Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sábado, julho 26, 2014

Rede de perpetuação do poder torna improváveis mudanças a curto prazo no futebol brasileiro

Afagos a federações de menor expressão e decisões políticas são marcas da entidade que comanda o futebol brasileiro

Rede de perpetuação do poder torna improváveis mudanças a curto prazo no futebol brasileiro Ricardo Stuckert/CBF,Divulgação
Foto: Ricardo Stuckert / CBF,Divulgação
O sopro de renovação para o futebol brasileiro terá de ser um ciclone. Apesar de movimentos como o Bom Senso F. C. – no momento apoiado pelo governo federal – demonstrarem interesse em modernizar o comando do esporte no país, o emaranhado formado por federações estaduais e pela CBF torna improváveis mudanças a curto prazo.
Por trás da desorganização aparente emerge a estrutura que se mantém há anos com um objetivo principal: perpetuar o poder. Na raiz dessa estrutura estão dirigentes como Zeca Xaud. Aos 69 anos, ele está há 40 anos à frente da federação de Roraima. Apesar de absurdo, não deveria ser grande problema para o futebol brasileiro um cartola reinar por quatro décadas na entidade que organiza um campeonato inexpressivo. Mas é: na hora de eleger o presidente da CBF e decidir questões importantes, o voto de Xaud vale o mesmo que o do representante da federação do Rio, por exemplo. E que o dos presidentes de Grêmio e Inter.
Dentro de cada Estado, a relação é semelhante.
— É uma relação feudal. Não interessa mudar ou ter um estadual que favoreça o calendário nacional — aponta o diretor-executivo da Universidade do Futebol, Eduardo Tega.


E essa é a parte escancarada do emaranhado no qual está envolto o esporte que movimenta centenas de milhões de reais todos os anos. Nos escaninhos da CBF – onde quem está dentro não sai e quem está fora quer entrar –, as decisões são tomadas por poucas pessoas que integram um mesmo grupo político, no poder há 25 anos. Apesar de atualmente ter um corpo técnico de qualidade, os mandatários da entidade são eminentemente políticos. E as decisões tomadas, obviamente, também.

Diretor-executivo do Bom Senso, Enrico Ambrogini explica que o movimento defende participação da área técnica da CBF, governo, representantes de executivos, árbitros, treinadores e jogadores em decisões importantes da entidade:
— Marin criou um cargo de vice-presidente, com um salario altíssimo, que ele mesmo que vai ocupar a partir de 2015. E ninguém pode colocar a mão nisso do jeito que está. A CBF, para não sofrer sanções do governo, paga impostos que nem deveria pagar. Como associação sem fins lucrativos, seria isenta de Imposto de Renda, PIS e Cofins, por exemplo. Paga todos para que o governo não diga que há incentivo. Por que será que a CBF faz isso?
Procurada por ZH, a assessoria de imprensa da CBF disse não ser possível, no prazo pedido, um representante da entidade falar sobre os temas tratados nessa reportagem.
Veja como funciona a rede de perpetuação do poder na CBF:
Reprodução

30 anos de poder
1989 – 2012
Casado desde 1972 (teriam um divórcio rumoroso no final da década de 90) com a filha do então presidente da Fifa, João Havelange, Ricardo Teixeira foi eleito presidente da CBF em 1989. Sob seu comando, a Seleção disputou três finais de Copa do Mundo: 1994, 1998 e 2002 – venceu em 94 e 2002. Foi reeleito quatro vezes. Enfraquecido  após uma série de denúncias, renunciou em março de 2012.
— Teixeira assumiu a CBF após a desastrada administração da dupla Octávio Pinto Guimarães e Nabi Abi Chedid, que praticamente quebraram o futebol do país até entregar ao Clube dos 13 a organização da malfadada Copa União (aquela dos módulos Verde e Amarelo), em 1987. Com um discurso de modernização do futebol brasileiro, o pupilo de Havelange teve os mandatos marcados por suspeitas de enriquecimento e de relações impróprias com empresários e patrocinadores – teve de se explicar na chamada CPI da Nike, que investigou o contrato da fornecedora de material esportivo com a CBF. Ao mesmo tempo, deu atenção a Estados com futebol menos prestigiado e aumentou repasses da confederação a federações e clubes.ffdfdfdfdf d fdnfmdf
2012
— Após a saída de Teixeira, em 2012, assumiu o vice-presidente mais velho entre os cinco da entidade, José Maria Marin, representante do Centro-Oeste. Ex-governador de São Paulo no tempo da Ditadura, Marin falou sobre sua administração ao tomar posse. Resumiu em sua fala o que é a CBF:
— Continuidade administrativa. É a continuidade da administração do (ex) presidente Ricardo Teixeira.
2014
— Em abril deste ano, o atual presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Marco Polo Del Nero, foi eleito presidente da CBF. Ele foi o único candidato à presidência e contou com 44 dos 47 votos possíveis. Del Nero está no comando da FPF desde 2003. O nome da chapa encabeçada por Del Nero, que tem Marin como vice? “Continuidade Administrativa”.
2019
— Del Nero assumirá oficialmente em 2015. Entre seus cinco vices, estará Marin, representando a região Centro Sul. Completam a chapa, o filho de José Sarney, Fernando Sarney (Norte), Delfim Peixoto (Sul), Gustavo Feijó (Nordeste) e Marcus Vicente (Centro-Oeste). Ao fim do mandato de Del Nero, em 2019, serão 30 anos do mesmo grupo no poder da entidade que comanda o futebol brasileiro.

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Benê Lima