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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

domingo, fevereiro 17, 2013

Itaquerão vai inovar conceito de gramado para a Copa

Sistema inédito para o resfriamento da grama será implantado na arena do Corinthians, palco da abertura do Mundial de 2014

Almir Leite - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Um gramado com um sistema de resfriamento inédito no mundo. Assim será o do Itaquerão, palco de abertura da Copa de 2014, que começa a "nascer" na terça-feira, com o início da escavação do terreno. O sistema, com água e ar gelados, foi desenvolvido em função do tipo de grama escolhido para a arena: a Ryegrass, comum em estádios da Europa.

A Ryegrass é uma grama de inverno. Foi escolhida pelo Corinthians porque será essa a estação do ano no Brasil na época da Copa – a Fifa recomenda o tipo Bermuda, mais adaptável ao clima tropical. Mas a temperatura ideal para conservá-la é 23 graus C. Como em boa parte do ano as temperaturas em São Paulo são superiores, foi preciso criar um sistema para sua manutenção.

O sistema de refrigeração com ar e água gelados foi desenvolvido pela World Sports, contratada por meio de concorrência por Corinthians e pela Construtora Odebrecht para implantar o gramado – a empresa é responsável pelos gramados da Arena do Grêmio, do Pacaembu e da Vila Belmiro, entre outros. É inédito no mundo, de acordo com os empresários, e vai possibilitar maior oxigenação entre as raízes da grama, que receberá ventilação fria.
 
"A temperatura ideal para a Ryegrass é de 23 graus C. Passou disso, teremos de acionar o sistema de insuflamento de ar gelado para que a grama fique nos 23 graus", explicou Márcio Prado Wermelinger, engenheiro responsável pela produção da Odebrecht. Ao ser colocado em funcionamento, o sistema leva água e ar resfriados até as raízes da grama, por meio de canos de diferentes espessuras.

Abaixo dos 14 graus C, porém, a grama precisaria ser aquecida. "Mas em função do clima de São Paulo, não vamos ter sistema de aquecimento", diz Prado. O sistema de irrigação será automatizado e serão colocados 48 aspersores (a Fifa pede de 24 a 30), com acionamento individual. Assim, será possível irrigar partes diferentes do gramado, de acordo com as necessidades. Por exemplo: em certas épocas do ano, a irrigação em determinadas áreas do gramado não é necessária, por causa do sombreamento. Mas as áreas que continuam expostas ao sol precisam receber água.

"A concepção do projeto foi marcada pela premissa de fazer o melhor gramado do mundo", disse Claudio Godoy, coordenador de projetos da World Sports, que tem uma empresa irlandesa e outra belga como parceiros.

ETAPAS
O gramado do Itaquerão vai ser construído em três etapas. A primeira é a escavação do terreno, que será rebaixado em 70 centímetros. Essa fase levará de 20 a 30 dias. Em seguida, será feita a implantação dos sistemas, como o de drenagem a vácuo – na arena também haverá a opção de drenagem por gravidade –, irrigação, colocação de brita (15 milímetros de espessura) e areia, nivelamento e plantio do gramado (por semeadura), entre outros serviços. Essa fase levará cerca de 60 dias.

No início de junho, no máximo, o gramado estará pronto, mais ainda não para uso. Será preciso um período de maturação pós-plantio de cerca de 90 dias, onde haverá poda, irrigação, adubação, controle de pragas e doenças, entre outros trabalhos. Então, durante o mês de setembro, três meses antes da data marcada para a entrega do estádio, a bola poderá rolar no gramado do Itaquerão. Mas não vai. E nem mesmo materiais que continuarão a ser utilizados na construção do estádio, que ainda estará em obras, poderão ser transportados pelo campo. "O mau uso compromete o gramado, impede o seu desenvolvimento e conservação", diz Godoy.

Ele cita o caso da Arena do Grêmio, que teve o gramado utilizado antes do fim do período de maturação – não só para Jogo contra a Pobreza lá realizado, mas também por conta do show de inauguração em dezembro passado –, como exemplo de mau uso que danifica a grama.

Clube, construtora e empresa contratada não revelam o valor da implantação do gramado. Entretanto, com base em outros contratos de estádios brasileiros, é possível concluir que normalmente tal operação custa de 2% a 5% do valor total da obra.
Como o Itaquerão está orçado, pelo menos oficialmente, em R$ 820 milhões, o gramado deverá ficar no máximo em torno de R$ 41 milhões.

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Benê Lima