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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, março 22, 2013

"Ayrton quebrou aquela ideia do 'jeitinho' brasileiro para ganhar"

Viviane Senna, irmã do piloto, fala ao FOXsports.com.br sobre detalhes da carreira do tricampeão de F1. Senna faria 53 anos no dia 21 de março

Viviane Senna é empresária e presidente a Fundação e Instituição Ayrton Senna, que ajuda crianças com baixa renda no Brasil (Divulgação)
Viviane Senna é empresária e presidente a Fundação e Instituição Ayrton Senna, que ajuda crianças com baixa renda no Brasil (Divulgação)

A empresária Viviane Senna conversou com o FOX Sports.com.br sobre o legado do irmão Ayrton Senna. Nesta quinta-feira, 21 de março, Senna faria 53 anos. Ele morreu em um acidente no dia 1º de maio de 1994 em San Marino, Ímola, aos 34.

Viviane é presidente do Instituto Ayrton Senna. Ela procura diminuir as desigualdades sociais entre crianças e jovens brasileiros com baixa renda. Anualmente, o Instituto beneficia cerca de 2 milhões de crianças em 1.300 municípios e 25 estados.

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Na entrevista abaixo, ela fala sobre o legado menos evidente de Senna: para vencer, é preciso trabalhar forte, entender as dificuldades e aprender com elas.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

Quais as contribuições que foram deixadas por Senna ao esporte e à cultura do Brasil?

Viviane Senna - Ayrton perseguia a perfeição e se superava em cada novo desafio. Era um esportista competitivo, focado e concentrado na vitória. Ele queria sempre mostrar ao mundo de onde ele vinha e ressaltar o lado luminoso de seu país. Sua maior contribuição, tanto para o esporte como para a cultura brasileira, foram os valores que ele vivenciava dentro e fora das pistas: motivação, determinação, superação e orgulho de ser brasileiro. Esse legado, até hoje, serve de estímulo para muitas pessoas que se identificam com a postura vitoriosa de Ayrton.

O que, na sua visão, diferenciava Senna dos outros pilotos?

Viviane Senna - Ele era um piloto completo. Foi o primeiro a dedicar-se à preparação física para ganhar massa muscular e mais resistência às corridas. Também estudava os circuitos in loco. Ayrton andava a pé nas pistas e sabia todos os seus detalhes. Ele era parceiro dos engenheiros e técnicos da escuderia.  Entendia o carro e passava para os profissionais o que precisava ser feito. Como Ayrton mesmo dizia, o carro era a continuidade de seu corpo e os dois "pulsavam" juntos. Sua habilidade era incontestável. Ganhou corridas no braço (com duas marchas), sem freio, quase sem combustível. Era um "artista" das pistas. 

Qual a maior contribuição de Senna ao Brasil?

Viviane Senna - Creio que ele levou aos quatro cantos do planeta o lado luminoso do Brasil, em uma fase negra de nossa história, manchada pela desigualdade social e os restos de uma ditadura. Seu orgulho pela nação onde nasceu era evidente e transparente, especialmente quando ele levava consigo a bandeira verde e amarela e subia com ela ao pódio. Creio que com Ayrton o Brasil cresceu aos olhos do mundo.

"ELE LEVOU AOS QUATRO CANTOS DO PLANETA O LADO LUMINOSO DO BRASIL"

Desde sua morte, há quase 19 anos, o que mudou no esporte brasileiro, e como aquele evento pode ter influenciado isso?

Viviane Senna - Ayrton é um ídolo que, mesmo depois de 19 anos, permanece no imaginário das pessoas de uma forma muito presente. Sua força e seu carisma ainda mexem inclusive com indivíduos que nunca o viram correr. Exemplo disso é uma parte da nova geração da F1 que tem nele o seu grande ídolo e exemplo.

Creio que o Ayrton quebrou aquela ideia do "jeitinho" brasileiro para ganhar. Ele venceu porque trabalhou muito para isso e desenvolveu habilidades que antes não dominava. Um exemplo é a experiência que vivenciou com a chuva.

Inicialmente "inimiga", ela virou aliada e acabou dando a ele o título de Rei da Chuva. Creio que Ayrton reforça uma postura de trabalho, compromisso, dedicação e transparência que não só marcaram o esporte brasileiro, mas a vida de muitas pessoas. Além disso, na F1 ele era um defensor da segurança e de um maior respeito para com a vida e bem-estar dos pilotos. Depois dele e do acidente, essa bandeira que ele tanto defendia virou a bandeira de outros pilotos e dos dirigentes da F1.

"AYRTON REFORÇA UMA POSTURA DE TRABALHO, COMPROMISSO, DEDICAÇÃO E TRANSPARÊNCIA"

Depois da morte de Senna, várias medidas de segurança foram tomadas para deixar o esporte mais seguro. Ele foi o último piloto a perder a vida dentro da pista na categoria. Também foi o último a vencer um título pelo país, no longínquo ano de 1991, quando ainda corria pela McLaren. Nascido no dia 21 de março de 1960, ele estaria completando, ontem, 53 anos de idade.

Como funciona o Instituto Ayrton Senna e quais os programas e atividades que está desenvolvendo? Quais serão as futuras ações do Instituto?

Viviane Senna – O objetivo do Instituto Ayrton Senna é contribuir com a melhoria da qualidade da educação no Brasil, em larga escala. Desenvolvemos soluções educacionais que são aplicadas em todo o País. Oferecemos gratuitamente aos governos estaduais e às prefeituras diversos serviços de gestão do processo educacional. Isso inclui diagnóstico, planejamento, formação de gestores, capacitação continuada de professores, capacitação de diretores e educadores e programas educacionais voltados a superar os obstáculos que impedem que milhões de alunos tenham sucesso na escola. Estamos conseguindo, junto com as redes parceiras, reduzir o analfabetismo, a defasagem entre a idade e a série cursada pelo aluno e a evasão escolar. Com isso, conseguimos beneficiar anualmente 2 milhões de alunos da rede pública de ensino no Brasil.

Pensando no futuro, nós estamos sempre aperfeiçoando nossas metodologias e soluções educacionais, com base na experiência concreta do dia a dia, e também pesquisamos novas áreas de atuação estratégica na educação. Trabalhamos para identificar os principais desafios das escolas no século 21 e, com muita pesquisa, formular propostas concretas. Estamos abrindo caminho para trabalhar nas escolas públicas o desenvolvimento de competências múltiplas, e não apenas as cognitivas ligadas às disciplinas tradicionais. O cidadão do século 21 precisa ter múltiplas competências.

(Texto de Roberto Fideli)

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Benê Lima