Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

domingo, maio 31, 2009

COM PÉ E CABEÇA – ANO IV – Nº152


Estudo de forma multidisciplinar; ajo de modo interdisciplinar e penso pela ótica transdisciplinar." (Benê Lima)

Opinião
SOBRAM QUEIXUMES, FALTAM INICIATIVAS


O futebol cearense está onde merece: pelo provincianismo de nossos meios de comunicação, pelo arcaísmo dos nossos dirigentes e pelo grau de alienação de parte de nossa população.

Chega de fazer média, a pretexto de sermos corteses com quem não merece cortesia. Basta de silenciarmos ante os arroubos de arrogância e vaidade de pessoas que ruminam o prato feito de idéias preconcebidas e retrógradas. Afinal, é tempo de pararmos de dar ouvidos a quem com nada contribuiu para o crescimento do nosso futebol.

Constitui mentira monumental a propagação de que temos torcida de primeira divisão. Partindo-se da premissa de que a qualidade do público também é fator preponderante, fica o questionamento que se segue. Se não temos nem dirigentes nem crônica esportiva nem times de primeira, como podemos ter torcida de primeira divisão? Como podemos encarar nosso torcedor como exceção, se a regra é mediocridade? Ou não somos todos a tecedura de um composto social corrompido e dilacerado?

Precisamos prementemente refundar os valores que orientam a administração do nosso futebol, seja no amador seja no profissional, seja no nível da prática seja no da concepção, sob pena de, em não o fazendo, estarmos condenando nosso futebol a uma morte lenta e gradual.

À falta de ética em nosso meio futebolístico já foram dadas um sem número de oportunidades, e isso se tem revelado como o mais rotundo fracasso. Por que, então, não darmos chance à cooperação da ética, em vez de permanecermos no atoleiro dos contra-valores?

Façamos todos, pois, uma mobilização de força intelectual, moral e espiritual, a fim de reformatarmos o produto futebol. Porém, sem que descuidemos de a ele agregarmos valores autênticos, axiomáticos, de comprovada eficácia. A razão básica para tal atitude está em darmos escopo de credibilidade ao produto, cuidando não só de sua tangibilidade, bem como de seu aspecto intangível.

O cliente do futebol precisa sentir não só o vislumbre, mas a garantia do respeito, a certeza de sua valorização, e atitudes representativas de seu acolhimento, tanto por parte do seu clube do coração, quanto da parte dos promotores do evento. E, vale lembrar, tudo isso dentro de uma relação que é, essencialmente, emocional. Daí ser bem mais fácil para um clube de futebol construir com seu simpatizante uma relação de fidelidade. Pena que nossos dirigentes não saibam trabalhar com esta vantagem mercadológica.

Pelo que se pode ver, para atrair o cliente do futebol não basta a mera discussão do patamar de preços de ingressos. Hoje, diria, que até a gratuidade do acesso às praças esportivas não representaria atrativo suficiente, no sentido de alterar significativamente os números da participação do torcedor.

O produto futebol cearense necessita incorporar os valores básicos inerentes a todo bom produto do gênero. Enquanto tais providências não forem atendidas, permaneceremos nesse estado de perplexidade diante de estádios praticamente vazios.

Portanto, compreendermos as causas do ‘fenômeno anoréxico’ do qual está acometido nosso pobre futebol cearense, coloca-nos mais próximos da formulação dos compostos regenerativos, já que perdemos o tempo da profilaxia.

Enquanto nossos meios de comunicação continuarem concedendo espaços mais que generosos a quem até aqui com nada contribuiu para o desenvolvimento do nosso futebol, como são os casos recentes dos atletas Ciel e Rodrigo Mendes, em detrimento de movimentos com caráter progressista como o 1º Seminário Cearense de Futebol, abrangendo as modalidades deste segmento, permaneceremos na obscuridade, aviltados, amofinados, decrépitos.

Cabe-nos, pois, reagirmos a esse estado de coisas.

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EFEMÉRIDES

Veja o depoimento de um torcedor de classe média e esclarecido, a que prefiro preservar a identidade.


Ontem à noite, após a partida (ABC e Fortaleza), simplesmente perdi o sono e demorei a dormir. Tive que tomar dois soníferos (duas doses de uísque) pra conseguir me acalmar, relaxar e pegar no sono, ainda que no "tranco". Hoje acordei às 05h34min, ainda com sono, mal-humorado e sem vontade de levantar da cama, sendo que a primeira coisa que me lembrei foi do resultado do jogo de ontem. De qualquer forma, tive que levantar pra acordar as crianças e levá-las à escola.

Sou nervoso por natureza, minha esposa chegou pra mim e disse: "Meu filho, procure alguma forma mais sadia de entretenimento, esse time que você torce está prejudicando você, sua saúde e até a nós".

O pior que é verdade, não tive como refutar tais alegações, tanto é que a primeira coisa que fiz quando cheguei pra trabalhar foi ligar para a central de atendimento da Sky e cancelar o premiere futebol.

Sinceramente, não acho que vale a pena acompanhar os jogos ao vivo, pelo menos desse time que é o pior do campeonato.

Qualquer momento desses posso enfartar, não que eu seja cardíaco ou possua uma predisposição para tal enfermidade, mas é de bom alvitre tomar as precauções necessárias. O Fortaleza Esporte Clube só acompanharei aqui pelo nosso site ( fortaleza.net). Jogos ao vivo, pelo menos por enquanto, não dá mais pra mim.


A Copa é boa

Passar no vestibular para a Copa do Mundo, por si só, já representa um feito notável para o Estado do Ceará, mais ainda para a Região Metropolitana de Fortaleza. De fato, algo que requer uma primeira comemoração.

São inegáveis os benefícios que a região de circunscrição do evento terá. Como destino turístico, é lícito esperarmos que nosso Estado experimente um boom jamais visto.

Oportunidade também para que nutramos a expectativa de alguns generosos dividendos na esfera sócio-econômica.

Na área de comunicação, teremos tempo para rever posturas, buscar capacitação, incorporar novas tecnologias, aperfeiçoar as já existentes.

Também é racional que pensemos no crescimento da atividade econômica desde já, notadamente na área da prestação de serviços.

Passado o vestibular, nossa próxima tarefa - esta mais longa e penosa - será a aprovação na faculdade da Copa 2014.
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Benê Lima