Íntegra da resposta de responsáveis pela última obra de reforma do Castelão
Plublicado no Blog do Daniel Praciano, DN
Daniel Praciano é Editor do Caderno Jogada
Daniel Praciano é Editor do Caderno Jogada
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Abaixo a íntegra do email enviado pelos dois engenheiros:
“A propósito da matéria “Castelão receberá 800 metros de nova grama”, publicada no Caderno Jogada, na edição de 19 de maio deste jornal, e escrita pelo repórter Fernando Maia, gostaríamos de fazer alguns esclarecimentos:
1- Fomos dois dos engenheiros responsáveis pela última reforma do Castelão, depois que o estádio foi interditado em 2000, sendo entregue, em março de 2002, à população do nosso Estado com o jogo Brasil x Iugoslávia. Durante aqueles anos, na condição de Superintendente do DERT - Departamento de Edificações, Rodovias e Transportes do Ceará (Lúcio Bomfim), órgão vinculado à Secretaria de Infra-estrutura do Estado do Ceará, e de engenheiro fiscal (Antero Correia Lima), coordenamos uma equipe de técnicos respeitáveis e de serviços públicos prestados;
2- Elaboramos o anteprojeto de arquitetura com os arquitetos do DERT e da Secretaria da Cultura e Desporto do Estado do Ceará, à qual estava vinculada à época a Fundação de Assistência ao Desporto do Estado do Ceará (FADEC), responsável pela administração do estádio. E contamos ainda com a colaboração dos profissionais – pelo menos dos que ainda estavam vivos – responsáveis pelo projeto original da construção do Castelão, na década de 1970;
3- Contratamos um escritório de arquitetura para desenvolver os projetos executivos para a reforma, vencendo a licitação o arquiteto Jose Sales, professor da Universidade Federal do Ceará. Este escritório contratou os profissionais necessários para as diversas áreas de atuação, incluindo a drenagem do campo;
4- A reforma para os melhoramentos do Castelão teve a empresa Varca-Scatena, de São Paulo, como vencedora. Vale ressaltar que esta mesma empresa estava executando a última reforma do Estádio do Maracanã antes da reforma dos últimos jogos Pan Americanos;
5- Com relação ao gramado, a empresa Varca-Scatena contratou a empresa do engenheiro agrônomo Ricardo Marinho, um dos maiores especialistas em gramado no nosso Estado, parceiro e representante do paisagista Burle Max no Ceará, para executar a recuperação do nosso campo de jogo;
6- O antigo gramado tinha vários tipos de grama devido aos inúmeros serviços de recuperação desde a implantação em 1973 até 2001, quando se iniciaram as reformas de melhoramentos. A camada de suporte da grama era de um material ruim (laterita) para drenagem, que era encontrado com facilidade nos arredores do estádio, tendo sido toda ela substituída por uma nova camada de material mais drenante (areia grossa). A grama usada foi a tipo esmeralda, a mesma usada no Maracanã antes da última reforma. O fornecedor foi a Itogress, do Rio de Janeiro, a mesma empresa que forneceu grama para os estádios do Maracanã, Morumbi, Mineirão e Arena da baixada. Os tubos de drenagem antigos de manilha de barro foram substituídos pelos tubos em PVC Kananet com microfuros de diâmetro de 150mm e 200mm e são encontrados a cada 11m de maneira transversal ao campo de jogo com declividade para as laterais e com declividade do terreno no sentido do meio de campo para as balizas, fazendo com que os locais que por último liberariam as águas seriam os quatro cantos das bandeirinhas;
7- Os tubos de drenagem são revestidos por britas e estas por uma manta de bidim fazendo o envelopamento. O bidim funciona como um coador que dificulta carreamento de areia para dentro do tubo, diminuindo a possibilidade do entupimento do tubo;
8- A obra de drenagem do Castelão, portanto, já tem 6 anos de uso, cabendo dizer que, durante quase dois anos, eu, Lucio Bomfim, tive a oportunidade de ser o responsável por sua manutenção quando fui Secretário de Esportes e Juventude, no período de janeiro de 2005 a junho de 2006;
9- A atual drenagem, como todo e qualquer equipamento, sistema, imóvel, veículo etc., tem que ter manutenção diária. O gramado do Castelão, por exemplo, exige corte quando a grama atinge 3cm, o que leva a necessidade de cortá-la, em média, a cada três dias. Além disso, tem que ser aguado diariamente, tem que ser usado fertilizante (cloreto de potássio e uréia) e ainda usar veneno para matar o cachorro d’água, praga que destrói a raiz da grama. Após o uso do fertilizante e do veneno não se pode usar o campo para jogo de futebol. Os tubos de drenagem, quando estão entupidos, exigem limpeza, precisando-se retirar a grama que fica sobre o tubo, desobstruindo-o e replantando a grama;
10- Durante os 6 anos de uso da drenagem do Castelão pós-reforma, tivemos que fazer o desentupimento de três pontos. Cada serviço de desobstrução necessitava de apenas 10 dias para o gramado voltar ao normal e durante o período da interdição não se liberava o campo para jogo oficial ou treino dos nossos principais times de futebol. Não liberávamos o estádio para jogos que não fossem de competições oficiais para evitarmos custos adicionais de manutenção;
11- Parece-nos oportuno observar que o índice pluviométrico na área onde encontra-se o Castelão teve os seguintes registros: 2003 (1.376mm), 2004 (1.447mm), 2005 (878mm), 2006 (1.449mm), 2007 (1.016mm) e 2008 (1.155). Como é possível verificar, nos anos 2003, 2004 e 2006 choveu mais do que em 2008. Por que o gramado não ficou prejudicado em 2003, um ano após a reforma? Por que a drenagem funcionou bem em 2004 e 2006? Está claro que não se pode dizer que foi a quantidade de chuva que prejudicou o gramado e muito menos ainda dizer que houve erro na obra de drenagem. Não terá sido a falta de manutenção?
12- Na matéria do repórter Fernando Maia, na qual cita os responsáveis pela reforma de “irresponsáveis”, não há sequer um esclarecimento dos profissionais envolvidos em todo o processo da reforma sobre as possíveis causas do problema. Nenhum de nós teve a oportunidade de se manifestar. Cremos que faltou ao repórter ouvir o outro lado, como mandam os manuais de jornalismo, daí porque esperamos que este conceituado jornal faça os esclarecimentos devidos no mesmo espaço editorial;
13- Em nossa opinião, o que está ocorrendo no gramado do Castelão é resultado de um longo processo que se iniciou nos últimos dois anos, quando não se priorizou a manutenção do estádio. A atual administração do estádio orientou os funcionários que mantêm o gramado há trinta anos a não usarem água da Cagece por causa do preço, limitando suas tarefas ao uso da água dos poços, sabidamente insuficientes para a manutenção do gramado;
14- Ora, como o período chuvoso foi fraco em 2007, o lençol freático estava baixo e não havia água suficiente. O gramado, então, começou a ser mal tratado. Havia recursos somente para usar o fertilizante e não tinha recursos para o veneno, o que veio a enfraquecer a raiz da grama, tornando o gramado mais frágil. Quando a equipe de manutenção do estádio tinha que usar o fertilizante, era impedida, pois o estádio tinha sido liberado para rachas noturnos dos amigos da Secretaria ou do Governo do Estado.
15- Tem mais: a máquina de cortar grama não era mais usada porque estava quebrada por falta de dinheiro para o conserto. Passou-se a usar a máquina manual, que tem qualidade de corte inferior e demanda mais tempo. A área atingida em que se necessitou colocar areia para diminuir o atoleiro anterior decorre, na verdade, de um entupimento no tubo de drenagem que está represando a água, facilitando a formação do atoleiro;
16- Muito provavelmente, os críticos apressados não atentaram para o fato de que, caso o material usado na reforma fosse de péssima qualidade, todo o gramado deveria estar na mesma situação e não somente uma área, que por sinal representa quase0% dos 9.200m2;
17. Não custar lembrar que o Castelão foi, recentemente, palco de dois eventos de grande porte - um de moto, no qual foi utilizada 254 carradas de argila, durante 10 dias; e outro de show musicais, quando se cobriu o gramado, já encharcado, com uma lona.
“A propósito da matéria “Castelão receberá 800 metros de nova grama”, publicada no Caderno Jogada, na edição de 19 de maio deste jornal, e escrita pelo repórter Fernando Maia, gostaríamos de fazer alguns esclarecimentos:
1- Fomos dois dos engenheiros responsáveis pela última reforma do Castelão, depois que o estádio foi interditado em 2000, sendo entregue, em março de 2002, à população do nosso Estado com o jogo Brasil x Iugoslávia. Durante aqueles anos, na condição de Superintendente do DERT - Departamento de Edificações, Rodovias e Transportes do Ceará (Lúcio Bomfim), órgão vinculado à Secretaria de Infra-estrutura do Estado do Ceará, e de engenheiro fiscal (Antero Correia Lima), coordenamos uma equipe de técnicos respeitáveis e de serviços públicos prestados;
2- Elaboramos o anteprojeto de arquitetura com os arquitetos do DERT e da Secretaria da Cultura e Desporto do Estado do Ceará, à qual estava vinculada à época a Fundação de Assistência ao Desporto do Estado do Ceará (FADEC), responsável pela administração do estádio. E contamos ainda com a colaboração dos profissionais – pelo menos dos que ainda estavam vivos – responsáveis pelo projeto original da construção do Castelão, na década de 1970;
3- Contratamos um escritório de arquitetura para desenvolver os projetos executivos para a reforma, vencendo a licitação o arquiteto Jose Sales, professor da Universidade Federal do Ceará. Este escritório contratou os profissionais necessários para as diversas áreas de atuação, incluindo a drenagem do campo;
4- A reforma para os melhoramentos do Castelão teve a empresa Varca-Scatena, de São Paulo, como vencedora. Vale ressaltar que esta mesma empresa estava executando a última reforma do Estádio do Maracanã antes da reforma dos últimos jogos Pan Americanos;
5- Com relação ao gramado, a empresa Varca-Scatena contratou a empresa do engenheiro agrônomo Ricardo Marinho, um dos maiores especialistas em gramado no nosso Estado, parceiro e representante do paisagista Burle Max no Ceará, para executar a recuperação do nosso campo de jogo;
6- O antigo gramado tinha vários tipos de grama devido aos inúmeros serviços de recuperação desde a implantação em 1973 até 2001, quando se iniciaram as reformas de melhoramentos. A camada de suporte da grama era de um material ruim (laterita) para drenagem, que era encontrado com facilidade nos arredores do estádio, tendo sido toda ela substituída por uma nova camada de material mais drenante (areia grossa). A grama usada foi a tipo esmeralda, a mesma usada no Maracanã antes da última reforma. O fornecedor foi a Itogress, do Rio de Janeiro, a mesma empresa que forneceu grama para os estádios do Maracanã, Morumbi, Mineirão e Arena da baixada. Os tubos de drenagem antigos de manilha de barro foram substituídos pelos tubos em PVC Kananet com microfuros de diâmetro de 150mm e 200mm e são encontrados a cada 11m de maneira transversal ao campo de jogo com declividade para as laterais e com declividade do terreno no sentido do meio de campo para as balizas, fazendo com que os locais que por último liberariam as águas seriam os quatro cantos das bandeirinhas;
7- Os tubos de drenagem são revestidos por britas e estas por uma manta de bidim fazendo o envelopamento. O bidim funciona como um coador que dificulta carreamento de areia para dentro do tubo, diminuindo a possibilidade do entupimento do tubo;
8- A obra de drenagem do Castelão, portanto, já tem 6 anos de uso, cabendo dizer que, durante quase dois anos, eu, Lucio Bomfim, tive a oportunidade de ser o responsável por sua manutenção quando fui Secretário de Esportes e Juventude, no período de janeiro de 2005 a junho de 2006;
9- A atual drenagem, como todo e qualquer equipamento, sistema, imóvel, veículo etc., tem que ter manutenção diária. O gramado do Castelão, por exemplo, exige corte quando a grama atinge 3cm, o que leva a necessidade de cortá-la, em média, a cada três dias. Além disso, tem que ser aguado diariamente, tem que ser usado fertilizante (cloreto de potássio e uréia) e ainda usar veneno para matar o cachorro d’água, praga que destrói a raiz da grama. Após o uso do fertilizante e do veneno não se pode usar o campo para jogo de futebol. Os tubos de drenagem, quando estão entupidos, exigem limpeza, precisando-se retirar a grama que fica sobre o tubo, desobstruindo-o e replantando a grama;
10- Durante os 6 anos de uso da drenagem do Castelão pós-reforma, tivemos que fazer o desentupimento de três pontos. Cada serviço de desobstrução necessitava de apenas 10 dias para o gramado voltar ao normal e durante o período da interdição não se liberava o campo para jogo oficial ou treino dos nossos principais times de futebol. Não liberávamos o estádio para jogos que não fossem de competições oficiais para evitarmos custos adicionais de manutenção;
11- Parece-nos oportuno observar que o índice pluviométrico na área onde encontra-se o Castelão teve os seguintes registros: 2003 (1.376mm), 2004 (1.447mm), 2005 (878mm), 2006 (1.449mm), 2007 (1.016mm) e 2008 (1.155). Como é possível verificar, nos anos 2003, 2004 e 2006 choveu mais do que em 2008. Por que o gramado não ficou prejudicado em 2003, um ano após a reforma? Por que a drenagem funcionou bem em 2004 e 2006? Está claro que não se pode dizer que foi a quantidade de chuva que prejudicou o gramado e muito menos ainda dizer que houve erro na obra de drenagem. Não terá sido a falta de manutenção?
12- Na matéria do repórter Fernando Maia, na qual cita os responsáveis pela reforma de “irresponsáveis”, não há sequer um esclarecimento dos profissionais envolvidos em todo o processo da reforma sobre as possíveis causas do problema. Nenhum de nós teve a oportunidade de se manifestar. Cremos que faltou ao repórter ouvir o outro lado, como mandam os manuais de jornalismo, daí porque esperamos que este conceituado jornal faça os esclarecimentos devidos no mesmo espaço editorial;
13- Em nossa opinião, o que está ocorrendo no gramado do Castelão é resultado de um longo processo que se iniciou nos últimos dois anos, quando não se priorizou a manutenção do estádio. A atual administração do estádio orientou os funcionários que mantêm o gramado há trinta anos a não usarem água da Cagece por causa do preço, limitando suas tarefas ao uso da água dos poços, sabidamente insuficientes para a manutenção do gramado;
14- Ora, como o período chuvoso foi fraco em 2007, o lençol freático estava baixo e não havia água suficiente. O gramado, então, começou a ser mal tratado. Havia recursos somente para usar o fertilizante e não tinha recursos para o veneno, o que veio a enfraquecer a raiz da grama, tornando o gramado mais frágil. Quando a equipe de manutenção do estádio tinha que usar o fertilizante, era impedida, pois o estádio tinha sido liberado para rachas noturnos dos amigos da Secretaria ou do Governo do Estado.
15- Tem mais: a máquina de cortar grama não era mais usada porque estava quebrada por falta de dinheiro para o conserto. Passou-se a usar a máquina manual, que tem qualidade de corte inferior e demanda mais tempo. A área atingida em que se necessitou colocar areia para diminuir o atoleiro anterior decorre, na verdade, de um entupimento no tubo de drenagem que está represando a água, facilitando a formação do atoleiro;
16- Muito provavelmente, os críticos apressados não atentaram para o fato de que, caso o material usado na reforma fosse de péssima qualidade, todo o gramado deveria estar na mesma situação e não somente uma área, que por sinal representa quase0% dos 9.200m2;
17. Não custar lembrar que o Castelão foi, recentemente, palco de dois eventos de grande porte - um de moto, no qual foi utilizada 254 carradas de argila, durante 10 dias; e outro de show musicais, quando se cobriu o gramado, já encharcado, com uma lona.
Sr. Diretor Editor, isto posto, solicitamos a reparação por parte deste jornal no sentido de repor a verdade, em respeito, primeiramente, à população do Ceará que pagou os impostos com os quais foi possível executar a obra que modernizou a principal praça de esportes do Estado; aos torcedores cearenses, que pagam ingressos para verem seus clubes atuarem; e aos profissionais envolvidos na obra de reforma do Castelão.
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Atenciosamente,
Lucio de Castro Bomfim Jr - CREA 7474/D
Antero Correia Lima - CREA 1679/D”
Lucio de Castro Bomfim Jr - CREA 7474/D
Antero Correia Lima - CREA 1679/D”
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Interfotos: Benê Lima
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Benê Lima