Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

domingo, julho 17, 2011

O que é ser específico no futebol?

Por trás da "desordem", jogo apresenta uma lógica, cujos momentos ofensivos, defensivos e transições estão presentes; treinador deve ter em mente como sua equipe deve se comportar em cada um deles

Juliano Fernandes da Silva e Leandro Teixeira Floriano*

No treinamento desportivo, o princípio da especificidade é fundamental para o delineamento e controle dos modelos de treino. No futebol não é diferente, sendo também reconhecido como importantíssimo para esta modalidade. Porém, surgem algumas perguntas: o que é trabalhar de forma específica no futebol? O que é uma avaliação física específica no futebol? O que é um treinamento físico específico? O que é um treinamento tático específico?

Essas perguntas podem ter diversas respostas, dependendo do nível de informação, conhecimento e trabalho prático no futebol. Contudo, como não seria possível descrevê-las neste artigo, faremos algumas reflexões e procuraremos apontar aquelas que acreditamos serem atualmente as mais pertinentes.

Primeiramente, é necessário reconhecer a evolução do conhecimento em relação aos aspectos fisiológicos e psicológicos do ser humano. Isso é fundamental para que possamos compreender a evolução dos modelos de treinamento e para que estejamos abertos a constantes adaptações no nosso modelo de trabalho.

Sobre a primeira pergunta, “O que é trabalhar de forma específica no futebol?”. Entre as respostas mais citadas por pessoas que trabalham no futebol, estão: “São os treinamentos com bola, treinamentos coletivos, treinamento de fundamentos”, contudo, surgem mais algumas perguntas. “Por que treinar com bola é especifico para o futebol?”; “Estes treinos são específicos?”; “Será que o simples fato de ter a bola em uma atividade garante a especificidade em um treinamento no futebol?”. A nossa resposta é não.

Entendemos que um treinamento com bola no futebol somente é específico se estiver relacionado com o objetivo global, com o modelo de jogo desejado pelo treinador, ou seja, que a atividade realizada com bola contenha aspectos inerentes à forma que o treinador espere que a sua equipe jogue, seja na defesa, no ataque, ou nas transições (defesa/ataque e ataque/defesa).

Vamos ao exemplo: em um treinamento supostamente específico, um treinador submete seus atletas a incessantes cruzamentos e finalizações frente ao goleiro sem oposição ou com, no máximo, um ou dois defensores. Pensemos na atividade: um atleta passa a bola para outro, faz uma ultrapassagem, e simultaneamente dois colegas posicionados na intermediária saem em direção à baliza, mas quando chegam à frente da área cruzam (para confundir a marcação?). Então recebem um cruzamento e finalizam a gol, e depois, claro, voltam trotando. Quem atua no futebol e nunca presenciou uma atividade como esta?

Certamente os adeptos do treinamento específico com bola diriam que esta é uma atividade 100% específica, mas nesse momento fazemos mais indagações: em qual momento do jogo acontece essa situação tão “simples”, sem oposição? Qual estímulo de tomada de decisão os atletas têm neste tipo de atividade? Onde a criatividade está inserida nesta atividade e como está sendo estimulada?

Vamos à abordagem global do “problema”: será que no Modelo de Jogo do treinador as principais manobras ofensivas serão com jogadas de linha de fundo? Quais manobras são criadas previamente para que essa situação aconteça efetivamente na transição defesa /ataque? Na situação de ataque posicionado? Os jogadores estão conscientes disso?

Muitas vezes os atletas sequer são orientados do motivo da ultrapassagem na atividade analítica. Esta e outras questões nos fazem refletir sobre o treino específico com bola. Assim, mais específico que realizar 50 cruzamentos nos treinamentos, e isso se repetir no máximo duas vezes durante a partida, obviamente em situação completamente diferente do que foi treinado, seria posicioná-los em campo, mesmo que sem bola (a qual não vemos sentido) e determinar movimentações, ou manobras, que aumentariam as possibilidades de cruzamento, se isto for importante para o treinador.

Mais importante que treinar o cruzamento como ação final é treinar o meio de se chegar à linha de fundo. Do modo que a atividade foi conduzida, a impressão que passa é que a bola aparece no pé do jogador como que por passe de mágica. Assim, se não conseguirmos fazer a bola chegar ao fundo, de que adianta aquela quantidade de cruzamentos?

Outro problema que estamos enfrentando atualmente com relação à especificidade no futebol são os jogos reduzidos. Virou banal pensar que colocar 4 x 4 em um quadrado e mandar manter a posse de bola é ser especifico. No nosso entender essa posse de bola é tão irracional quanto treinar cruzamentos sem treinar formas de a bola chegar à linha de fundo. Manter a posse de bola de forma aleatória não tem nada de especifico.

Alguns podem argumentar que essa atividade serve para os jogadores “treinarem o pensamento acelerado”. Então, novas perguntas aparecem: pensar mais rápido para alcançar o quê? Aonde se quer chegar com este “pensamento rápido”? Que sentido tem manter a posse de bola sem objetivo de alcançar uma meta especifica?

A atividade só passa ser específica se algum elemento do Modelo de Jogo estiver presente, por exemplo, usando o mesmo espaço e atletas, determinar pontos de pressão dentro do quadrado, estipular apoios, passes de segurança, dobras de marcação, etc. Neste enquadramento, a atividade passa a ter sentido de futebol enquanto atividade global, agora se o treinador tem como modelo manter posse de bola aleatoriamente, então para ele a atividade é perfeita.

O mesmo serve para o “dois toques”. Por que essa atividade é específica? Será que em todos os momentos do jogo é necessário acelerar os passes? Todos os atletas têm que jogar em dois toques? Estas são reflexões que precisamos fazer diariamente para a construção de treinamentos táticos específicos para o futebol.


 

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Sobre a segunda pergunta, “O que é uma avaliação física específica no futebol?”, podemos analisar alguns exemplos. Se observarmos alguém aplicar um teste de 12min contínuo em pista para avaliar a aptidão aeróbia ou um teste de wingate em cicloergômetro para avaliar a capacidade anaeróbia, com certeza afirmaremos que estes testes não são específicos. Contudo, é preciso observar que em determinados períodos as metodologias de avaliação física de jogadores de futebol eram quase inexistentes.

Desta forma, em uma área que não existia nada é perfeitamente compreensível que antigamente muitos profissionais utilizaram estes testes para avaliar a performance física de atletas de futebol supondo que aqueles resultados responderiam ao desempenho em campo. Porém, como citamos anteriormente, a evolução em relação ao conhecimento sobre o corpo humano e metodologias de treinamento nos permite afirmar que a utilização de tais testes nos tempos atuais é negligência de uma série de informações que estão disponíveis na literatura científica.

Sobre a capacidade anaeróbia, surgiram os testes da capacidade de sprints repetidos (Repeated sprint ability- RSA). Entre eles, destaca-se o Rast test como sendo uma metodologia citada como específica, pelo fato de ser realizado no local de treinamento e competição, e por usar o movimento da corrida ao invés da pedalada como no wingate. Porém, mais uma vez indagamos, o RAST é específico? Será que um teste que um atleta realiza seis sprints máximos de 35m com intervalo de 10s é específico para o futebol? Em que momento do jogo o atleta realiza uma série de ações próximas a isso? E ainda é preciso frisar que há goleiros que são avaliados dessa forma.

A literatura tem demonstrado que a maioria dos sprints de atletas de futebol durante os jogos são em sua maioria com distâncias de no máximo 20m. Isto ocorre pelo fato de o futebol ser um esporte acíclico e assim o atleta é submetido frequentemente a mudanças de direção, ou seja, frenagem com aceleração. Nos sprints com distâncias superiores a 20m, os laterais tendem a realizar um maior número de repetições que as outras posições. Assim, parece ser no mínimo contraditório reconhecer que o RAST test atualmente é uma metodologia específica para avaliar a capacidade de sprints repetidos de atletas de todas as posições futebol.

Falamos atualmente porque em décadas passadas, quando apenas se vislumbrava um cicloergômetro ou um teste de corrida contínua de 40s para avaliar a aptidão anaeróbia de futebolistas, com certeza podíamos acreditar naquele momento que testes como RAST eram o modelo mais específico. Contudo, atualmente é possível observar que já existem outros testes de RSA com características que estão mais relacionadas com a exigência que o atleta é submetido na partida. Ou seja, acreditamos que um teste que visa avaliar a aptidão anaeróbia de um futebolista (exceto os laterais ou alas) não deve contemplar distâncias maiores de 20m em linha reta e deve apresentar o componente de frenagem e aceleração.

O teste proposto por Rampinini et al. (2007) que se dá com a realização de seis sprints de 40m (20 ida + 20 volta) e o qual foi validado de forma direta com a distância percorrida em alta intensidade na partida por jogadores profissionais, parece ser atualmente uma das alternativas mais interessantes para avaliar a capacidade de realizar sprints repetidos por jogadores de futebol.

Sobre a avaliação aeróbia, apesar de reconhecermos a importância histórica dos testes contínuos no processo de desenvolvimento de metodologias de avaliação de futebolistas, atualmente é possível afirmar que a utilização de tais testes também é simplesmente negar tudo aquilo que está descrito na literatura científica quanto à avaliação aeróbia no futebol.

Atualmente podemos citar dois exemplos que podem ser indicados para este fim: o teste Yo-Yo recovery nível 1 e o teste T-CAR. Estes testes têm mostrado bons indicadores de validade e possuem aspectos semelhantes às exigências a que os jogadores são submetidos, como frenagens, acelerações e pausas entre os estímulos. Porém, é preciso reconhecer que a razão esforço/pausa nestes modelos é predeterminada, enquanto nas partidas isso é aleatório.

Assim, apesar de estes testes serem importantes elementos para avaliação da aptidão do atleta de futebol realizar atividade de predomínio aeróbio de forma intermitente, eles nunca repetirão de forma igual aquilo que é exigido em uma partida. Afinal, o futebol é aleatório por natureza. Contudo, os profissionais que trabalham com futebol têm que compreender os resultados obtidos em um teste (aeróbio, anaeróbio, velocidade, força) como mais um elemento para monitoramento e montagem dos estímulos de treino. Não é mais concebível que preparadores físicos fiquem preocupados apenas em classificar seus atletas e ficar comparando os resultados destes com os de outros indivíduos que treinam e são avaliados em outra realidade. O desempenho em testes físicos não pode ser a única resposta para o desempenho de seus atletas, mas um elemento que pode auxiliar na montagem de modelos de controle de cargas de treinamento como o training impulse (TRIMP), por exemplo.

Sobre a pergunta “O que é um treinamento físico específico?”, a resposta está relacionada ao que foi discutido anteriormente nas duas respostas. O treinamento físico especifico atualmente se divide em dois momentos, o primeiro é que o treinamento físico não está mais desvinculado do contexto do jogo, ou seja, o “físico” está auxiliando no cumprimento de uma tarefa técnica, que por sua vez está resolvendo um “problema” tático, que por sua vez necessita de um físico para se expressar enquanto ação; assim é inconcebível pensar no físico desvinculado da intenção tática. Neste sentido, todo treinamento tático precisaria ser monitorado para se saber a carga imposta nestes trabalhos, utilizando os testes citados anteriormente como um elemento auxiliar neste processo.

No segundo momento, o treinamento dito “físico” pode ser pensado enquanto meio auxiliar de preservação do “agente” responsável por executar uma ação que já se estabeleceu previamente no sistema cognitivo, ou seja, as ações do corpo físico do atleta estão dando interpretação ao que já ocorreu previamente dentro da cabeça do atleta, assim como executar perfeitamente um ato, se quando você necessita colocá-lo em prática seu meio de exteriorização não corresponde como necessário? Por isso não vemos sentido em aplicações de treinamentos que visam aperfeiçoar o biológico apenas, sem levar em consideração a ação prévia? Não seria a “preparação física” uma responsável por manter “saudável” a máquina que exterioriza a intenção do atleta? Será que não poderíamos ter um profissional com mais preocupações voltadas para controle das demandas impostas pelo jogo e prevenção de lesões do que meramente otimizar o biológico?

Por outro lado, se o profissional acredita que o físico precisa ser trabalhado separadamente, pelo menos que faça com ações físicas semelhantes às que ocorrem com mais frequência nos jogos, como sprints curtos, corrida com frequentes frenagens, acelerações e mudanças de direção, ou seja, treinar para resistir às exigências físicas do jogo, pois não adianta correr muito, caso não se corra para o lugar certo, na hora certa e muito menos se não se tome decisões corretas.

Sobre a quarta pergunta, “O que é um treinamento tático específico?”, esta talvez seja uma das questões mais em voga atualmente. Para respondê-la, retomamos ao que foi apresentado no início do texto. Qualquer tipo de treinamento seja ele técnico, tático, físico, psicológico (se é que eles podem ser treinados parcialmente) está subordinado ao modelo de futebol que cada indivíduo carrega consigo. Assim, o treinamento tático nada mais é que a expressão da ideia de jogo que o treinador acredita ser a mais efetiva, ou seja, que apresenta uma tendência maior de vencer que perder.




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É importante salientar que esta ideia de jogo, a qual cada um carrega consigo, é resultado de uma série de fatores, principalmente relacionados ao tempo de vivência no futebol (não seria este o motivo de tantos “treinadores ex-atletas?”), afinal de contas, quem convive mais com o futebol que um atleta profissional?

Neste contexto, pensamos em dois tipos de treinamentos, um tático especifico, da forma tradicional, e um tático específico da forma atual. No tradicional, o treinamento tático mais conhecido é o tão famoso coletivo, em que a partir da divisão de dois grupos de 11 x 11 supõe-se que os atletas estão recebendo os mesmos estímulos-problemas os quais o jogo/competição irá impor. Será mesmo?

O grande problema do coletivo é que ele desconsidera uma parte importante do jogo, a estratégia. Não é possível testar a estratégia contra um grupo (reservas) que a conhecem. A estratégia, como o nome diz, refere-se ao inesperado, armadilha que será armada para o adversário na hora do jogo, afinal de contas, não é jogo uma disputa de estratégia? Não é objetivo das equipes apresentarem o que o adversário não conhece, ou espera? Assim, como colocar isso em prática em um jogo que todos têm exatamente a mesma estratégia?

O coletivo mascara o inesperado, porque desconsidera que do outro lado terá respostas diferentes ao que se está “tramando”. O coletivo encobre os verdadeiros defeitos da equipe, a não ser que o treinador passe duas estratégias, uma para o reserva e outra para o titulares. Mas na hora do jogo, qual utilizar?

Por outro lado, o que seria um treinamento tático específico “atual”? No nosso entender, o treinamento tático atual refere-se à criação de comportamentos frente a situações do jogo, ou seja, determinar ações que serão desencadeadas em resposta a determinados estímulos do jogo, por exemplo, após a perda de bola no setor ofensivo, qual comportamento, enquanto equipe, devemos adquirir? Pressionar rápido? Posicionar? Ambas? E quando recuperamos a posse de bola, que comportamentos gostaríamos que nossos jogadores (os que roubam, os que estão próximos e os que estão distantes da bola) adotem?

Estes são os problemas que os treinamentos táticos devem solucionar: fazer a equipe jogar como um organismo (jogar como se respira!), em que todas as partes são tão importantes quanta cada parte.

É importante salientar que tais comportamentos não se adquirem com conversas de vestiários e meio-campo, mas sim com estímulos que levem o atleta a agir naturalmente frente às imposições do jogo, sem que o treinador tenha necessidade de ficar à beira do campo gritando e lembrando os atletas o que tem que ser feito. Atualmente a impressão que alguns treinadores passam é que eles querem que os jogadores aprendam comportamentos somente por meio de palavras e preleções.

Comportamento só se adquire associado à ação e repetição (não de modo analítico). Quem sabe assim não veremos em breve treinadores que levantem do banco para reorganizar pequenas coisas, e não mais treinadores 90 minutos gritando querendo que sua equipe execute coisas que não foram treinadas.

Mas, então, haveria um treinamento especifico para o futebol? Nossa resposta é sim. Não se pode negar que por trás de uma aparente desordem, o futebol apresenta uma lógica, momentos que independentes do jogo estão presentes, desde um jogo na rua, até na final do campeonato mundial, ou seja, momentos ofensivos, defensivos, e transições. Assim, partindo desse princípio, o treinador deve ter em mente como sua equipe deve se comportar nesses momentos, deve estipular “guias” que facilitem a tomada de decisão dos atletas. É importante ter um padrão, o qual os atletas vão se basear no momento de tomar a “melhor decisão”.

Tudo o que foi discutido neste artigo está relacionado ao que compreendemos sobre futebol, contudo, é preciso reconhecer que tudo evolui e tudo se modifica muito rápido. Desta forma, esperamos em outro momento escrever que nossas ideias mudaram e que tenhamos a possibilidade de evoluir. O que esperamos que diminuísse no futebol é o espaço daqueles profissionais que apenas repetem, porque o que foi realizado há 10 anos deu certo, então é só repetir.

O que podemos dizer a estes profissionais é que quando foi criada a televisão em preto e branco ela também deu certo e foi “campeã”, contudo, nem por isso os modelos pararam de evoluir até chegar aos de alta definição. Assim, é necessário que a cada dia se questione o nosso entendimento sobre futebol, para evoluirmos e crescermos, e não apenas repetirmos.

*Juliano Fernandes da Silva é professor da disciplina de metodologia do futebol na Universidade do Estado de Santa Catarina (CEFID-UDESC). É doutorando em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina na área de Cineantropometria e desempenho humano. É membro do grupo de pesquisa do Laboratório de Esforço Físico (LAEF/CDS/UFSC) estudando variáveis da fisiologia do exercício relacionadas à avaliação (aeróbia e anaeróbia) e treinamento de atletas de futebol e futsal.

*Leandro Teixeira Floriano é treinador da categoria sub-13 do Sport Club Corinthians Paulista. É mestrando do Programa de Pós Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina na área de Cineantropometria e Desempenho Humano. Pesquisador do Laboratório de Esforço Físico/CDS/UFSC.

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Benê Lima