Como o leitor sabe, Ricardo Teixeira não é mais o presidente da entidade máxima do futebol brasileiro. Não iremos tratar o que aconteceu durante o seu mandato, pois todos sabem e veem as notícias diárias sobre. Iremos falar a respeito do que pode acontecer daqui pra frente.
Muitos que não acompanham o futebol diariamente devem pensar que agora o futebol brasileiro terá mudanças significativas. A diferença é que o poder não será mais centralizado em uma única pessoa. Começará o jogo político de vários grupos para suceder Ricardo Teixeira. Antes, o poder deste era inquestionável. A partir da última segunda-feira, pode-se dar início a um processo democrático. Porém, há ressalvas a serem feitas.
O processo de reformulação da administração do nosso futebol, como um todo, não passará pela CBF. Primeiro, os clubes devem ter dirigentes preocupados em tal reformulação, já que hoje – e possivelmente não mudará - estes elegem o presidente da entidade. Atualmente e legalmente, a CBF não tem poder de “excluir” o presidente de um clube, não tem poder de decisão sobre este. Já os clubes precisam alterar o sistema arcaico de votação para seus presidentes, o qual facilita a troca de cargo por voto.
Atualmente, alguns clubes já possuem o sistema de voto direto, por parte do associado ou sócio-torcedor, como é no Corinthians e no Internacional, por exemplo. Mas outros tantos permitem apenas que conselheiros escolham o presidente.
Qual o benefício do associado e/ou sócio-torcedor votar diretamente no presidente de um clube? Tendo o direito de voto, há mais competitividade entre os candidatos e praticamente anula a chance de se formarem alianças políticas para favorecimento de cargos internos.
Ao invés de 300 conselheiros votarem, serão cinco mil, 10 mil pessoas, por exemplo. Isso faz com que os candidatos sejam mais preparados para assumir o cargo mais importante do clube e a evolução aconteça naturalmente. O candidato, que antes era ruim, mas se elegia porque utilizava um sistema de eleição a seu favor, no voto direto vê suas chances diminuírem consideravelmente.
E por que esse processo inverso é fundamental para a reformulação do futebol brasileiro? São os dirigentes de clubes e federações que elegem o presidente da CBF. Ele, por si só, não fará revolução na administração esportiva. A CBF e as federações existem porque os clubes existem, e não o contrário. O presidente da CBF não pode demitir o presidente do clube X porque este “não tomou decisões certas em determinadas situações”. Porém, o dirigente deste mesmo clube tem direito de voto e, caso o exemplo seja inverso, poderá escolher outro candidato à Confederação.
A evolução administrativa do futebol brasileiro irá acontecer gradualmente e deverá começar pelos dirigentes dos clubes. Se estes evoluem, as federações e a CBF irão evoluir naturalmente.
*Estudante de Administração e Marketing do Esporte na instituição de ensino ESPM - Escola Superior de Propaganda e Marketing
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Benê Lima