Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, abril 04, 2008

CUSTO X BENEFÍCIO; MAIS UMA FACETA



Camarote corintiano vê requinte, negócios e cerveja com álcool

Alexandre Sinato
Em São Paulo

Nem assento molhado de arquibancada, nem sanduíche de pernil. Cerveja sem álcool? Também não. Muitos torcedores corintianos acostumados a filas, apertos e problemas de segurança talvez nem saibam, mas uma parcela pequena de pessoas assiste a jogos de futebol em um cenário muito diferente do habitual. E no mesmo estádio dos demais.


Dos quase dez mil torcedores que foram ao Morumbi na última quinta-feira e viram o Corinthians vencer o Fortaleza por 2 a 0, cerca de 2% desfrutaram de um requinte típico de seletos eventos: confortáveis poltronas, cardápio recheado e bebidas à vontade.

Convidados da principal patrocinadora do clube (não é possível comprar tal privilégio), aproximadamente 150 pessoas acompanharam o triunfo alvinegro em dois camarotes alugados pela empresa. Há som ambiente, mas não os conhecidos gritos da torcida. Gritos que nascem na arquibancada e sequer são ouvidos do setor vip.

Lá, o que se escuta são alguns comentários sobre futebol, claro, mas o tema fica perdido entre assuntos comerciais, negócios e fofocas típicas entre companheiros de trabalho. Tudo sobre um chão acarpetado e cercado de ventiladores. Um telão mostra a partida disputada no gramado que está a poucos metros. Ótimo para aqueles que não encontram um lugar entre as concorridas 130 poltronas.

Praticamente todos ficam ali, sentados, acompanhando o jogo. Na última quinta, o triunfo do Corinthians pela Copa do Brasil empolgou os torcedores em raros momentos. Os gols de Diogo Rincón e André Santos foram os únicos lances capazes de levantar os mais eufóricos. Defesas de Felipe e a expulsão de Paulo Isidoro também renderam comemorações, menores.

Mas lá, diferentemente do restante do estádio, a bola rolando não é o único atrativo. Para os mais assanhados, há a presença de belas recepcionistas e cerveja gelada, com álcool. Sim, embora seja proibida a comercialização de bebidas alcoólicas nas lanchonetes de estádios em São Paulo, para os camarotes há uma exceção.

Amendoim o torcedor não encontra, mas no espaço vip há "nut" (definição em inglês para nozes). Os saquinhos de "nuts" dividem espaço com petiscos como o mini tartelete de ricota com espinafre ou ainda uma trouxinha de berinjela, abobrinha e tomate seco. O famoso sanduíche de pernil, presente nos arredores de estádios, não tem lugar nessa mesa.

"A diferença aqui é a hospitalidade, o conforto e até o glamour. O público é diferente, vem para falar de negócios. E dá para se relacionar melhor com as pessoas", compara Robson Cristóvão, de 33 anos. Mas, para torcer, esse corintiano prefere a arquibancada mesmo. "Sempre vou aos jogos e de arquibancada, embaixo da bandeira. A emoção lá é diferente.

"Para todos aproveitarem a estrutura, porém, outros não conseguem ver a partida. Garçons, copeiras e responsáveis pela comida também correm, mas para servir os convidados. E alimentam a curiosidade pelo jogo com espiadas no telão.

"As pessoas ficam na frente, então não dá para ver nada do campo, mas consigo acompanhar alguma coisa pelo telão", explica Jéferson Navarro, 19 anos, e um dos quatro responsáveis por distribuir as bebidas. Ele, contudo, vê o suficiente para fazer sua análise. "O Corinthians ganhou e é o que importa, mas poderia ter feito mais gols."

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Benê Lima