Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, maio 18, 2009

COM PÉ E CABEÇA – ANO IV – Nº151

“Estudo de forma multidisciplinar; ajo de modo interdisciplinar e penso pela ótica transdisciplinar.” (Benê Lima)

Opinião
QUE FUTEBOL QUEREMOS?


A mesmice tem-nos deixado ‘desantenados’ da realidade circundante do futebol globalizado

Temos uma crônica em parte anacrônica que deseduca e desacata nosso povo, população essa que pelo benefício da democratização dos meios de informação, imagina-se imune às sandices e ao pior do maquiavelismo, que, diga-se, não é ruim de todo.

E o pior é que ainda há quem defenda o indefensável, a troco do quê não sabemos nem alcançamos com convicção, embora imaginemos o interesse não confesso.

A APCDEC precisa de um Conselho de Ética que funcione, e que ele seja formado por membros respeitáveis, a fim de que nele se possa acreditar.

Diante mão já assumo posição contrária a qualquer corporativismo canhestro, porque minha alma não está à venda, embora possua elevado espírito de equipe. Sou bom de negociação, pois prefiro um acordo ruim a uma boa demanda. Mesmo quando me vi sensivelmente prejudicado, ainda assim me mantive em posição sóbria, equilibrada, sendo até perdulário em minha generosidade.

Mas, para quem não sabe um homem honrado possui o adicional da força moral. E como diz um velho adágio, ‘de dois homens iguais na força, tem mais força quem tem razão’.

O objetivo da preambular é para destacar que sei do que estou falando e que não me curvo a ameaças. Portanto, luto e continuarei a lutar por uma crônica esportiva séria e competente tanto quanto possível, pois jamais quererei para mim um carma coletivo que posso, pelo menos em parte, evitar.

O futebol cearense precisa olhar para si, para tentar identificar suas deficiências e as relações causais de sua estagnação. E, ao nosso juízo, o imobilismo que tomou conta deste futebol perpassa pela falta de reflexão crítica da nossa crônica esportiva, que aceitou como paradigma um conservadorismo fundado no desvalor.

O futebol mudou, continua mudando e nossa crônica continua preconizando o mesmo receituário. O ídolo deu lugar ao operário, as relações entre clubes e atletas foram refundadas e boa parte dos comentaristas ainda não se apercebeu das mudanças. Ninguém é obrigado a aceitar a Teoria da Evolução da Espécie ou o Evolucionismo. Todavia, que se aceite ao menos na teoria da evolução das idéias. Que tal?

E é com base nas idéias e em suas conexões empírico-científicas que estamos na vanguarda das mudanças no cenário do futebol cearense. Com a organização do I Seminário Cearense de Futebol Feminino, uma iniciativa ousada da Liga Cearense de Futebol Feminino (LCFF), pretendemos anunciar que as precondições indispensáveis ao ambiente do futebol em nosso estado estão sendo criadas, a fim de que um impulso desenvolvimentista irrompa sobre nós, bastando para isso que os atores, produtores e gestores dêem prosseguimento ao processo, através de suas efetivas participações.

Criar uma relação sistêmica entre os diferentes níveis e categorias do futebol, de modo a colocarmos o futebol amador na base da pirâmide do profissional, corresponde, creio, a estabelecermos um salutar processo de retroalimentação.

Portanto, mais importante que priorizar a resolução dos problemas pontuais é adotarmos a idéia de implementação de todo o processo genérico, para em seguida trabalharmos as soluções passo-a-passo.

Eis, pois, uma oportunidade de nos antenarmos com o futebol como ele é, e não mais como ele era.


EFEMÉRIDES

EU JOGO, NÓS JOGAMOS

Creio que a diferença básica entre Ceará e Vasco está expressa na pessoa verbal. Ou seja, enquanto no Ceará predominou o EU JOGO, no Vasco o predomínio esteve no NÓS JOGAMOS.

A verdade é que somos provincianos, e isso se evidencia tanto dentro como fora de campo.

O Vasco aqui veio para cumprir mais um jogo. Para os atletas do Ceará o jogo ganhou conotação diversa. Muito provavelmente, o grande prato midiático para suas projeções. Disto resultou a evidência dos projetos pessoais, sobrepondo-se aos interesses da equipe. Moral da estória: sucumbiu o time alvinegro cearense, ante o poder coletivo do adversário carioca.

Outro fator determinante para a ineficácia da produção do Ceará como equipe foi o açodamento de seu treinador, o Zé Teodoro, que não deu bola para o elemento entrosamento, arriscando todas as suas fichas na sobreposição da novidade(s) ao conjunto. Deu no que deu: jogo aéreo a cântaros, para uma defesa vascaína que se consagrava.

Jogadores como João Marcos e Reinaldo foram de uma obscuridade ofensiva a toda prova. Daí puxarem para baixo as produções de Wellington Amorim e Preto. Estes dois não são atacantes para resolverem os lances a partir do meio-campo. Precisam de aproximação, da assistência, do diálogo da bola com os companheiros.

De outra parte, faltou ao Ceará o que teve o Vasco, embora de forma minguada: um homem de armação. O Vasco contou com dois: Enrico no primeiro tempo, Léo Lima no segundo. Mais ainda, o Ceará não teve a válvula de escape chamada Ramon.

Mas foi só uma partida, e daquelas que podem ser descartadas, pois só há um Vasco na Série B, e esse Ceará que aí está tem potencialidade para crescer e aparecer.

Palavra de crítico.



POR QUE O FORTALEZA PREOCUPA

É visível certo descompasso entre o trabalho do departamento de futebol tricolor e o de seu treinador.

Já vi de outras vezes o treinador ser prejudicado pela inexperiência e incompetência da direção de futebol, mas não desta feita. Um caso marcante foi o de Dorival Júnior, atual técnico vascaíno, que em 2005 quando esteve no Pici, foi vítima do noviciado da época. Contudo, hoje quem desafina é o comando técnico da equipe.

É certo que as contratações de Renan, Papellim e Ocílio parecem modestas, algumas até superlativamente modestas: modestíssimas. Porém, independente dos resultados práticos, não temo em afirmar que a política, aprioristicamente, é acertada.

Pior é sabermos que a conversa entre Renan Vieira e Mirandinha, a julgarmos pelo discurso de ambos, de nada serviu.

Mirandinha acha que o que faltou foram explicações. Renan, por sua vez, em momento algum pós-conversa se mostrou convencido – sequer satisfeito – com as colocações de Mirandinha.

Se nos parece que falta pouco para a queda do já não tão comandante técnico do Leão. Mas vejo salvação à distância para ele, só não sei se ele terá tônus para vencer os enormes desafios.

Na verdade, o trabalho de Mirandinha jamais convenceu pelo quesito produção. Foram os resultados medianos e os pífios que o mantiveram.

Mirandinha precisa rever conceitos. Ser mais pragmático e menos estiloso é um bom início. Adotar um discurso menos megalômano (Ferrari) e mais humilde (Copersucar). Também comprar um pouco do espírito gregário, sociável e de equipe valerá mais que qualquer talismã ou amuleto.

Te cuida DINHA, que o MIRAN já se foi.


Benê Lima
benecomentarista@gmail.com
www.lcfutebolfeminino.blogspot.com
(85) 8898.5106

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