Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, julho 07, 2014

Copa do Mundo 2014: o ritmo de passes das seleções sul-americanas e das seleções europeias (Parte 1)

Como foi a relação dos passes em função do tempo de bola rolando e do tempo de posse de bola das equipes nos jogos da primeira rodada da fase de grupos

Leandro Calixto Zago / Universidade do Futebol

A transferência da bola (passe <=> recepção/domínio) representa muito da essência de uma equipe de futebol. Do ponto de vista estrutural ou operacional, dá indícios sobre a intenção na ação, conhecimento sobre o jogo, qualidade do processo de treinamento e outros tantos fatores. 

Como produto dessas variáveis e também alinhado a elas, as equipes manifestam (ou manipulam) um ritmo de passes (número total de passes em função do tempo total em segundos) para chegar ao objetivo primário, a vitória. 

Segue abaixo a primeira tabela com os dados das equipes da América do Sul, que, foram agrupadas por similaridade nas médias obtidas.






Figura 1 – Dados do primeiro jogo de Brasil, Argentina e Uruguai

As três seleções tiveram um tempo maior de posse de bola do que seus adversários e apresentaram como média do ritmo de passes relativo ao tempo de posse de bola e ritmo de passes relativo ao tempo total valores próximos. O Uruguai realizou em média 1 passe a cada 3,04 segundos no tempo que esteve em posse de bola. O ritmo se manteve alto mesmo com um volume de passes menor que Brasil e Argentina devido ao tempo menor de bola em jogo na sua partida.
 


Figura 2 – Dados do primeiro jogo de Colômbia e Equador

 

Colômbia e Equador possuem ritmos mais lentos em comparação com as Seleções mais tradicionais da América do Sul, fazendo em média 1 passe a cada 3,66 segundos e 3,98 segundos respectivamente. O ritmo de passes diminui vertiginosamente quando o tempo total de bola em jogo é considerado. Esse dado é resultados obviamente de um menor tempo percentual de posse de bola do que seu adversário, apontando para uma proposta de jogo diferente das três Seleções anteriormente citadas.
 



Figura 3 – Dados do primeiro jogo de Alemanha, Itália e Espanha

 

A Seleção com o ritmo de passes mais elevado foi a Espanha. E o ritmo se manteve elevado mesmo considerando o tempo total de bola em jogo em comparação com todas as outras Seleções analisadas.
 


Figura 4 – Dados do primeiro jogo de Inglaterra, Portugal e Holanda

 

Essas três Seleções apresentaram um ritmo de passes mais lento em comparação com as outras seleções europeias, porém, a maior diferença foi quando o tempo total de bola em jogo foi considerado. Todas tiveram menor tempo percentual de posse de bola do que seus adversários, o que interferiu no tempo de posse e consequentemente na capacidade de manter um ritmo de ações técnicas (o passe nesse caso) mais elevado.
Após a exposição das tabelas com as informações sobre ritmo de passes das Seleções, constata-se que:

1. Como vem sendo constatado em pesquisas nos últimos anos, o tempo de posse de bola possui pouca relação com o resultado que a equipe conquista no jogo. Dos 8 jogos acima citados, em 3 deles, a equipe com menor tempo de posse de bola venceu a partida, correspondendo a quase metade dos jogos avaliados;

2. Os jogos das Seleções Sul-americanas tiveram em geral, menor tempo de bola em jogo (com exceção da Argentina) do que os jogos das Seleções Europeias;

3. Com exceção da Espanha com 83% de aproveitamento dos passes, todas as Seleções vencedoras tiveram um aproveitamento dos passes realizados igual ou superior a 75%;

4. As Seleções com ritmo mais alto (Espanha – 1 passe a cada 2,94 segundos) e com ritmo mais baixo (Equador – 1 passe a cada 3,98 segundos) saíram derrotadas em seus jogos;

5. A Seleção espanhola continua tendo um ritmo alto de passes e recuperando a bola mais rápido que a média das equipes (isso fica claro com o maior volume de passes entre todas as Seleções apontadas e o ritmo mais elevado mesmo considerando o tempo total de bola em jogo), porém, sua capacidade de transformar essas características em efetividade está comprometida;

6. A média do ritmo não considera o tipo de passe (curto, médio ou longo, por exemplo), mas acaba expressando como a equipe sustenta a posse de bola e como constrói seu caminho até o gol;

7. Como a média do ritmo considera apenas a ação técnica do passe, um ritmo mais lento de passes pode ser resultado de equipes que realizam mais vezes outras ações técnicas como condução, cruzamentos e passes mais longos (por consequência com um tempo maior de trajetória), por exemplo. Com isso, a aparente “lentidão” pode sim ser resultado de um tempo maior para a tomada de decisões e imobilidade da equipe, mas não é necessariamente apenas isso;


Referências Bibliográficas

FIFA. Disponível em: http://pt.fifa.com/worldcup/matches/index.html . Acesso em: 23/06/2014.

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Benê Lima