Sesporte estuda processar empresa que fez a drenagem
A atual e a ex-administração da Secretaria do Esporte divergem sobre o estado do gramado do Castelão
A atual e a ex-administração da Secretaria do Esporte divergem sobre o estado do gramado do Castelão
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A polêmica em torno das condições do gramado do Estádio Castelão está mais acesa do que nunca. Enquanto a Secretaria do Esporte (Sesporte) estuda uma maneira de processar a empresa responsável pela reconstrução da drenagem e do gramado na reforma de 2002, Lúcio Bonfim e Antero Coelho Lima, dois dos engenheiros responsáveis pela obra, afirmam que a culpa de tudo é da atual administração, que não fez a manutenção de forma correta.
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O titular da Sesporte, Ferruccio Feitosa, enviou o caso ao setor jurídico da Secretaria a fim de encontrar uma maneira de responsabilizar a empresa paulista Varca-Scatena pelos danos no gramado do Castelão.
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No entanto, como já se passou o período de cinco anos, não caberia mais nenhum tipo de questionamento. ´Estamos estudando uma forma de conversarmos amigavelmente. Se não for possível, buscaremos uma saída jurídica´, diz Ferruccio.
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Contestação
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Entretanto, a opinião de quem trabalhou na época da reconstrução do estádio é bem diferente. Conforme e-mail enviado ao Diário do Nordeste por Lúcio Bonfim e Antero Lima, ´o que está ocorrendo no gramado do Castelão é resultado de um longo processo que se iniciou nos últimos dois anos, quando não se priorizou a manutenção do estádio. A atual administração orientou os funcionários que mantêm o gramado há trinta anos a não usarem água da Cagece por causa do preço, limitando suas tarefas ao uso da água dos poços, sabidamente insuficientes para a manutenção do gramado´.
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De acordo ainda com os dois engenheiros, ´como o período chuvoso foi fraco em 2007, o lençol freático estava baixo e não havia água suficiente. O gramado, então, começou a ser mal tratado. Havia recursos somente para usar o fertilizante e não tinha recursos para o veneno, o que veio a enfraquecer a raiz da grama, tornando o gramado mais frágil. Quando a equipe de manutenção do estádio tinha que usar o fertilizante era impedida, pois o estádio tinha sido liberado para rachas noturnos dos amigos da Secretaria ou do Governo´.
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Além disso, eles garantiram que ´a máquina de cortar grama não era mais usada porque estava quebrada por falta de dinheiro para o conserto. Passou-se a usar a máquina manual, que tem qualidade de corte inferior e demanda mais tempo. A área atingida em que se necessitou colocar areia para diminuir o atoleiro anterior decorre de um entupimento no tubo de drenagem que está represando a água, facilitando a formação do atoleiro´.
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Íntegra
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A íntegra do e-mail pode ser conferida no blog do editor do caderno Jogada, Daniel Praciano, cujo endereço é ´blogs.diariodonordeste.com.br/daniel´.
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O secretário Ferruccio Feitosa reagiu com indignação às acusações feitas à sua administração. ´Isso é uma leviandade. Nunca houve jogo noturno que não os oficializados pela FCF. Temos as contas arquivadas para provar que usávamos a água. A máquina elétrica não estava sendo utilizada por causa das condições do gramado: poderia afundar. Essa história de dizer que o problema surgiu nos últimos dois anos não é verdade. Todo torcedor conhece os pontos que ficam encharcados durante o inverno no Castelão. O problema é que, nesse ano, a situação se tornou mais grave por causa da intensidade das chuvas´. Ferruccio lembrou ainda que foram os técnicos da UFC, da USP e do DER que comprovaram que houve um erro grosseiro na reconstrução da drenagem em 2002´.
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NOVA MEDIDA
Operários cavam grama e limpam drenos
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Quase 72 horas após a medida apressada de colocação de areia grossa para mitigar falhas no sistema de drenagem do Estádio Castelão, a Secretaria do Esporte do Estado resolveu arregaçar as mangas e tomar uma providência igualmente paliativa, mas de maior alcance. O secretário Ferruccio Feitosa convocou engenheiros do Departamento de Edificações e Rodovias (DER), e mais técnicos e engenheiros das construtoras Fujita, GIF, Samaria, entre outras, para encontrar uma solução imediata, que permitisse a continuidade de realização de jogos da Série B do Campeonato Brasileiro naquele local.
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Foram convocados para a reunião, o superintendente do DER, Quintino Vieira, engenheiros renomados como Cláudio Nélson, Artur Façanha, entre vários outros especialistas.
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Por volta das 14 horas, havia um grande corre-corre no Castelão, com o trabalho de manutenção sendo executado por 100 operários, que revezaram o turno com mais 100 durante a madrugada para completarem o serviço que foi indicado.
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Escavações
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Do lado direito do gramado, na entrada da grande área, 100 homens fizeram escavações com um objetivo principal: retirar a argila impermeável que fica debaixo da grama, a qual impede que a água das chuvas chegue até os drenos. De acordo com o responsável pela obra de reforma, o engenheiro do DER, Joaquim Manuel, o material dos drenos se encontra em boas condições. “O grande problema é o solo impermeável”, reconheceu.
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Os trabalhadores escavaram 80mx11, abrindo valas no sentindo transversal do gol, até atingir os drenos. O passo seguinte foi lavar o bidim (que é uma espécie de tapete de envelopamento do dreno). Além disso, foram colocadas mais brita e areias grossa e vermelha. Hoje, chegam 1000 m² de grama que foram comprados no Rio Grande do Norte. Destes, 600 m² serão colocados no local escavado. O lado esquerdo do campo não apresenta os mesmos problemas. A nova grama precisaria de 15 dias para se enraizar, porém será colocada às pressas para os jogos do final de semana.
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PV
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Ofuscado pelos problemas do Castelão, o PV tem novidade hoje. Às 14 horas, na sala vip do Ginásio Paulo Saraste, a Prefeitura Municipal de Fortaleza assinará de um convênio técnico com a Universidade Federal do Ceará (UFC) para a realização dos testes na estrutura de concreto.
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Fernando Maia
Repórter
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Benê Lima