Calendário nacional: defender o indefensável é algo que parece fazer parte, cada vez mais, do dia a dia dos dirigentes esportivosLuis Filipe Chateaubriand* / Universidade do FutebolComo se sabe, o futebol brasileiro tem um calendário que constitui um acinte à inteligência do torcedor. Buscar melhorias é preciso.
Infelizmente, as soluções propostas pelos “donos do poder” não contribuem para aperfeiçoamentos, mas para se vislumbrar um quadro cada vez pior.
Primeiro, o calendário de 2013 aumentou o número limite de jogos para um clube que dispute todas as competições possíveis em uma temporada anual, de 83 para 91 – algo tão grotesco como, infelizmente, verdadeiro.
Agora, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) propõe o alargamento do Campeonato Estadual do Rio, com a realização de um terceiro turno.
É lamentável como a “cartolagem” se supera, cada vez mais, para fazer tudo errado! A vocação para o erro parece ser algo que une todas as gerações de dirigentes do futebol brasileiro.
Um calendário decente para nosso futebol deveria atender a três premissas básicas, a saber:
- Adequação ao calendário europeu, para permitir coincidência das janelas de transferências, das competições de seleções e dos períodos de pré temporada;
- Jogos do Campeonato Brasileiro apenas aos fins de semanas;
- Jogos de seleções apenas quando não há jogos oficiais de clubes.
Ora, um dos maiores obstáculos para que as três premissas sejam cumpridas simultaneamente é, exatamente, a extensão dos estaduais, com suas 23 longuíssimas datas (tomando-se o Campeonato Paulista como base). E se quer alongar ainda mais... um despropósito!
Quando se fala em ajustes do calendário e sua relação com os estaduais, duas correntes são respeitáveis, em relação à busca da solução ideal:
- Fazer com que os grandes clubes não disputem estaduais, sendo estes reservados apenas aos clubes de menor expressão. É o argumento de uma série de jornalistas esportivos, capitaneados por Juca Kfouri e Paulo Calçade.
- Manter a disputa dos estaduais com os grandes clubes participando, mas em um menor número de datas. É a posição advogada por outra série de jornalistas esportivos, com José Trajano e Paulo Vinícius Coelho, o PVC, à frente.
A FERJ, no entanto, “descobriu” o pior dos mundos: os grandes clubes participando dos estaduais, com o alargamento do número de datas. Francamente!
Defender o indefensável é algo que parece fazer parte, cada vez mais, do dia a dia dos dirigentes esportivos.
Aliás, é curioso constatar: cita-se José Trajano e Paulo Vinícius Coelho, grandes expoentes do jornalismo esportivo, para mostrar uma corrente do pensamento; cita-se Juca Kfouri e Paulo Calçade, outros grandes destaques da imprensa esportiva, para denotar a outra corrente. E os dirigentes de clubes, o que pensam? Pelo visto, não pensam, apenas vão “empurrando com a barriga”. Quem perde é o futebol brasileiro – como sempre.
*Luis Filipe Chateaubriand é Mestre em Administração Pública pela EBAPE / FGV, Analista de Logística e Suprimento da DATAPREV e Autor do Livro “Futebol Brasileiro: Um Novo Projeto de Calendário”.
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Benê Lima