Ser soberano não é rechaçar o que vem de fora, mas emitir um juízo de valor e avaliar se é bom concordar
Gustavo Lopes / www.universidadedofutebol.com.br
Após a expectativa gerada com a visita de Joseph Blatter, presidente da Fifa à Presidenta Dilma Roussef, a Lei Geral da Copa ainda não foi votada pelo plenário da Câmara dos Deputados. São muitas as discussões originadas da Lei Geral da Copa. Fala-se em imposições da Fifa e até em perda de soberania.
O fato é há de um lado a entidade máxima do futebol, dona de um megaevento esportivo, e do outro o Brasil querendo organizá-lo. A Fifa organiza a Copa do Mundo sem o Brasil, mas o Brasil não organiza o Mundial sem a Fifa.
Em 2007, o país assumiu compromissos com o órgão para ter o direito de organizar o Mundial - trata-se do “host agremeent” (acordo do anfitrião). Neste documento, o país se compromete, entre outros pontos, a garantir eventuais patrocinadores do evento.
Agora, ser soberano não é rechaçar o que vem de fora, mas emitir um juízo de valor e avaliar se é bom concordar. Se não for interessante ao Brasil aceitar os termos do “host agreement” para organizar o Mundial, basta não aceitar e não organizar a Copa do Mundo.
Esta é a análise que deve ser feita. E, sinceramente, não passa pela cabeça de algum brasileiro não organizar o Mundial em razão da venda de bebidas nos estádios, por exemplo.
Todos os países que organizaram grandes eventos esportivos fizeram alguma concessão pelos benefícios de organizá-lo. Assim foi nos EUA, na França, no Japão, na Coréia, na Alemanha e na África do Sul. As exigências não são exclusivas do Brasil. Não somos um vira-latas entre as nações.
No cômputo geral, muitos são os benefícios que um grande evento pode proporcionar ao país. Seja pela propaganda do mesmo no mundo, pelo turismo ou pela arrecadação de impostos. A Alemanha, por exemplo, atingiu índices de simpatia nunca vistos desde a II Guerra. Barcelona, na Espanha, de cidade abandonada, tornou-se um dos cinco destinos mais visitados do mundo após os Jogos Olímpicos de 1992.
Além disso, a soberania brasileira foi ratificada com o pedido de desculpas da Fifa pelas declarações de Jérôme Valcke e Joseph Blatter esteve no país.
Portanto, as exigência da Fifa não devem ser vistas como uma afronta ao povo brasileiro, mas como um rol de pontos necessários para que o país possa ser anfitrião do evento e ter acesso a todos os benefícios de sua organização.
Ou alguém prefere não organizar a Copa do Mundo?
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Benê Lima