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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, dezembro 15, 2011

Guardiola enaltece inteligência de meio-campistas, justifica ausência de concentração e cobra prazer ao jogar: “a tática são os jogadores”

Treinador do Barcelona dá entrevista exclusiva ao site da Fifa antes da estreia da equipe no Mundial de Clubes
Equipe Universidade do Futebol

Pep Guardiola durante coletiva do Barcelona (Foto: EFE)
Pep Guardiola (Divulgação

Um inteligente meio-campista que há alguns anos vem se firmando como um dos maiores treinadores da história. Pep Guardiola, de modo precoce, estabeleceu uma forma de trabalhar integrada às raízes do Barcelona, que disputa novamente o Mundial de Clubes, após ter vencido a Liga dos Campeões da Europa. Há dois anos, o comandante catalão já colocou esse troféu na galeria blaugrana. Agora, no Japão, quer repetir o feito. Com prazer. E conta com seus atletas especiais que não se concentram.
Poucas horas antes do clássico contra o Real Madrid, vencido por 3 a 1 fora de casa, em duelo pela Liga Espanhola, e antes também da viagem à Ásia, Guardiola concedeu uma entrevista ao site oficial da Fifa e falou sobre aspectos táticos, culturais e como foram seus primeiros passos na nova função assumida no Barça.
“Quando cheguei, era um desconhecido para todos. A primeira coisa que pedi dentro do grupo foi confiança, prometendo que as coisas dariam certo e conseguiríamos ir em frente. O principal compromisso com a torcida foi o de que a equipe se esforçaria, correria, jogaria bem e seria motivo de orgulho pelo trabalho mostrado em campo. Afinal, quando vamos ver um espetáculo, não queremos ser enganados”, relembrou Pep.
Os torcedores, diz ele, aceitam que se jogue mal, mas odeiam quando um esforço possível não é feito. A partir desse princípio, a equipe foi crescendo, mudanças foram feitas, detalhes ajustados, mas uma mesma ideia se manteve: atacar, fazer o máximo de gols possíveis e jogar o melhor possível.
“As pessoas falam de tática, mas na realidade a tática são os jogadores. Adaptações são feitas para que as qualidades funcionem melhor para a equipe, mas nada além disso. Quando se fala de tática, é necessário pensar no que o adversário faz e nos jogadores que podem causar problemas”, explicou o treinador.
Na atual temporada, muito por conta da maneira como os rivais enfrentam o Barcelona, a plataforma de jogo se moldou. A equipe vai ficando mais conhecida, novos obstáculos são criados, e todos são estimulados a encontrar as novas soluções.
No processo de qualificação do elenco, quando Guardiola não volta seus olhares para as categorias de base, ele busca referências de seus olheiros a partir de oportunidades de mercado. Mas, entende, apesar das referências visuais de amigos, de conhecidos e da televisão, só se terá realmente conhecimento em campo do atleta quando ele estiver trabalhando consigo.
“Só então vai saber se ele pode dar o que é necessário. E isso não é fácil. Já funcionou para mim em algumas vezes, mas em outras, não”, admitiu.
“Quase nos damos melhor na precariedade do que na abundância, por assim dizer, especialmente com um time com jogadores de tanta qualidade. Tenho confiança absoluta na equipe. Pela minha filosofia, todo problema tem solução. Por isso sempre penso em alternativas para resolver possíveis problemas, seja com os jogadores que temos na equipe de cima ou mesmo com os jovens”, completou Guardiola, que coloca o meio de campo como a parte essencial de uma equipe.
“Os meio-campistas são jogadores inteligentes e que têm de pensar em todo o time. Sabem se sacrificar e são os atletas que precisam compreender mais o jogo. Quanto mais tivermos, mais fácil será fazer a adaptação a outras posições. Com jogadores polivalentes, podemos ter elencos mais enxutos e com mais opções”, resumiu o ex-volante de muita classe e atributos técnicos.
Em meio à temporada européia, o Barcelona mantém chances reais de título em diversas competições. Mas deu uma pausa nas disputas locais e continentais para viajar ao Japão, tendo de se adaptar a um fuso horário de oito horas desde o último fim de semana.
“Quando a gente utiliza o corpo como ferramenta de trabalho, o descanso e a alimentação são fundamentais. A ideia é manter a melhor condição física possível. Por isso queremos que os jogadores descansem em casa, joguem bem e se alimentem bem. O combustível que vai no músculo é fundamental, não apenas para o Messi, mas para qualquer jogador”, afirmou Guardiola, citando inclusive o craque argentino, que participou com a seleção de seu país da Copa América em 2011.
No relacionamento com o grupo profissional, Guardiola faz valer tal condição de trabalho, estabelecendo regras, normas, amparadas em direitos e deveres. Por conta disso, rechaça a concentração em hotéis. No território nipônico, inclusive, liberou a presença das esposas dos atletas que são casados para frequentar o local onde está hospedada a delegação espanhola.
“Ninguém passa um dia trancado em um hotel antes de ir ao trabalho. Queremos que a vida normal seja a mesma: se eles não descansarem, não se cuidarem, vão jogar pior e perder o emprego. Julgo os jogadores pelo trabalho e não pela vida particular. Não sou policial. Às dez da noite estou dormindo e não tenho vontade de controlar os jogadores. Por isso prefiro que estejam em casa com a família e não em um hotel trancados sem nada para fazer. Tentamos utilizar o bom senso. Você queria saber o motivo de resultados tão bons? É o bom senso”, revelou Pep.
Segundo ele, a equipe principal não se preparou para os “picos da temporada”. Há uma procura, sim, de estar o melhor possível em todos os jogos. Primeiro, o enfrentamento contra o Al-Sadd, do Qatar. Depois, por consequência, o esperado Barça x Santos.
“Minha obrigação é saber o máximo possível da equipe que vamos enfrentar, para que ela não nos surpreenda, e então transmitir isso aos jogadores. E, é claro, ajustar nossa maneira de encarar o futebol àquilo que vamos encontrar, sem nunca abandonar nossa filosofia”, admitiu Guardiola, liberando seu grupo para viver os próximos dias em meio a uma realidade competitiva. Com diversão, em busca da vitória. Sempre.
“Não quero que estejamos o tempo todo trancados no hotel. Não vamos ter muitos dias, porque chegaremos cansados da longa viagem, mas vamos aproveitar o tempo que tivermos para fazer algo mais do que só pensar em futebol. Viemos nos divertir, mas sem nos esquecer de nossa vontade de ganhar, é claro”, finalizou.
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barcelona, Santos, Setor Técnico, treinador, Filosofia, modelo de jogo, treinamento, cultura,liga dos campeões
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