Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

terça-feira, julho 26, 2011

O Team Coaching, o futebol e as vitórias

O treinador e o auxílio de uma grande ferramenta para aperfeiçoar desempenho do time em todos os quesitos

Eduardo Barros

Em diversas ocasiões, os treinadores têm um tempo relativamente curto para reverterem uma situação desfavorável. A preleção para uma equipe que se encontra na zona de rebaixamento da competição, a conversa no intervalo do jogo em que os jogadores parecem ter esquecido tudo o que foi treinado na semana e, inclusive, uma breve conversa antes das cobranças de penalidades máximas numa partida em que “só” faltou o gol.

 

 

Neste pouco tempo, tudo que for pronunciado tem que ser internalizado para que o “jogo jogado” na cabeça do treinador seja o mesmo na cabeça de cada um dos seus jogadores. Muitas vezes, nestas partidas, mais do que usar os minutos que se tem para discutir a tática-estratégia da equipe, usa-se o tempo para questões aparentemente “sine qua non”. Cobranças de atitude, comprometimento, concentração, tranquilidade, foco, coragem, responsabilidade e superação são feitas com o objetivo de melhorar a performance do time.

Enquanto passes errados se quantificam, não se sabe o quanto os jogadores estão comprometidos com suas obrigações profissionais. Enquanto as finalizações erradas aparecerão no canal esportivo no intervalo do jogo, mensurar a tranquilidade da equipe é algo impossível. Conhecer o tempo de posse de bola é seguramente mais fácil do que o percentual de superação da equipe.

Atualmente, métodos inovadores de ensino de futebol têm sido discutidos e aplicados com sucesso, porém, no multifatorial desempenho esportivo, sabe-se que eles não lhe garantirão a vitória. No leque de variáveis, treinar jogando é apenas uma delas. Outra variável, há tempos presente no mundo corporativo (muitas vezes tão distante do mundo do futebol), é a aplicação do Team Coaching.

Resumidamente, o Team Coaching é uma ferramenta de desenvolvimento efetivo de times na busca de um objetivo comum. No mundo empresarial, é missão de diretores, gerentes, coordenadores e supervisores aplicá-lo, para que, ao atuarem como coaches, gerenciem e desenvolvam suas equipes para entregarem resultados.

Já no ambiente esportivo (muitas vezes distante do mundo empresarial?!?!), o coach pode ser o próprio treinador.

A certificação em coaching e as competências para a aplicação do Team Coaching são oferecidas em institutos especializados no Brasil e no mundo. Neles, a observação do estado inicial da equipe e os estágios de formação de times são algumas das ferramentas aprendidas que, posteriormente, serão utilizadas na prática.

A primeira, realizada aconselhadamente com princípios de honestidade, chama-se roda de competências e permite a compreensão do perfil do grupo. Nesta roda, feita individualmente, cada pessoa preenche (sim, com papel e caneta) seu índice (de 0 a 10) em todas as competências analisadas, que são fundamentais para o bom desempenho do time.

Já na formação do time, são aprendidas quais as questões que devem ser trabalhadas em um determinado estágio (formação, conflito, normalização, desempenho, suspensão/término). Por exemplo, no estágio conflito, é momento de encorajar a interdependência entre elementos do time e permitir desacordos produtivos. Já no estágio desempenho, será necessário desafiar o pensamento do time e também propor metas mais desafiadoras.

A execução de todos estes estágios pode durar semanas, dias, horas ou, até mesmo, poucos minutos. Depende, é claro, do coach.

Mas para que melhorar a performance do time? Porque time ideal não existe! Cada um tem seus pontos fortes, que precisam ser extremamente explorados, e pontos fracos, que precisam ser emergencialmente minimizados. E também, porque no multifatorial desempenho esportivo, tudo que puder ser feito para aperfeiçoamento da sua equipe pode lhe proporcionar a esperada vantagem competitiva.

Vocês devem estar se perguntando se eu tenho formação em coaching! A resposta: Não, mas está no meu planejamento de carreira.

No entanto, tive uma grande oportunidade no final do ano de 2010 com o Executive Coach (do mundo corporativo) Rogério M. Z. de Caro. Ser capacitado por ele foi um privilégio e um imenso aprendizado.
Se já tenho um caso de sucesso?

Ainda como técnico do Sub-12, foi definido com o time os cinco grandes pontos fracos:

• Três atletas inteligentes para o jogo e habilidosos que discutiam entre si e apontavam erros uns dos outros ao invés de coletivamente tentarem recuperar a bola;

• Um atleta importantíssimo que se tornava violento e nervoso quando estava perdendo;

• Dois líderes com dificuldade de comunicação;

• Fazer com que os suplentes, ainda crianças, não ficassem tristes por jogarem menos;

• Dois atletas que tinham medo de errar, logo, eram muito inseguros.

Ferramentas em mãos, várias conversas com meu coach e transferência prática em minha equipe com o auxílio do treinador adjunto.

Em jogos com grandes clubes do futebol paulista, a equipe fez belíssimas apresentações (com exceção do jogo em que o atleta nervoso ofendeu o árbitro) e perdeu na semifinal da competição para o Palmeiras por 1 a 0 com um gol de bola parada, no ângulo.

Continuei sem saber qual a porcentagem de comprometimento dos meus jogadores, o quanto eles se superaram ao enfrentar o campeão paulista do ano anterior (Ponte Preta), ou então, em que nível estavam tranquilos para resolverem os problemas do jogo. Porém, descobri que o Team Coaching faz gols!

Para quem tem me acompanhado com frequência: o espetáculo foi cobrado.

Até a próxima semana e obrigado pelos contatos feitos por e-mail.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br  

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Benê Lima