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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

terça-feira, julho 15, 2014

Campeonato Brasileiro tem a missão de combater efeitos da eliminação da seleção na Copa

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Maracanã 01

RIO — A Série B recomeça nesta terça-feira, exatamente uma semana após a traumática eliminação da seleção brasileira na Copa do Mundo. Na quarta, será a vez da Primeira Divisão. Enquanto o futebol doméstico volta à atividade, um desafio se coloca: atrair o torcedor após o impacto profundo dos 7 a 1 aplicados pela Alemanha. O resultado soou como um atestado do atraso, da inferioridade. E foi imposto à seleção brasileira, formada quase integralmente por jogadores que atuam na Europa onde, supostamente, está a elite dos nossos jogadores. A dura tarefa é convencer o público de que o Campeonato Brasileiro, em tese disputado por jogadores que não conquistaram espaço no mercado externo, merece consideração.

— Os clubes vão sangrar — disse o ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez, um dia após a humilhação sofrida pela seleção brasileira.

Entre os colegas que dirigem os clubes, no entanto, as opiniões não vão todas na mesma direção. Há os que apostam na força das marcas, embora ultimamente não tenham sido capazes de criar grande mobilização para ocupar estádios.

— Claro que é um desafio. Mas não vejo como um problema sério. O público da Copa do Mundo é diferente do que frequenta o Campeonato Brasileiro. Acho que a torcida está com saudade de ver o Flamengo jogar, na expectativa para saber se virão reforços, se o time terá outra postura — afirma o presidente rubro-negro, Eduardo Bandeira de Mello, embora o clube tenha contratado apenas o meia argentino Canteros. — Se o Brasil tivesse terminado vencendo e convencendo, os olhos do mundo estariam voltados para cá, como estão agora voltados para o futebol alemão. Mas isso não vai acontecer. A goleada, no entanto, pode criar uma expectativa interna de reverter a tragédia.

O único titular da seleção brasileira que atua no país é o tricolor Fred. Para o presidente do Fluminense, Peter Siemsen, pode haver um abalo no valor de mercado dos jogadores brasileiros. Mas ele crê que não afetará o campeonato.

— Com o tempo, boas atuações de brasileiros na Liga dos Campeões podem recuperar este valor. E deixar a imagem de que os 7 a 1 foram um fato isolado. Num primeiro momento, o interesse pode diminuir. É difícil conviver com este resultado. Mas, como quase todos os titulares já atuavam no exterior, acho que não muda muito — disse o dirigente tricolor. — O Campeonato Brasileiro e os clubes ainda são produtos com pouco valor de venda. As duas marcas valorizadas são o jogador brasileiro e a seleção.

MAIOR COBRANÇA

Se a goleada criou um clima negativo justamente em torno da seleção, como valorizar a competição nacional? Para analistas do mercado, a crise de credibilidade terá contornos graves

— A Copa já fazia a gente se perguntar como motivar o público após o torneio. E nem tinha acontecido o vexame. Agora é mais grave ainda. Cria-se um clima de desmotivação, impaciência da torcida. O impacto é ainda pior. É uma volta à realidade sob total descrédito com a seleção, que antes era uma espécie de porto seguro, já que concentrava nossos melhores jogadores — disse Amir Somoggi, consultor de marketing e gestão esportiva.

No entanto, uma oportunidade pode estar se desenhando.

— O momento é difícil. Mas a forma como a seleção jogou pode ter efeito inverso e sensibilizar as pessoas a se mobilizarem para retomar o desenvolvimento do futebol brasileiro. À primeira vista, o resultado desestimula. Mas a sociedade vai cobrar mais, o futebol vai se cobrar mais — disse Pedro Trengrouse, professor da Fundação Getúlio Vargas e consultor da ONU para a Copa de 2014.

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Benê Lima