"Falta em Portugal espírito crítico"
Lusa, PÚBLICO
O escritor José Saramago, Prémio Nobel da Literatura em 1998, considera que "falta em Portugal espírito crítico" e defende o valor das "ideias que vão contra a maré".
"Estamos um bocado aborregados", disse ainda, numa conferência de imprensa realizada na Galeria de Pintura D. João I do Palácio da Ajuda, onde será inaugurada a exposição "José Saramago – A Consistência dos Sonhos", com mais de 1200 documentos, concebida pela Fundação César Manrique em torno da sua vida e obra e que o escritor visitou hoje. No entanto a abertura ao público acontece apenas na quinta-feira, 1º de maio.
Perante dezenas de jornalistas, portugueses e estrangeiros, Saramago falou durante mais de meia hora sobre as suas impressões acerca da exposição, da sua recuperação física (depois dos problemas graves de saúde que atravessou no final do ano passado), e do seu novo livro, "A Viagem do Elefante", que deverá sair no Outono e no qual "não haverá história de amor", disse, pontuado por um: "Desculpem-me as senhoras".
"Os escritores não podem salvar nem o mundo nem o país em que vivem", opinou, ressalvando, no entanto, que "há muito trabalho a fazer, e não é para restituir Portugal a um papel que só episodicamente teve, mas para que seja um lugar em que se reconheça".
"Sou um sentimental"
Ladeado pelo ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, e pelo comissário da exposição, Fernando Gómez Aguilera, também director cultural da Fundação César Manrique, José Saramago, 85 anos, manifestou-se "muito feliz por estar em Portugal".
"Eu tenho uma reputação de ser uma pessoa seca, dura, antipática e de ser vaidoso. Mas eu sou um sentimental", observou, recordando as razões que o levaram a sair do país em 1993: "Fui tratado injustamente nesta nossa terra e sofria."
"Este país é o exemplo de algumas coisas negativas, mas é o meu país. Descobri, há pouco tempo, que a língua mais bonita do mundo é o português. Talvez por viver no estrangeiro, comecei a saborear as palavras e a reconhecer a sua beleza melódica", salientou o escritor.
Acordo Ortográfico pouco importante
Para José Saramago, "a língua é o ar que respiramos" e "há uma grande responsabilidade da comunicação social na defesa da língua portuguesa, a de Camões".
Sobre as polémicas que tem suscitado o Acordo Ortográfico, Saramago comentou que já foi contra e já foi a favor, mas que, fundamentalmente, esta nova reforma "é uma operação estética à língua", e vai continuar a escrever da mesma forma, "e os revisores que tratem disso".
"Haverá facções contra e favor, mas não é tanto importante como a língua se apresenta, mas o que diz, o que propõe", salientou, defendendo que "há que voltar a escrever bem, o que não é um defeito nem ser pretensioso", ironizou.
"Estar aqui é um milagre"
Sobre o seu actual estado de saúde, comentou estar "ainda um pouco instável": "Quando estava na clínica pesava 51 quilos, e já recuperei 12 ou 13. Eu parecia uma múmia andante. Não gostava de me ver assim. Estar aqui é um milagre", comentou sobre a sua recuperação.
O Nobel da Literatura fez vários elogios à Fundação César Manrique, "que é um exemplo de independência", e ao comissário da exposição, Fernando Gómez Aguilera, "que teve a ideia e a generosidade de criar a exposição".
Por seu turno, o comissário afirmou na conferência de imprensa que a exposição "José Saramago - A Consistência dos Sonhos" está "no seu lugar natural", em Lisboa, e "é um exemplo de traduzir modestamente a vida e obra de José Saramago, um dos grandes escritores do século XX".
Disse ainda que a mostra foi criada para vários tipos de públicos, "com uma perspectiva generalista e também para incluir as crianças, para que se possam relacionar com a obra de Saramago através dos dispositivos audiovisuais".
O ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, disse estar orgulhoso de trazer a Lisboa esta "exposição extraordinária". E disse: "Esta exposição é um romance, a descrição de uma vida singular, mas que ao mesmo tempo é absolutamente universal."
Lusa, PÚBLICO
O escritor José Saramago, Prémio Nobel da Literatura em 1998, considera que "falta em Portugal espírito crítico" e defende o valor das "ideias que vão contra a maré".
"Estamos um bocado aborregados", disse ainda, numa conferência de imprensa realizada na Galeria de Pintura D. João I do Palácio da Ajuda, onde será inaugurada a exposição "José Saramago – A Consistência dos Sonhos", com mais de 1200 documentos, concebida pela Fundação César Manrique em torno da sua vida e obra e que o escritor visitou hoje. No entanto a abertura ao público acontece apenas na quinta-feira, 1º de maio.
Perante dezenas de jornalistas, portugueses e estrangeiros, Saramago falou durante mais de meia hora sobre as suas impressões acerca da exposição, da sua recuperação física (depois dos problemas graves de saúde que atravessou no final do ano passado), e do seu novo livro, "A Viagem do Elefante", que deverá sair no Outono e no qual "não haverá história de amor", disse, pontuado por um: "Desculpem-me as senhoras".
"Os escritores não podem salvar nem o mundo nem o país em que vivem", opinou, ressalvando, no entanto, que "há muito trabalho a fazer, e não é para restituir Portugal a um papel que só episodicamente teve, mas para que seja um lugar em que se reconheça".
"Sou um sentimental"
Ladeado pelo ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, e pelo comissário da exposição, Fernando Gómez Aguilera, também director cultural da Fundação César Manrique, José Saramago, 85 anos, manifestou-se "muito feliz por estar em Portugal".
"Eu tenho uma reputação de ser uma pessoa seca, dura, antipática e de ser vaidoso. Mas eu sou um sentimental", observou, recordando as razões que o levaram a sair do país em 1993: "Fui tratado injustamente nesta nossa terra e sofria."
"Este país é o exemplo de algumas coisas negativas, mas é o meu país. Descobri, há pouco tempo, que a língua mais bonita do mundo é o português. Talvez por viver no estrangeiro, comecei a saborear as palavras e a reconhecer a sua beleza melódica", salientou o escritor.
Acordo Ortográfico pouco importante
Para José Saramago, "a língua é o ar que respiramos" e "há uma grande responsabilidade da comunicação social na defesa da língua portuguesa, a de Camões".
Sobre as polémicas que tem suscitado o Acordo Ortográfico, Saramago comentou que já foi contra e já foi a favor, mas que, fundamentalmente, esta nova reforma "é uma operação estética à língua", e vai continuar a escrever da mesma forma, "e os revisores que tratem disso".
"Haverá facções contra e favor, mas não é tanto importante como a língua se apresenta, mas o que diz, o que propõe", salientou, defendendo que "há que voltar a escrever bem, o que não é um defeito nem ser pretensioso", ironizou.
"Estar aqui é um milagre"
Sobre o seu actual estado de saúde, comentou estar "ainda um pouco instável": "Quando estava na clínica pesava 51 quilos, e já recuperei 12 ou 13. Eu parecia uma múmia andante. Não gostava de me ver assim. Estar aqui é um milagre", comentou sobre a sua recuperação.
O Nobel da Literatura fez vários elogios à Fundação César Manrique, "que é um exemplo de independência", e ao comissário da exposição, Fernando Gómez Aguilera, "que teve a ideia e a generosidade de criar a exposição".
Por seu turno, o comissário afirmou na conferência de imprensa que a exposição "José Saramago - A Consistência dos Sonhos" está "no seu lugar natural", em Lisboa, e "é um exemplo de traduzir modestamente a vida e obra de José Saramago, um dos grandes escritores do século XX".
Disse ainda que a mostra foi criada para vários tipos de públicos, "com uma perspectiva generalista e também para incluir as crianças, para que se possam relacionar com a obra de Saramago através dos dispositivos audiovisuais".
O ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, disse estar orgulhoso de trazer a Lisboa esta "exposição extraordinária". E disse: "Esta exposição é um romance, a descrição de uma vida singular, mas que ao mesmo tempo é absolutamente universal."
------ x -------
Texto e intertexto: Benê Lima
Reproduzimos o texto acima, retirado do Grupo "Observatório da Língua Portuguesa" do qual somos integrantes, por nele enxergarmos uma relação muito nítida com o futebol, particularmente com o futebol cearense.
.
A quase absoluta falta do verdadeiro espírito crítico, tem-nos levado às raias da irreflexão, criando dificuldades adicionais em torno da real compreensão dos fatos circundantes do futebol.
.
Desse modo, se favorece o espírito da intolerância e à orbe do sectarismo e do dogmatismo, agora popularizadas e também conhecidas como a 'trupe dos blindadores'.
.
O reconhecimento do aspecto deletério e pernicioso da ação advinda do servilismo, precisa ser propalado amplamente, pois além do esclarecimento que disso advirá, ainda lucraremos com a vergonha do puxa-saco.
.
Benê Lima
.
.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima