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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, março 08, 2012

O que o país perderia se a Fifa tirasse a Copa de 2014

Brasil necessita saber aproveitar os investimentos e fazer o máximo, e não o mínimo, no período do evento

Lilian de Oliveira / www.universidadedofutebol.com.br

Esta semana, o assunto mais comentado foi a possibilidade de a Copa do Mundo 2014 ser tirada do país tanto pela aprovação da Lei da Copa quanto pelas desavenças com Jérôme Valcke (foto). E, sim, isto é possível.

A Fifa oferece um evento, os países interessados se apresentam e ficam sabendo de todas as regras e exigências antes de assinar o “contrato”. O evento é da Fifa e ela tem seus padrões de qualidade e segurança. Cada país, portanto, fica responsável por respeitar esse padrão e achar a sua forma de lucrar com o evento, seja com a mídia internacional, com negócios ou com investimentos no país.

No entanto, o padrão da entidade é o mínimo a ser feito – afinal, o Brasil também se voluntariou para hospedar o evento disputando com outros países interessados.

A Fifa nunca tirou uma Copa do Mundo de um país, mas sempre tem uma “carta na manga”, como opção, caso isso seja necessário pelo descumprimento das normas fornecidas em uma brochura assim que o país é escolhido. O único caso em que se teve de trocar de país foi em 1986, quando a Colômbia desistiu e o evento foi realizado no México.

É muito improvável que a Fifa tire a Copa do Mundo daqui, mas caso tirasse, o Brasil não iria perder tanto como se imagina. O país deixaria de lucrar, mas não perderia muito. Atualmente, o que estamos investindo é permanente para o futebol, com estádios modernos e infraestrutura urbana. Poderia estar investindo em conscientização social como, por exemplo, limpeza urbana, contra o vandalismo e violência nos estádios. Mas, ainda temos investimentos concretos e projetos, antes engavetados, que a Copa trouxe à tona.

São 12 cidades-sede contando com novos projetos urbanos e de estádios. No entanto, são 18 estádios em reformulações e reformas: o das 12 cidades-sede (Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, ‘Recife’, Fortaleza, Natal, Manaus e Cuiabá), somados ao estádio do Grêmio (RS), Ponte Nova Arena, Morumbi e Arena Palestra (SP), Arena da Floresta (AC) e Arena América (RN).

O dinheiro da Copa do Mundo para o país sede não vem da bilheteria dos estádios e nem, tampouco, seria o lucro do evento que manteria qualquer um destes equipamentos. Portanto, a existência do evento ou não, depois de construídos os estádios, é irrelevante para a manutenção dos mesmos.

O capital que vem com a Copa do Mundo é em grande parte pelo turismo, com a marca Brasil sendo vendida fora do país, em negócios e reputação. O resto é investimento que fica para o país. O máximo que um estádio perderia com a retirada do evento no país seria uma minimização da visibilidade através da mídia, tornando-os menos um marco, uma referência turística, mas, novamente, voltamos ao turismo.

O futebol já ganha muito, o esporte ganharia mais se nos programas dos estádios constassem mais equipamentos de outros esportes, mas o Brasil passará por uma revolução esportiva, com ou sem Copa do Mundo. Basta saber aproveitar os investimentos e fazer o máximo, e não o mínimo, neste período. Com respeito ou não, com má tradução de suas palavras ou não, Jérôme Valcke está correto. Precisamos mesmo de um pé na bunda (ou ‘acelerar o ritmo’, se preferirem).

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Benê Lima