Nova Escola Brasileira de Futebol

O futebol se tornou mais rápido, e o Brasil teve que se readaptar à velocidade do futebol moderno e à sua nova dinâmica

Nivan Gomes*

O futebol tem mudado ao longo do tempo ao redor do mundo. Países que outrora nem sonhavam em ter uma participação no esporte, hoje já estão sonhando em sediar o maior evento do esportivo do planeta.

Aqui no Brasil ele também tem passado por mudanças, dentro e fora do campo, isso porque os tempos são outros, a maneira de se relacionar com o mundo em nossa volta, mudou, e quem não acompanha essas mudanças acaba ficando na esteira do desenvolvimento.

Tecnicamente mudamos por influência desse intercâmbio de jogadores com o exterior – hoje temos atletas espalhados nos cinco continentes, e quando eles voltam, trazem na bagagem experiências que são incorporadas à nossa maneira de atuar.

Portanto, hoje já podemos falar na “Nova Escola Brasileira de Futebol”, porque aquele velho estilo de jogar já não cabe mais. O futebol se tornou mais rápido, e o Brasil teve que se readaptar à velocidade do futebol moderno e à sua nova dinâmica.

Esse intercâmbio com o mundo tem feito nossos jogadores mais disciplinados taticamente: eles saem daqui com uma mentalidade mais individual de jogo, e quando voltam fica claro que estão mais voltados a uma mentalidade coletiva de jogar.

Tecnicamente, ainda temos uma abundância de talento, pois como somos um povo no qual o futebol tão bem se incorporou à nossa cultura, ele é um elemento que se destaca espontaneamente em nosso povo.

 

 

Taticamente, a “Nova Escola Brasileira de Futebol” agora tem que trabalhar para voltar ao topo do mundo. Nossas conquistas fazem parte do passado, ainda contamos com a credibilidade conquistada por nossas cinco Copas, mas agora temos que conquistar o topo, com uma nova geração de atletas e treinadores que estão aí para se afirmar.

Na dinâmica do futebol moderno, em uma partida, a possibilidade de mudanças de sistemas de jogo é uma alternativa que deve ser utilizada pelo treinador, na criação de espaços para seu time e diminuição de espaços criados pelo adversário.

Utilizando de constantes deslocações de seus atletas, ele sai de um sistema para outro sem alterar sua estrutura, procurando colocar o maior número de jogadores dentro de uma determinada zona do campo, em relação ao adversário.

Como o futebol é um esporte de movimentos, isso implica que ele está em constante mutação em sua dinâmica de evolução e contração no campo de jogo. Com uma movimentação coordenada, podemos ter em cada área de atuação um número maior de atletas que obrigue o adversário a jogar nas chamadas zonas de apoio, onde podemos ter um esforço de concentração na recuperação da posse de bola.

Quando o plano de jogo é traçado, ele deve levar em consideração algumas variantes, tais como: adversário, fator campo, último jogo realizado, horário do jogo, temperatura na hora do jogo, bem como outras questões que o departamento técnico deve estar preparado para suprir o treinador, para que este possa tomar a decisão com os indicativos de apoio.

Durante uma partida, o treinador tomará alguma decisão para ajuste de função que não está sendo executada de acordo com o planejamento – isso é muito comum, e todo plano precisa em tempo de execução passar por ajustes. Então, em seu planejamento, ele deverá ter um controle. Quando esse ajuste irá ocorrer em tempo do jogo, deverão ocorrer determinados eventos esperados, jogando com as possibilidades do adversário.

Esses eventos podem variar em número de faltas, escanteios, laterais, tiros de metas, cartões disciplinares e tantas outras variáveis que ocorrem durante os noventa minutos de jogo.

Lembrando que sempre temos que dar ao adversário a ilusão que ele está tomando a iniciativa de jogo, quando na realidade ele está fazendo o jogo que queremos que ele faça.

O futebol em questões de alternativas de sistemas possui um número limitado de opções. Isso ocorre porque os treinadores, sem tempo para testar novas variações, acabam ficando com as exaustivamente testadas por todos, impossibilitando assim que novas dinâmicas apareçam.

Tempo que agora com a tecnologia jogando a nosso favor, poderá mudar tal cenário: o tempo que se gasta em longas viagens e concentração poderá ser utilizado para o entendimento da parte teórica dos ensaios que, depois, poderão ser levados em prática nos gramados. Isso é só uma questão de entendimento entre as partes envolvidas.

Todos os segmentos de nossas vidas estão sendo modificado pela tecnologia da informação. O futebol não poderá ignorar essas facilidades oferecidas para melhorar a vida dos que trabalham no limite de tempo.

O treinador, hoje, deve se reciclar. A participação em congressos de treinadores é muito importante para sua atualização; ele não pode se fechar em copas e achar que sabe tudo, pois todos temos alguma coisa a ensinar e muito a aprender, e só aprendermos com os outros. Aquela velha roupa desbotada já não nós serve mais: é tempo da “Nova Escola Brasileira de Futebol”.

*Nivan Gomes é treinador de futebol. CREF4/SP 53184 – São Paulo/Brasil e CONFEF – Conselho Federal de Educação Física – Rio de Janeiro/Brasil

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