Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sábado, dezembro 31, 2011

Forma somada à função na arquitetura esportiva

Estética deve tornar aquele espaço esportivo único, com uma identidade criada que incentive o turismo local, promova retorno financeiro e tenha funcionalidade ambiental
Lilian de Oliveira*

O futebol se espalhou pelo mundo com forte influência inglesa. Da mesma forma, os locais para sua prática: os estádios. Construções inicialmente racionais, simples. No entanto, com o desenvolver das regras, elaboração de campeonatos maiores, o futebol foi se estabelecendo e o esporte começou a ser visto de forma mais séria, fazendo com que a evolução da arquitetura de arenas esportivas fosse se desenvolvendo muito rápido, principalmente, pelo negócio que se tornou além da importância como jogo em si.

Todos se identificaram com os valores do futebol e muitos, agora, vêem um potencial em desenvolver espaços mais funcionais do que os que já podem ser vistos, principalmente com manuais e normas específicas para equipamentos deste porte.

O futebol é atrativo. O futebol une. O futebol é social, é cultural. Mas o futebol não sustenta seus equipamentos. Com muitos estudos e como podemos ver por análises de clubes, a renda de bilheteria é muito pequena em comparação aos custos de manutenção de um estádio. Eis que surgem as ‘arenas multiuso’ como solução extraordinária. No entanto, entramos numa fase onde a funcionalidade, estabelecida já por padrões, normas e regulamentos, deve ser somada à forma.

A arquitetura passa a compreender muito mais que a funcionalidade para a prática do futebol e a segurança do público que o faz viver. Passa, então, a abrigar funções diversas, sem nem mesmo ser pré-estipuladas (além dos shows que sempre acontecem em estádios e que só colaboram para prejuízos no gramado).

A forma na arquitetura esportiva passa a ser fundamental. Ela torna um estádio único e essa identidade criada incentiva o turismo, visitas guiadas, experiências únicas, ou seja, traz outras formas de retorno financeiro. Ela também faz com que o estádio seja capaz de se adequar aos novos usos e tem funções ambientais. Ao mesmo tempo, valoriza aspectos funcionais, como facilidades na segurança, e interage com a cidade, tornando não só o esporte, mas o equipamento em si, em uma forma de cultura.

Temos como exemplo da forma atuando junto à função o estádio Allianz Arena, que interage com a parte externa através das cores de sua fachada que representam qual dos times donos do estádio está jogando no momento. Ao mesmo tempo, a Allianz Arena tem em sua fachada o ETFE em forma de colchões de ar que, além de se reduzirem completamente em casos de incêndio, são produzidos ecologicamente e podem ser totalmente reaproveitados, e evitam grandes gastos com manutenção de fachada já que não se deterioram por um longo prazo já testado e são auto-limpantes.

De uma forma diferente, o estádio Franco Sensi, elaborado para a Roma, da Itália, se envolve com ao público no entorno através de painel que pode transmitir imagens e informações em sua fachada.
 


 

Mais recentemente, o arquiteto grego, Christos Koukis, apresentou um projeto para um estádio para um subúrbio de Atenas, chamado de Metaplasia. O projeto deve ser encarado muito mais como conceitual que como realidade já que se demonstra incompleto em muitos fatores de segurança e salubridade. No entanto, ele propõe formas que se destacam, que integram espaços urbanos e que tem uma amplitude formal muito além das formas convencionais em estádios.
 


 

A proposta de Koukis abre a visão por uma arquitetura muito mais elástica aos usos variados que de fato sustentam financeiramente o equipamento. Com a ousadia, a ideia de um único equipamento abrigar usos extremamente distintos, com necessidades consideravelmente diferentes, torna-se muito mais próxima da realidade.

Atualmente, a maioria dos estádios que se dizem ‘multiuso’ não faz nada além de abrigar uma enorme quantidade de eventos sem que nenhum deles tenha a qualidade adequada, inclusive o futebol – ponto de partida.

*Lilian de Oliveira é arquiteta e urbanista.

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Benê Lima