Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, novembro 11, 2010

O tradicional e o novo no futebol: convergência que transforma

As inovações no meio futebolístico devem estar aliadas ao tradicionalismo e não simplesmente substituí-lo

Eduardo Fantato

   

Olá amigos,

Aproveito o texto de hoje para trazer uma reflexão aprofundada do que começou como uma discussão daquelas de mesa de bar, com um bom vinho chileno e se prolonga até as linhas descritas a seguir.

Uma amiga que leu algumas colunas recentes de minha autoria pediu permissão para discutir um ponto comigo. Como se eu tivesse a possibilidade de permitir ou não alguém de discutir algo, mas dado ao gesto cordial eu a “autorizei”. Afinal nosso jantar estava apenas começando.

O prato principal: a necessidade do profissional moderno se atualizar tecnologicamente.

Temperos:

A colocação feita por essa amiga era de que não conseguia imaginar treinadores “antigos”, a qual prefiro chamar de tradicionais (que também não é o melhor termo, mas na falta de inspiração assim chamamos), modificando suas formas de atuação com as transformações eminentes causadas pelo impacto tecnológico que vem a passos lentos, é verdade, caminhando rumo ao futebol.

Sua opinião é de que eles já estão ultrapassados e cada vez mais isso ficará evidente. Com a entrada de novos treinadores, voltados a compreensão de vários elementos do jogo com o auxílio de inúmeras ferramentas e possibilidades, ela já visualiza grandes treinadores de uma época não muito distante amarrados em suas própria convicções, o que será suficiente para que o sucesso de suas glórias não consiga por si só esconder desatualização de seus métodos.

Tira-Gosto:

Alguma coisa não ia bem na discussão, discordávamos veementemente. Ela queria frango e eu queria peixe. Vinho tinto ou vinho branco?


Enfim, tratei de expor meus argumentos sob a acusação (no plano filosófico) de que ao não concordar com esse argumento eu estava indo no sentido contrário daquilo que defendo frequentemente nessa coluna.

Pois bem, defendo com certeza a necessidade de atualização dos profissionais frente aos novos recursos, mas ao mesmo tempo reafirmo que essa atualização não precisa ser apenas de suas habilidades no uso de um recurso tecnológico. Ela pode se cercar de pessoas com tais habilidades e ser extremamente eficaz no “gerenciamento” dessas pessoas. Mas ainda assim estariam fazendo uma atualização tecnológica.

Acrescento ainda que essas mudanças, que vejo como sem volta no futebol (a adoção e incorporação de elementos tecnológicos), não são alheias aos profissionais aos quais chamamos de tradicionais. Como se eles fossem sendo descartados e substituídos por novas gerações completamente antenadas no universo tecnológico. Isso é um processo constante que já vem acontecendo em empresas, e precisa acontecer desta forma no futebol também. As gerações precisam trabalhar juntas aliando a experiência e conhecimento dos ditos tradicionais, com os saberes e habilidades da chamada geração Y.

Busco uma referência de um psicopedagogo e de uma psicóloga, ambos de origem francesa, Babin e Kouloumdjian, na qual discutem o choque de gerações e como cada uma, isolada no seu universo, não é capaz de ampliar os significados e consequentemente as experiências.

“O walkman (poderíamos falar hoje de mp3) no ouvido é uma imagem, não da revolta das gerações, mas da distância. – Todas as manhãs vou para o trabalho de ônibus, às oito e meia – conta um homem de uns 50 anos. Ora, há alguns dias vejo um jovem de pé, com fones de ouvido, escutando seu som, completamente fechado em seu mundo. Então decidi fitá-lo bem nos olhos para forçá-lo a sair de dentro de si mesmo. Acho que isso levou uns 10 minutos. No fim ele, me sorriu! Mas porque o senhor quer que aquele rapaz se desligue de sua música? Venho importuná-lo quando o senhor está entretido com seu jornal ou com seu romance policial? – Não é a mesma coisa. Mas, onde está, no fundo, a diferença? Não há nos dois casos um ‘isolamento’ e até uma espécie de satisfação narcisista? Por que a leitura de um jornal seria melhor para o homem que a escuta de uma fita?”

Bom, para que o prato principal possa ser servido precisamos que tanto o profissional do walkman (MP3), como o do jornal, possam juntos conduzir as transformações tecnológicas no futebol.

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Benê Lima