Erich Beting
Mais uma vez a Fifa empurrou com a barriga o que poderia ser uma decisão revolucionária para o futebol. Ou, como sempre gosta de frisar a entidade máxima do futebol, o International Board, órgão que discute as regras do esporte mais popular do mundo, decidiu que vai esperar mais alguns meses para dizer se aceita ou não algumas mudanças nas regras do futebol.
International Board que, pelo visto, é o único órgão que não está sob guarida da Fifa. Porque é ele sempre o único que vai contra o que, aparentemente, é o desejo da entidade que controla o futebol.
Foi o caso da última reunião para decidir, entre outras coisas, a implementação de inteligência artificial (bola com chip e recurso de videotape) para auxiliar no trabalho do trio de arbitragem. Trio, que poderia virar quinteto pela nova sugestão, mas cuja decisão foi também solenemente empurrada com a barriga para maio próximo, quando obviamente se decidirá que não dá para mexer nas regras porque está muito em cima da Copa do Mundo, e isso prejudicaria as seleções participantes.
O fato é que tanta insistência do futebol em manter tudo como está só pode significar um orgulho retrógrado de quem comanda o esporte. Ou uma soberba absurda, de saber que o futebol, por ser o esporte mais popular do mundo, não precisa se adaptar ao novo mundo.
Com certeza é muito difícil que o futebol perca o status que tem hoje. Suas regras, a maneira imprevisível como o jogo se desenvolve, a tradição pela torcida. Tudo isso conspira, e muito, para que não haja uma queda de popularidade no futebol. Algo que às vezes acontece em outras modalidades. E que exige uma readaptação das mesmas.
O vôlei, o futsal, o basquete, o tradicionalíssimo tênis. O próprio futebol americano, tão popular nos EUA quanto o futebol jogado com os pés é no resto do mundo, de vez em quando muda uma ou outra coisa em sua regra para se adaptar aos novos tempos, para usar a nova tecnologia em favor do esporte, para melhorar.
Mas o futebol insiste em ser careta. Insiste em querer que inovação só exista no material esportivo usado pelos atletas, para a confecção da bola do jogo, no modo de preparar as máquinas que entram em campo para jogar.
Não, sem dúvida o futebol não corre o risco de desaparecer se não se modernizar. A Fifa sabe muito bem disso. E usa o International Board para levar a “culpa” de ser tão careta. Ou de ser tão orgulhosa, conhecedora de sua soberania no reino esportivo.
Mas que seria sensacional que o futebol se adequasse ao novo mundo para melhorar suas regras, deixar ainda mais limpo e bonito o espetáculo e tratasse de fazer com que o erro ficasse muito mais próximo do zero, isso não há dúvidas.
Só que, para isso, seria preciso modernizar a cabeça da Fifa, levar seus dirigentes muito mais para o lado do marketing do que para a negociata. Aí o processo de modernização seria pesado demais...
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Benê Lima