketing. Mas mesmo entre os times brasileiros o tricolor está mal, muito mal.

Segundo meu estudo sobre as finanças dos clubes brasileiros em 2016, o São Paulo faturou R$ 35,3 milhões com patrocínios, pouco à frente do Internacional. 

Ficou atrás do Grêmio que faturou R$ 35,5 milhões, Flamengo 63,4 milhões, Corinthians R$ 71,4 milhões e Palmeiras R$ 90,7 milhões.

Em 2015, as receitas de patrocínio do clube do Morumbi foram de insignificantes R$ 19,9 milhões. Em 2012 chegaram ao fundo do poço, quando atingiram ridículos R$ 11,1 milhões.

Naquele ano foi apenas o 12º do país.

SPFC- Patrocinios

O clube tem uma péssima gestão de sua marca, viveu anos de patrocínios pontuais e sem o apoio de empresas que pudessem construir uma nova realidade mercadológica.

O tricolor parou no tempo e hoje vive esse drama de ser preterido por uma empresa estrangeira, que via na relação com o clube o seu crescimento no Brasil.


O clube tem um potencial mercadológico enorme, mas precisa de um departamento de marketing competente e uma gestão muito mais profissional que a atual.

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Benê Lima